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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Capítulo 4: CDs

Notas do Autor:
Ainda lembram dessa fic aqui? >)
Demorei, mas não abandonei. Ficou curtinho, mas é melhor que nada. As palavras estão faltando hoje.
Espero que gostem!

 

Andavam lado a lado despreocupadamente, dividindo um cigarro entre si, agora quase no fim, enquanto percorriam as ruas movimentadas de Tóquio.

O horário do rush era o pior momento para se sair nas ruas da capital, principalmente se você tinha algo importante a fazer. Afinal, era nesse instante que todas as pessoas saíam às ruas, fosse para pagar suas contas ou fazer algumas compras. E não era diferente durante o final da tarde, quando todos queriam terminar suas compras, pegar as crianças na escola e sair de seus empregos para poderem retornar para o conforto de suas casas.

Contudo, se você quer passar despercebido, esse é um dos melhores momentos. Misturar-se a massa transitando em todos os sentidos, entrando e saindo das lojas, levando várias sacolas e esbarrando em outros transeuntes. Seria praticamente impossível localizar alguém no meio de tantas outras.

Foi essa idéia que levou aquela dupla a fazer um pequeno passeio durante o final da tarde. Sem o sol quente sob suas cabeças, todos apressados e concentrados em seus caminhos. Ninguém os notaria.

_ Aqui. – o rapaz menor e de longos cabelos negros apontou uma loja com a cabeça, parando na entrada e olhando pela vitrine.

Além da vendedora, uma garota que não parecia ter mais do que seus vinte e poucos anos, havia um casal olhando alguns cd's numa sessão ao fundo da loja.

_ Sabe o que fazer Teruo? – olhou para o moreno ao seu lado, tendo que erguer o rosto devido à diferença de altura.

_ Claro. – revirou os olhos, jogando o cigarro fora – Tem certeza que tem aqui?

_ Tenho, eu liguei mais cedo perguntando. – sorriu de canto, abrindo a porta e entrando na loja, sendo seguido pelo mais velho.

_ Espero que tenha sido de telefone público. E não esqueça, eu quero o...

_ Eu sei! – cortou-o rispidamente, mas em tom baixo – Faça a sua parte que eu cuido da minha!

_ Você acha que manda, não é chibi? – riu baixo, bagunçando seus cabelos, fazendo cafuné.

_ Eu mando! – afastou sua mão com um tapa, sentindo o rosto esquentar – E não faça isso novamente.

_ Claro que manda... – sorriu malicioso, sabendo o quanto irritaria o mais novo – E você sabe por que eu obedeço, não é?

_ Não vamos discutir isso aqui. – murmurou fechando a expressão, seguindo para a sessão onde sabia que encontraria os cd's que queriam.

Teruo caminhou felinamente até o caixa, lançando um sorriso sedutor na direção da vendedora, debruçando-se sobre o balcão e captando facilmente sua atenção. Tinha noção de sua aparência e do que poderia fazer contra jovens carentes e desavisados. Fossem esses homens ou mulheres.

Começou uma conversa amena, perguntando se alguns cds que queria estavam disponíveis na loja, depois começou a falar de coisas mais pessoais e do dia-a-dia, conseguindo descobrir facilmente seu nome e telefone.

Na altura em que os outros clientes saíram, o moreno notou que ela já não prestava mais atenção ao seu redor, pois havia devolvido o troco errado ao casal. Sorriu de canto, lançando um olhar de relance para Asamura, recebendo um aceno em resposta e voltando a prestar atenção na garota a sua frente, que agora se mostrava bem mais receptiva.

Movendo-se rapidamente, Ryuutarou terminou de vasculhar a sessão de rock, pegando os CDs que os companheiros tinham pedido e alguns DVDs a mais que gostara. Olhou para os cantos superiores da loja, abrindo um sorriso sádico ao notar que não havia câmeras ali, guardando despreocupadamente os CDs dentro dos bolsos internos da jaqueta.

Andou mais um pouco por outras sessões, olhando um CD e outro que lhe chamava atenção, colocando alguns para tocar no aparelho de som que havia ali, colocando os fones no ouvido e curtindo a música, agindo sem nenhuma pressa.

