sábado, 8 de maio de 2010

Capítulo 3

 

_ Não, Jackie! – o líder era arrastado a força para longe das barracas por um Ikeuchi preocupado em salvar suas vidas.
_ Eu quero fazer a fogueira! Onegai! – esperneava para tentar se soltar, segurando em uma das mãos um isqueiro aceso, os olhinhos brilhando predatoriamente.
Tinham esquecido o quanto o líder gostava de colocar fogo em qualquer coisa.
_ Deixa o Teruo fazer a fogueira, você vai ficar quietinho comigo! – arrastou-o para um canto, sentando no chão e segurando-o firmemente ao seu lado.

_ Ele sempre fica com o mais divertido! – armou um bico enorme, fechando a expressão e virando o rosto para o outro lado, dando um tapa no pescoço e olhando para o bichinho em sua mão – Por que essas porcarias só estão vindo pro meu lado?!

_ Por que você é um doce, Jackie! – Takeo sorriu sarcástico, distribuindo as cervejas.

_ Hahaha, muito hilário, Shiroyama... – balançou a mão à frente do rosto, afastando mais alguns insetos que voavam ali, irritando-se por ser o único incomodado.

_ Acho que o Jakichi não tomou banho hoje. – o baixista comentou em tom de brincadeira, recebendo um olhar tão frio do namorado, que decidiu ficar calado antes que apanhasse novamente.

Asamura olhou pesaroso para a própria pele, vendo vários vergões vermelhos em seus braços, que estavam começando a coçar e incomodar. Suspirou frustrado, tentando relaxar e não se irritar além do necessário.

_ Hei, Jack... por que não passa o repelente? – Arata encarava-o, dividido entre penalizado e divertido, não conseguindo imaginar porque o líder não estava se cuidando – Ou você gosta da sensação de ser comido vivo?

_ Vocês trouxeram repelente?! – recebeu quatro acenos em concordância – Por que não me avisaram?

_ Você não pediu. – Teruo sorriu de canto, deixando o líder mais irritado, se é que isso era possível.
A contragosto, o guitarrista moreno tentou relaxar e aproveitar também, já que não havia outra maneira de passar o tempo. Sem carro para ir embora, sem telefone pra pedir socorro e quase sem cigarros, o melhor que podia fazer era curtir o passeio.

Afinal de contas, não era tão ruim acampar...

* * *

O fogo crepitava calmamente, todos comeram até não agüentar mais e o sono começava a se apossar de alguns. Hayato estava apoiado contra o peito de Takeo, sendo abraçado pelo mesmo e aproveitando para cochilar um pouco. Jack também apoiava a cabeça no ombro de Jin, mas não parecia sentir nem um pouco de sono, mais interessado em ver o fogo queimando a madeira lentamente.
Teruo também não estava com sono, então pegou apenas um edredom para se aquecer e voltou para perto do fogo, vez ou outra cutucando as labaredas, perdido em pensamentos.
O líder olhou para cada um dos presentes, um pensamento muito divertido tomando conta de sua mente e fazendo-o esboçar um sorriso de canto.
_ Que tal contarmos histórias de terror? – sugeriu inocentemente, vendo sorrisos surgirem no rosto dos dois guitarristas e como esperado, os primos ficaram alertas e temerosos.

_ Ah... acho que já vou deitar... – Izumi sorriu amarelo, tentando soltar-se do abraço, mas sendo puxado novamente, encarando o ruivo que ostentava um sorriso predador – Koi...?

_ E perder a diversão noturna do acampamento? Não mesmo! Você e Ikeuchi vão ficar aqui, quietinhos! – o baixista também havia tentado sair despercebido, mas o baterista tratou de segurá-lo no lugar.

_ Se você sair daqui eu coloco fogo em todas as barracas. – o sorriso psicopata no rosto de Asamura era assustador. Aquela ameaça não tinha um pingo de blefe.

Dando se por vencidos, os primos resolveram ficar quietos, tentando a todo custo não prestar atenção à história que o líder começara a contar, mas era impossível ignorar.

_... sempre acharam estranho a casa ter cinco janelas no andar superior do lado de fora, mas apenas quatro quartos... – começou a contar num tom sussurrante, olhando para cada um enquanto narrava –... um casal ouviu algo arranhando as paredes durante a noite... e um grito de gelar a alma cortou o ar... derrubaram a parede falsa e encontraram uma porta selada... sangue manchando as paredes, formando palavras em uma letra macabra que dizia...

Sons de gravetos quebrando e sombras estranhas se formando no rosto dos amigos fizeram os primos prenderem a respiração e ficarem parados feitos estátuas.

