segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Capítulo 3: Julgamento - Parte I

Notas do Autor:
Notas: Agradecimentos à Nii, por me ajudar com os nomes dos coitados que foram assaltados

 

_ Chamo para prestar depoimento o senhor Habayashi Toguro, segurança do Mori Tower.

O homem que adentrou a sala do tribunal tinha um porte robusto, muito alto e de expressão fechada. Encaminhou-se para a cadeira indicada, prestando o juramento e esperando que começassem a interrogá-lo.

_ Advogado de acusação, pode começar. – liberou o juiz, vendo o mesmo levantar-se e dirigir-se à frente do tribunal.

_ Obrigado, meritíssimo. – acenou com a cabeça, andando lentamente de um lado ao outro – Senhor Habayashi, já tinha visto algum daqueles garotos no shopping antes, em particular perto da Vivienne Westwood?

_ PROTESTO! – levantou-se abruptamente a advogada de defesa, acabando por bagunçar seus papéis – A joalheria em questão fica no mesmo andar do cinema, vários jovens passam por lá a todo instante. É óbvio que um deles apareça por lá!

_ Protesto aceito. Reformule sua pergunta.

_ Claro... – limpou a garganta, não gostando de como as coisas começaram – No dia do roubo, o senhor estava de vigia no andar da joalheria, correto? Viu algum deles passando por ali naquele dia?

_ Não vi nenhum deles no dia do roubo, mas um deles sempre está por lá, normalmente acompanhado.

_ Pode me apontar qual dos jovens? – fez um gesto com a mão, abrangendo aos cinco acusados.

_ O garoto da ponta. – apontou para o rapaz moreno, alto, bonito e de lábios fartos. Era indiscutivelmente o mais velho dentre eles.

_ Terushido Yura. – o advogado sorriu minimamente, voltando a olhar para o interrogado – E você disse que ele estava sempre acompanhado. Por algum dos amigos?

_ Não, normalmente alguma garota. – deu de ombros, tentando se lembrar – Deve ser a namorada ou uma amiga.

_ Certo... – não era exatamente a informação que queria retirar do outro, mas não podia pressionar – Quanto aos outros, já havia visto algum deles?

Sua vontade era esfregar debaixo do nariz do segurança a cabeça de cada um daqueles delinqüentes. Era praticamente impossível não notá-los! Pelas roupas de um, podia-se notar que era otaku. E eles não costumam andar longe de Akihabara. O outro tinha os cabelos quase rosas! Desde quando um garoto tingia o cabelo daquela cor? O mais novo então, se visto de costas, parecia uma garota. Até sua filha tinha o cabelo mais curto! Somente os dois morenos pareciam mais... normais.

* * *

_ Pode nos contar exatamente o que aconteceu no armazém de Ootani Masahiko? – pediu a advogada, parando à frente do moreninho.

_ Eu tinha saído para fazer algumas compras e estava quase saindo da loja quando os dois chegaram. Já nos conhecíamos do colégio, mas nem os cumprimentei naquela noite, eu não tinha notado que eram eles. – respirou fundo, para retomar à sua versão da história, contando o que se lembrava rapidamente – Estava passando as compras no caixa quando o homem gritou do nada, sacando uma arma debaixo do balcão.

_ O que ele gritou? Você se lembra? – questionou novamente a moça, vendo que o rapaz não falaria mais nada.

_ Ele gritou ‘ladrões’, ou algo assim e também mandou soltar algo. Não consegui prestar muita atenção depois que o vi armado e vindo na minha direção.

_ O que você fez depois que ele causou esse alarde? – a mulher lançou um olhar suspeito para o vendedor, mas rapidamente voltou a encarar o jovem.

_ Eu estava apavorado! Vi algo passar na minha frente e ele desviar, então aproveitei a distração e saí correndo. – relatou com uma emoção verdadeira na voz, como se ainda estivesse desesperado com o acontecido.

_ E os outros garotos?

_ Eles correram também. Me seguiram por um tempo e quando o senhor Ootani começou a atirar eles me ajudaram a sair de perto do armazém.

_ Então foi o senhor Ootani quem começou os disparos? – ergueu a sobrancelha, decididamente curiosa com o fato.

_ Sim, disparou várias vezes, acertando bem próximo de nós.

_ Mas ele também foi atingido por um tiro. Quem levava a arma? – seu tom foi severo e sem margem para rodeios.

Não havia como o garoto negar ou dizer que não havia visto. Estavam lado a lado.

_ Shiroyama. – respondeu baixo, sabendo que estava se livrando da culpa e jogando-a para cima do ruivo. A partir daquele instante, tinha tudo para ser declarado inocente.

* * *

_ Por que não estava no cinema com seus amigos?

Nakayoshi Sugihara, o advogado de acusação, vestido no seu terno preto impecável e ajeitando esporadicamente os curtos cabelos negros, rondava à frente do otaku, analisando-o de cima a baixo. Iria tirar toda e qualquer informação que conseguisse dele. Havia colhido muitas informações a seu respeito e iria usar tudo que pudesse para acabar com aqueles garotos.

_ Eu fiquei na sala até o começo do filme... eles... não tinham me contado que era filme de terror e... então eu saí de lá e fiquei na praça de alimentação, esperando por eles.

_ Por que não foi pra casa? Eram mais de duas horas de filme. Tempo suficiente para voltar. – sorriu maldoso, analisando o rosto nervoso do rapaz.

_ Eu fui de carona com eles, tinha que esperar pra voltarmos juntos. Moro longe. – deu de ombros, achando que a resposta fora mais que suficiente.

_ O fato de estar naquele local não tem nada haver com você ter roubado a planta do prédio?

_ Não roubei a planta do prédio! – elevou um pouco a voz, mas se controlou no último instante. Tinha que se acalmar antes que falasse demais.

_ Claro que não... mas invadiu o sistema de segurança e tentou desativar o alarme de uma das lojas?

_ Não fiz isso! – por que a advogada de defesa não gritava dizendo que o estavam forçando a responder aquilo? Ele sabia o que tinha feito, mas não ia confessar de bandeja.

_ Bom, de acordo com alguns dados coletados, você é racker. O que significa que poderia facilmente entrar no sistema, pegar as informações que queria e depois apagar os seus rastros.

_ Mas eu não fiz isso. – murmurou mais para si mesmo do que para o homem a sua frente. Ele fizera aquilo e eles sabiam que era verdade.

_ Então o que a câmera flagrou do seu laptop foi apenas uma ilusão de ótica? Nós temos um vídeo, mostrando o instante que você estava usando seu computador e os horários batem com o momento da invasão do sistema de segurança. Rastreamos também uma ligação do seu celular, passando os dados e informações que seus amigos precisavam. Você nega isso?

_ Não... – abaixou a cabeça, suspirando fundo. Estava malditamente ferrado.

 

Continua...

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