Pouco tempo depois parou em frente ao balcão, batucando os dedos no tampo de madeira, esperando que a vendedora parasse de babar em cima do colega e lhe atendesse, mas ela pareceu não notá-lo, pois continuou falando e gesticulando para Teruo que não desviava o olhar da moça.

_ Caham... – tentou novamente chamar sua atenção, finalmente conseguindo seu intento e recebendo dois olhares atentos – Não tem nenhum CD de rock dos anos 80?

_ Anos 80... não é muito novo pra ouvir esse tipo de música? – ela perguntou com um sorriso divertido, conferindo o arquivo em seu computador, não notando o olhar fulminante que lhe foi dirigido – Humm sinto muito, não temos. Mas se quiser posso fazer o pedido pra você. – e retirando papel e caneta de sob o balcão, ela esperou que ele dissesse o que queria, mas o menor apenas olhou-a com desgosto.

_ Pode deixar, vou procurar em outro lugar. – e saiu batendo a porta, sem nem demonstrar que conhecia o mais velho.

_ Rapazinho nervoso... – Teruo comentou com um sorriso de canto, voltando a se debruçar sobre o balcão e retomando a conversa.

* * *

_ Você demorou. – foi a recepção calorosa do menor, que em seguida lhe estendeu um CD e ergueu-se do banco, esticando o corpo – Estou aqui há quarenta minutos.

_ Ela não parava de falar. – deu de ombros, guardando o mimo com cuidado no bolso – Item de colecionador...

_ Sei... você quem não conseguiu desgrudar os olhos dos peitos dela. Até parece que nunca viu nenhum! – bufou raivoso, saindo do parque e voltando às ruas, agora já escuras e pouco movimentadas, tendo o maior na sua cola.

_ Que isso, chibi... Até parece que está com ciúmes... – riu baixo, passando um braço por ser ombro para andarem juntos, vendo o outro lhe fuzilar com o olhar e corar em seguida, escondendo o rosto com o cabelo.

_ Vamos logo, aqueles três já devem ter saído. – tratou de mudar de assunto, retirando um cigarro do bolso e acedendo-o, não se dando ao trabalho de afastar o maior, pois sabia que ele não iria parar de cutucá-lo.

Continua...

Capítulo 3: Julgamento - Parte I

Notas do Autor:
Notas: Agradecimentos à Nii, por me ajudar com os nomes dos coitados que foram assaltados

 

_ Chamo para prestar depoimento o senhor Habayashi Toguro, segurança do Mori Tower.

O homem que adentrou a sala do tribunal tinha um porte robusto, muito alto e de expressão fechada. Encaminhou-se para a cadeira indicada, prestando o juramento e esperando que começassem a interrogá-lo.

_ Advogado de acusação, pode começar. – liberou o juiz, vendo o mesmo levantar-se e dirigir-se à frente do tribunal.

_ Obrigado, meritíssimo. – acenou com a cabeça, andando lentamente de um lado ao outro – Senhor Habayashi, já tinha visto algum daqueles garotos no shopping antes, em particular perto da Vivienne Westwood?

_ PROTESTO! – levantou-se abruptamente a advogada de defesa, acabando por bagunçar seus papéis – A joalheria em questão fica no mesmo andar do cinema, vários jovens passam por lá a todo instante. É óbvio que um deles apareça por lá!

_ Protesto aceito. Reformule sua pergunta.

_ Claro... – limpou a garganta, não gostando de como as coisas começaram – No dia do roubo, o senhor estava de vigia no andar da joalheria, correto? Viu algum deles passando por ali naquele dia?

_ Não vi nenhum deles no dia do roubo, mas um deles sempre está por lá, normalmente acompanhado.

_ Pode me apontar qual dos jovens? – fez um gesto com a mão, abrangendo aos cinco acusados.

_ O garoto da ponta. – apontou para o rapaz moreno, alto, bonito e de lábios fartos. Era indiscutivelmente o mais velho dentre eles.

_ Terushido Yura. – o advogado sorriu minimamente, voltando a olhar para o interrogado – E você disse que ele estava sempre acompanhado. Por algum dos amigos?