_ PAPAI ME AJUDE!!! – assim que Ryuutarou gritou, um trovão cortou o céu, Arata levantou-se de supetão xingando o líder e Shibuya apertou os olhos, levando as mãos os ouvidos, enquanto os outros três caiam na gargalhada.

As risadas não duraram muito, pois logo começou a chuviscar. Levantaram-se correndo, guardando a comida e os colchonetes dentro das barracas, tentando esconder-se também para não molharem além do necessário.

_ Essa barraca é só minha! – Jack empurrou o namorado para fora, puxando o zíper com cuidado, temendo que a mesma caísse novamente sobre si – Eu falei que não ia ficar além do necessário com vocês!

_ Mas, Jackie! Onde eu vou dormir? – olhou-o pidão, já virando a cabeça para o lado do primo.

_ Nem pensar! – Takeo puxou Hayato para perto de si, também fechando a barraca – Só cabem dois em cada! Dorme com o Teruo!

_ Bebeu além da conta, Shiroyama? Eu vou ficar sozinho! – e, ao fechar a barraca, ela se desmontou, deixando apenas um montinho visível coberto pela lona – Merda...

_ Ahuahua! Bem feito! Não sabe nem montar uma barraca! – o ruivo ria alto, sentado confortavelmente ao lado do namorado.

_ Mas foi o Jack quem montou... – Shibuya comentou sem querer, tapando a boca rapidamente e recebendo um olhar mortal do líder.

_ Agora que você dorme de fora, Inferninho! – puxou o edredom pra cima da cabeça, tentando se secar e aquecer.

Teruo conseguiu sair debaixo do amontoado, olhando irritado para as outras duas que ainda estavam intactas, decidindo que seria mais fácil dividir a barraca com o líder do que retirar o casalzinho da outra.

_ Chega pra lá... – entrou sem nenhuma cerimônia, enrolando-se no próprio edredom e recebendo um resmungo como resposta.

_ Se você vai dormir com o Terushii, eu vou ficar com o primo e o Tachi! – cruzou os braços, armando um bico enorme. Esperava que o líder tivesse um acesso de ciúmes e viesse puxá-lo para ficar consigo, mas isso não aconteceu.

_ Desde o começo vocês estavam planejando acampar sozinhos, à vontade. – Asamura deu de ombros, aconchegando-se mais no colchonete e encolhendo sobre o cobertor.

_ Nem pense em vir pra cá! – Takeo gritou da outra barraca, olhando de relance para fora, torcendo para que ele não decidisse invadir.
_ Mas... mas... Jackiiieee! Está frio! – Ikeuchi, agora quase todo molhado, caminhou até a barraca, entrando e se deitando sobre o namorado, abraçando-o apertado – Quero ficar com você, Ursinho!

_ Você está me molhando! – o baterista empurrou o garoto, jogando-o para cima do guitarrista.

_ Hei, pra cima de mim não! – empurrou-o de volta, aproveitando para empurrar também o líder para fora, sorrindo satisfeito – Essa é minha!

Quando Jack entendeu que estava do lado de fora, marchou em linha reta até a outra barraca, sendo seguido de perto pelo namorado, adentrando a mesma e empurrando o ruivo e o vocalista para fora.

_ Vocês três, fora! Se tentarem entrar eu coloco fogo nelas!

_ Ele só sabe colocar fogo nas coisas? – Hayato olhou em dúvida para o primo, recebendo um aceno em concordância.

_ Se a gente não pode entrar... vamos fazer eles saírem... – o ruivo comentou logo atrás dos primos, mexendo no chão e erguendo-se com algo nas mãos... algo que os deixaria muito sujos – Saíam da frente!

_ Takeo, não... – mas o vocalista só teve tempo de sair da mira do guitarrista, que jogou uma pelota de lama na barraca que antes ocupavam. Ela bateu na lona e se despedaçou, mas parte dela alcançou seu destino.

Não demorou muito e outra foi lançada, dessa vez na direção da barraca do guitarrista moreno.

_ Vão ficar olhando ou vão me ajudar? – abriu um sorriso enorme, recebendo em troca apenas olhares duvidosos – Certeza? – olhou de um para outro, vendo o medo de serem repreendidos pelo líder – Ok, se não estão comigo, estão contra mim! – caminhou até uma poça que se formara, chutando a água suja na direção de Shibuya, que o olhou incrédulo antes de sorrir e caminhar para perto de outra poça, decidido a entrar na brincadeira.

Continua...

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