_ Não, normalmente alguma garota. – deu de ombros, tentando se lembrar – Deve ser a namorada ou uma amiga.

_ Certo... – não era exatamente a informação que queria retirar do outro, mas não podia pressionar – Quanto aos outros, já havia visto algum deles?

Sua vontade era esfregar debaixo do nariz do segurança a cabeça de cada um daqueles delinqüentes. Era praticamente impossível não notá-los! Pelas roupas de um, podia-se notar que era otaku. E eles não costumam andar longe de Akihabara. O outro tinha os cabelos quase rosas! Desde quando um garoto tingia o cabelo daquela cor? O mais novo então, se visto de costas, parecia uma garota. Até sua filha tinha o cabelo mais curto! Somente os dois morenos pareciam mais... normais.

* * *

_ Pode nos contar exatamente o que aconteceu no armazém de Ootani Masahiko? – pediu a advogada, parando à frente do moreninho.

_ Eu tinha saído para fazer algumas compras e estava quase saindo da loja quando os dois chegaram. Já nos conhecíamos do colégio, mas nem os cumprimentei naquela noite, eu não tinha notado que eram eles. – respirou fundo, para retomar à sua versão da história, contando o que se lembrava rapidamente – Estava passando as compras no caixa quando o homem gritou do nada, sacando uma arma debaixo do balcão.

_ O que ele gritou? Você se lembra? – questionou novamente a moça, vendo que o rapaz não falaria mais nada.

_ Ele gritou ‘ladrões’, ou algo assim e também mandou soltar algo. Não consegui prestar muita atenção depois que o vi armado e vindo na minha direção.

_ O que você fez depois que ele causou esse alarde? – a mulher lançou um olhar suspeito para o vendedor, mas rapidamente voltou a encarar o jovem.

_ Eu estava apavorado! Vi algo passar na minha frente e ele desviar, então aproveitei a distração e saí correndo. – relatou com uma emoção verdadeira na voz, como se ainda estivesse desesperado com o acontecido.

_ E os outros garotos?

_ Eles correram também. Me seguiram por um tempo e quando o senhor Ootani começou a atirar eles me ajudaram a sair de perto do armazém.

_ Então foi o senhor Ootani quem começou os disparos? – ergueu a sobrancelha, decididamente curiosa com o fato.

_ Sim, disparou várias vezes, acertando bem próximo de nós.

_ Mas ele também foi atingido por um tiro. Quem levava a arma? – seu tom foi severo e sem margem para rodeios.

Não havia como o garoto negar ou dizer que não havia visto. Estavam lado a lado.

_ Shiroyama. – respondeu baixo, sabendo que estava se livrando da culpa e jogando-a para cima do ruivo. A partir daquele instante, tinha tudo para ser declarado inocente.

* * *

_ Por que não estava no cinema com seus amigos?

Nakayoshi Sugihara, o advogado de acusação, vestido no seu terno preto impecável e ajeitando esporadicamente os curtos cabelos negros, rondava à frente do otaku, analisando-o de cima a baixo. Iria tirar toda e qualquer informação que conseguisse dele. Havia colhido muitas informações a seu respeito e iria usar tudo que pudesse para acabar com aqueles garotos.

_ Eu fiquei na sala até o começo do filme... eles... não tinham me contado que era filme de terror e... então eu saí de lá e fiquei na praça de alimentação, esperando por eles.

_ Por que não foi pra casa? Eram mais de duas horas de filme. Tempo suficiente para voltar. – sorriu maldoso, analisando o rosto nervoso do rapaz.

_ Eu fui de carona com eles, tinha que esperar pra voltarmos juntos. Moro longe. – deu de ombros, achando que a resposta fora mais que suficiente.

_ O fato de estar naquele local não tem nada haver com você ter roubado a planta do prédio?

_ Não roubei a planta do prédio! – elevou um pouco a voz, mas se controlou no último instante. Tinha que se acalmar antes que falasse demais.

_ Claro que não... mas invadiu o sistema de segurança e tentou desativar o alarme de uma das lojas?

_ Não fiz isso! – por que a advogada de defesa não gritava dizendo que o estavam forçando a responder aquilo? Ele sabia o que tinha feito, mas não ia confessar de bandeja.

_ Bom, de acordo com alguns dados coletados, você é racker. O que significa que poderia facilmente entrar no sistema, pegar as informações que queria e depois apagar os seus rastros.

_ Mas eu não fiz isso. – murmurou mais para si mesmo do que para o homem a sua frente. Ele fizera aquilo e eles sabiam que era verdade.

_ Então o que a câmera flagrou do seu laptop foi apenas uma ilusão de ótica? Nós temos um vídeo, mostrando o instante que você estava usando seu computador e os horários batem com o momento da invasão do sistema de segurança. Rastreamos também uma ligação do seu celular, passando os dados e informações que seus amigos precisavam. Você nega isso?

_ Não... – abaixou a cabeça, suspirando fundo. Estava malditamente ferrado.

 

Continua...

Capítulo 2: O roubo

 

Adentraram o pequeno armazém, acenando com a cabeça para o vendedor, como num cumprimento de boa noite. O lugar estava praticamente vazio àquela hora, exceto por outro adolescente que enchia uma pequena cesta com suas compras.

O ruivo virou a cabeça para o companheiro, tentando esconder com isso o sorriso de canto que teimava em surgir. Falou algo em um tom muito baixo, recebendo apenas um aceno em concordância, rumando até uma das prateleiras ao fundo da loja. Começaram a analisar alguns produtos, apontando para um ou outro e perguntando o que o amigo achava.

Aquele era um dos poucos comércios que se mantinha aberto durante a noite e num final de semana. Era afastado do centro da cidade, quase não havia clientes e o dono era um senhor de idade, não exatamente ranzinza, mas que adorava reclamar do mundo.

Por que escolheram aquele local?

Não sabiam exatamente. Talvez por acharem que seria fácil. Ou então porque ninguém os conhecia na região. Mas de uma coisa eles sabiam e nisso todos concordavam: a vida andava muito monótona.

Jogando conversa fora durante uma tarde, perceberam que nada na cidade os agradava mais como antes, não faziam nada que trouxesse aquela sensação de júbilo, de terem conseguido algo que ninguém mais tinha.

Não precisavam de dinheiro, roupas, carros ou qualquer coisa material. O que eles buscavam era adrenalina, emoção. Algo que os fizesse chegar ao limite, que trouxesse satisfação por terem feito sozinhos.

E foi assim que um simples encontro entre amigos virou uma reunião para planejar o primeiro roubo.

O garoto com as compras aproximou-se do caixa, passando-as para o vendedor, sorrindo-lhe gentilmente e comentando que a mãe sempre o mandava sair à noite para comprar comida para o jantar. Não que se importasse, achava perigoso a senhora sair sozinha e naquele horário.

Contudo, o senhor não estava dando-lhe muita atenção, intercalando olhares entre os garotos mais a frente e as compras no balcão. Jogava o valor do produto na calculadora, olhava para o moreno alto, coloca tudo dentro da sacola, olhava ressabiado para o ruivo, conferia o valor na calculadora e novamente olhava para os jovens.

Ao terminar o serviço, estendeu as compras para o moreninho a sua frente, vendo-o segurá-las e levar a mão ao bolso da calça, provavelmente procurando a carteira, mas arregalou os olhos ao ver o que acontecia atrás dele.

_ O que pensam que estão fazendo? – sobressaltaram-se com o grito, estacando no lugar e parando o movimento no ar de guardar algo no bolso – Largam isso já, seus ladrõezinhos!

E, contrariando qualquer suspeita que tivessem, o velho levou a mão abaixo do balcão, mas nenhum alarme soou. Quando ergueu novamente o corpo, mostrou que levava consigo uma arma.

_ CORRAM! – o ruivo arregalou os olhos, vendo o amigo jogar uma garrafa de vidro na direção do vendedor e correr porta a fora, enquanto ele ia até o outro garoto, ajudando-o a pegar algumas sacolas e correr em direção às ruas.

Conseguiram sair bem a tempo, pois o vendedor saiu na cola dos três, atirando assim que chegou à porta da loja, acertando de raspão nos muros e postes por onde passavam.

_ Virem na esquina! – indicou o mais velho dos três, colocando as mãos na cabeça e tentando correr abaixado.

_ Mais rápido, gente! – Hayato olhou sob o ombro, parando de correr e se abaixando a tempo de desviar de outro tiro.

_ Vamos! – Takeo puxou-o pelo braço, retirando uma arma do cós da calça, mirando de qualquer jeito por sob o ombro e atirando.

Não queria acertar o velho, apenas assustá-lo para poderem fugir, mas parecia que a sorte estava do lado deles, pois ouviu um grito de dor. Olhou para trás, vendo o homem pender e cair ajoelhado.

_ Merda... eu só acerto quando não precisa... – praguejou, enquanto continuavam a correr. Sabia que estava ferrado, mas não ia se arrepender agora.

Mesmo após saírem da linha de fogo, continuaram correndo por vários quarteirões, até não agüentarem mais dar um passo e o ar começar a faltar-lhes. Escoraram-se nas paredes em um beco, caindo sentados um ao lado do outro, rindo satisfeitos com a façanha.

A primeira de várias...

_ Da próxima vez Jin... tenta acertar o vendedor... e não a mim. – Hayato comentou todo sorridente, tentando regularizar a respiração.

_ Gomen... queria distrair ele. – levou a mão aos cabelos muito lisos, retirando-os da frente dos olhos.

_ Pegou muita coisa? – o ruivo não perdeu tempo, abrindo as sacolas para verificar o conteúdo.

_ Tem chocolate pra você. – riu divertido, sabendo que era exatamente aquilo que ele procurava – Eu quase fiz besteira quando fui falar com o cara. Falei que minha mãe tinha me pedido pra sair e fazer compras. Acho que ele não gostou de vocês dois logo de cara, porque estava sempre vigiando e nem viu o que eu levava.

_ A gente teve sorte... – o ruivo ponderou, colocando o doce na boca e retirando algumas coisas dos bolsos da jaqueta, sendo imitado pelo mais velho.

_ Falando em sorte... onde conseguiu a arma? – Hayato olhou-o de soslaio, sabendo que não ia adiantar muito repreender o ruivo.

_ Yura. – deu de ombros, sabendo que aquele nome explicaria tudo – Acho que podemos tentar algo maior da próxima vez.

_ Melhor não. – ponderou Ikeuchi, a voz saindo meio temerosa – Vamos ver o que o Jack acha. Talvez eles se deram mal.

_ Duvido! – Takeo sorriu de canto, já pensando em outros lugares – Planejamos isso muito bem, não tem como dar errado.

_ Mas a gente quase se ferrou... – lembrou o otaku.

_ Não sabíamos que ele tinha uma arma, Shibuya! Larga de ser covarde! – o ruivo revirou os olhos, suspirando fundo – Certo, vamos continuar roubando lojinhas de doces e coisas pequenas. Pensei que vocês também queriam diversão!

_ Claro que queremos! Mas podemos dar um tempo, não é? Esperar as coisas esfriarem.

_ Mas agora que começamos a esquentar! – e sorriu malicioso, juntando as sacolas e se levantando pra partir – Vou pesquisar outros lugares e ver com os outros dois. Se a maioria topar, vocês vão, não é?

E com acenos de concordância voltaram às ruas, tomando o caminho que os levariam para o ponto de encontro.

 

Continua...

Capítulo 1: O júri

Notas do Autor:
Delinquente é apelido pra eles...
Estava com essa idéia de julgamento na cabeça há uns três dias... fui imaginando o crime de cada um, a sentença, o julgamento e aos pouquinhos ela foi surgindo.
Espero que gostem >)

Importante: Estou usando a maioridade aqui na fic aos dezoito anos! Esqueçam o que sabem sobre leis!

 

_ Todos de pé para ouvir o veredicto! – uma voz anunciou assim que todos voltaram para o tribunal.

Ninguém desviou os olhos do velhote que caminhava calmamente para seu assento, vindo logo atrás dos jurados. Ele sentou-se na cadeira central, ajeitando os papéis sobre a mesa, sua expressão não deixando nada transparecer.

Os presentes em geral suspenderam as respirações, alguns com medo do que aconteceria a partir dali, outros com pena dos acusados e alguns poucos olhavam ressabiados e desgostosos para os jovens sentados mais à frente.

Aqueles cinco garotos estavam sendo acusados de porte ilegal de armas, roubos, formação de quadrilha e tentativa de assassinato.

Nenhum deles parecia realmente preocupado com o resultado daquele julgamento, sabiam que alguns sairiam ilesos, afinal eram menores de idade. Os outros, que já haviam completado seus dezoito anos, possuíam seus truques na manga e contatos que poderiam ser acionados assim que precisassem de ajuda.

_ Podem se sentar. – o juiz acenou com a cabeça, a voz baixa sendo ouvida claramente até no fundo do cômodo.

Assim que o homem se sentou, todos os outros o imitaram, o clima ficando cada vez mais tenso e pesado. A atmosfera ali estava tão densa que era quase tátil.

Os pais dos jovens, distribuídos ao longo dos bancos reservados ao público, aguardavam em grande expectativa pelo resultado que sairia dali a pouco. Algumas mães choravam copiosamente, não acreditando naquelas acusações. Como seus filhos podiam estar sendo acusados de tais crimes? Eles eram bons garotos! Nunca seriam capazes daquilo!

Tamanha era a indignação que algumas delas foram proibidas de assistir ao restante do julgamento, assim como um dos pais, por terem se exaltado durante os interrogatórios.

Mas, agora que era chegada a hora de veredicto final, todos foram novamente aceitos no recinto, desde que ficassem em silêncio, ou seriam detidos por desobedecer às autoridades.

_ Asamura Ryuutarou. – chamou o juiz, encarando friamente o rapaz que se levantou.

Típico rebelde sem causa. Cabelos mais longos que os de uma garota. Olhos negros, profundos e extremamente frios. Tatuagens cobrindo seus braços e sabe-se lá se cobriam também as costas ou o resto do corpo. Em nenhum momento demonstrara medo ou arrependimento.

O que mais enojava o juiz?

O fato daquela criança... Sim, uma criança, que mal havia chegado aos seus dezesseis anos, ser o líder daquela baderna toda. A mente por trás dos crimes. O mundo estava perdido com jovens delinqüentes como aquele.

O primeiro jurado levantou-se também, tomando suas notas e começando a ler em voz alta, para que todos ouvissem a sentença.

_ O réu foi acusado de roubo, porte de armas, formação de quadrilha e tentativa de assassinato. A sentença: por não ter chegado à maioridade, será levado para um reformatório até que atinja a idade suficiente. Época em que será feito um novo julgamento.

_ Fudeu... – o ruivo sentado dois lugares ao seu lado sussurrou, rindo baixo.

_ Cala a boca... – pediu o moreninho que estava ao seu lado, concentrado nas palavras do jurado.

Asamura respirou fundo, sentindo-se, em partes, aliviado. Não iria para a cadeia. Pelo menos, não tão cedo. Ainda tinha dois longos anos pela frente. Tempo mais do que suficiente para planejar uma fuga.

Voltou a se sentar, sorrindo de canto ao notar o olhar contrariado do juiz. Sabia que ele havia tentado subornar a polícia. E até onde imaginava, só não fora preso porque o suborno da parte deles fora mais proveitoso.

_ Shiroyama Takeo. – chamou novamente o juiz, dessa vez torcendo o nariz, sem tentar esconder seu desagrado.

Aquele ali não escondia a culpa e não sabia o que era remorso. Sempre ostentando aquele sorrisinho de canto, se achando superior a qualquer um, confessando nos mínimos detalhes o que havia feito. Seu depoimento fora extremamente claro, todos os fatos condizendo com as acusações dos roubos.

A mãe de Takeo havia sido uma das senhoras retiradas do recinto. Chamara-o de mentiroso, afirmando para todos que quisessem ouvir que ele era um bom ator. Seu menino era um ótimo aluno, um filho maravilhoso! Estavam confundindo-o com outra pessoa!

Como as mães eram cegas... as mães e seus sentimentos de amor sem medidas. Para elas, eles sempre seriam seus bebezinhos, inocentes e puros até o último fio de cabelo, incapazes de levantar a mão ou a voz para outro ser humano.

Era medíocre.

O jurado arrumou os papéis, pegando as anotações referentes ao ruivo.

_ O réu foi acusado de roubo, invasão de propriedade, corrupção de menores, porte de armas e tentativa de assassinato. – o homem respirou fundo, sabendo que levaria repreensão do juiz quando aquilo acabasse. Odiava pegar casos em que... crianças estavam envolvidas – Como chegará à maioridade dentro de três meses, será mantido em uma cela privada, até a data em que ocorrerá um novo julgamento.

_ Fudeu de novo... – sussurrou enquanto voltava a se sentar, dessa vez não parecia tão contente.

_ Quer parar com isso? – dessa vez o garoto sentado ao seu lado desviou o olhar da bancada do júri, apenas para encará-lo de modo acusador – A situação já não está boa pra gente e mesmo assim você continua com as piadas!

_ É o nervoso. Não posso evitar. – sorriu amarelo, voltando os olhos para o juiz quando ele chamou o próximo nome.

_ Ikeuchi Jin. – dessa vez o velho parecia estar mais feliz. Talvez por ter certeza que aquele ali seria levado por um bom tempo em cana.

E mais uma vez o primeiro jurado levantou-se, respirando fundo e anunciando aos presentes:

_ As provas mostram que o réu, acusado de roubo e invasão de sistemas, realmente cometeu tais atos. Também foi provado, através dos testemunhos de seus companheiros, que ele foi compelido a participar de tais ações. Portanto, o réu é julgado culpado.

Silêncio caiu sobre o tribunal. O garoto começou a tremer levemente, olhando de soslaio para o líder do grupo, procurando algum apoio, algo que lhe afirmasse que tudo ficaria bem.

O jurado continuou a ler as anotações, relatando que o tempo para o cumprimento da pena sairia dali a dez dias.

Ikeuchi voltou a se sentar, respirando fundo e tentando não pensar no que aconteceria dali pra frente. Eles tinham combinado que sairiam ilesos, ou no pior dos casos, em poucos meses. Mas era impossível não se desesperar! A sentença para pena de roubo variava de quatro a dez anos.

_ Izumi Hayato. – chamou o juiz, vendo o garoto levantar-se. Dos cinco, aquele era o que parecia menos culpado e mais arrependido.

Parecia!

Só o fato de estar com más companhias era suficiente para ganhar a inimizade do juiz. Contudo, ele tivera que relevar no caso desse garoto. Em primeiro por ser menor e segundo porque ele ajudara com as investigações, passando à polícia os outros nomes e dispondo-se a ajudar no que fosse necessário.

Talvez fosse só mais uma vítima da sujeira que cobria a humanidade. Ele tivera o azar de estar no lugar errado e na hora errada.

O primeiro jurado se levantou, repetindo sempre os mesmos gestos, pegando suas anotações e lendo para todos.

_ O réu foi acusado de roubo em um armazém e participação na quadrilha. Ele ajudou com as investigações e foi provado que não participou do roubo no shopping. A sentença: seis meses de trabalho comunitário no hospital a ser escolhido posteriormente.

_ Muito bem, garoto... – comentou o líder num sussurro, vendo que pelo menos um deles continuaria livre.

Hayato voltou a se sentar, sentindo-se bem mais leve, contudo, não menos preocupado. Os amigos o ajudaram nessa, mas cada um parecia estar numa situação pior que a do outro.

_ Terushido Yura. – dessa vez o juiz acenou minimamente para o rapaz, recebendo um sorriso pequeno de canto.

Contatos nunca eram demais. E ser herdeiro de uma das maiores empresas automobilísticas da capital garantia-lhe que qualquer um havia seu preço.

_ O réu é acusado de roubo, formação de quadrilha, porte de armas e corrupção de menores, portanto é julgado culpado. A sentença sairá dentro de dez dias.

Ao se sentar novamente, o rapaz moreno parecia tão calmo como se aquela fosse uma reunião chata a que devia comparecer. Nunca que seria mantido preso. Era para isso que pagara aquela advogada.

 

Continua...