Five Stars
Lady Bogard
Capítulo 03
Recém alimentado, Hayato saiu do Cyber Café. Só de não sentir mais fome já parecia ter tirado um peso enorme dos ombros. E tinha dinheiro extra pra andar de metrô. Não precisava mais continuar a pé.
Virou-se e anotou o nome do local e o telefone expostos no Outdoor. Pra voltar ali e agradecer decentemente um dia. Depois pegou o mapinha e analisou as informações. Estava perto de uma das estações que fazia ligação com Shibuya, distrito onde seu primo Ikeuchi Jin morava.
– Vou ganhar muito tempo!
Pelos seus cálculos chegaria antes do jantar! O único problema era o primo não estar em casa. Queria ter ligado antes, mas sua família perdera contato com a família do primo quando a tia se mudara, há anos atrás.
Impressionado com a forma que Tokyo tinha muitas placas com indicações de ruas e pontos importantes, Izumi logo chegou à movimentada estação, em horário de rush.
Foi quase uma guerra conseguir entrar no vagão lotado. O rapaz de mecha ruiva só conseguiu após mandar a educação as favas e empurrar algumas pessoas. Era isso ou ficar pra trás.
Saltou três estações à frente; quando o fluxo de gente parecia a ponto de transcender o limite do impossível. Aliviado respirou fundo, muito fundo.
Pegou o mapa e se orientou. Podia sair pelo portão três que estaria à dois quarteirões do prédio de Ikeuchi. Foi caminhando com calma, olhando o bairro bem movimentado. Ficou surpreso de ver vários turistas ocidentais por ali.
– Acho que é aqui. – olhou o edifício de quinze andares. Não era o maior da rua, mas tinha fachada bem agradável, recém pintada. O coração disparou um pouco. Não era esperado, e contava receber abrigo.
Identificou-se na portaria e o porteiro pareceu surpreso ao dizer no apartamento de quem queria ir:
– Ikeuchi kun? Tem certeza?– analisou Hayato discretamente, deixando o rapaz meio desconfortável.
– Ha-hai...
– Ele não se encontra. Aguarde um momento, Izumi-san. – pegou o telefone e afastou-se pra dentro da guarita. Voltou alguns minutos depois – Falei com Ikeuchi Aya san, e ela disse que você pode entrar.
Estendeu uma cópia da chave do apartamento para Hayato.
– Arigatou.
– É o segundo andar.
O moreninho agradeceu a gentileza. Rumou para o elevador. Em segundos estava no andar em que seu primo morava. Olhou a chave: apartamento 215. Respirou fundo e foi sentar-se ao lado da porta. Não era de sua natureza ser tão invasivo. Era melhor esperar o primo chegar e se apresentar apropriadamente.
Pensou em sair e andar pelo bairro, mas mudou de idéia. Estava anoitecendo, se sentia cansado... preferi esperar. Encostou a cabeça na parede e fechou os olhos, sem se importar de ficar ali.
oOo
Apesar de ter os olhos fechados e esperar por quase duas horas, Hayato não adormeceu. Manteve-se alerta, perdendo a conta de quantas vezes ouviu o som do elevador subindo e descendo. Nunca as portas se abriam naquele andar.
Começava a sentir fome outra vez quando ouviu o som de passos. Abriu os olhos e fitou o elevador, mas o barulho ritmado vinha da direção das escadas. Virou-se para lá.
Foi então que viu um pingüim. Um pingüim gigante, de mais de metro e meio de altura e muito gordo, com o bico pontudo e as asinhas balançando.
Hayato entreabriu os lábios, achando que estava alucinando. E a visão ficou mais absurda. O animal, que percebeu ser feito de pelúcia, vinha carregado por um rapaz alto e magro, que resmungava alguma coisa. Uma musiquinha talvez.
Analisando o recém-chegado, Izumi Hayato sentiu um arrepio: observou o casaco estilo militar azul claro que chegava aos joelhos, com botões redondos e grandes. A parte esquerda tinha tantos bottons que cobria completamente o tecido. Grandes óculos de lentes vermelhas escondiam-lhe o rosto. Usava uma boina jeans escuro e luvas de listras verdes e pretas na mão que segurava o pingüim de brinquedo.
O rapaz parou no topo da escada, segurou numa das asas do pingüim e acenou:
– Oi! – riu pra Izumi.
– Oi... – Izumi respondeu incerto.
Sem mais o outro seguiu em direção ao 215, enfiando a mão no bolso e tirando uma chave presa mais de vinte chaveiros de plaquinha.
Izumi sentiu a garganta ficar seca e o coração disparar. “Oh, não!”, pensou. Seu primo era um otaku!
– Ano... – começou baixinho.
– Nani? – seu suposto primo virou-se, meio surpreso com a abordagem.
– Sou Izumi Hayato.
– Sou Ikeuchi Jin! – sorriu de volta.
Izumi sorriu também:
– Somos primos! Sou filho de Midori, irmã da sua mãe.
Ao ouvir aquilo Ikeuchi sorriu ainda mais:
– Eu não me lembro de você! – abaixou-se e sentou-se na frente de Izumi, com o pingüim ao lado – Venha me visitar qualquer dia!
– Ano... sobre isso...
Jin parou de sorrir:
– Você não vai poder, não é? Eu entendo...
– Não!! Eu não pretendo visitar você... eu... vim... – perdeu a coragem de pedir. A situação era pra lá de bizarra.
Ao ouvir a afirmação, Jin parou de sorrir. Nossa, seu primo era bem direto. “Não pretendo visitar você.” Wow.
– Ha-i. – falou – Então adeus.
Ficou em pé. Mas não chegou a se afastar. Sentiu o moreninho segurar na barra do seu casaco:
– Espera...
– Nani?
– É... dificil dizer, gomen... – agora parecia muita cara-de-pau chegar na casa de alguém totalmente desconhecido, aproveitando-se de laços sanguíneos e pedir abrigo. Arrependeu-se um pouco por agir de modo impulsivo.
Jin abaixou-se de novo, atrás do brinquedo de pelúcia:
– Se é difícil, fala com o Senhor Pingüim. – sugeriu com diversão na voz.
Izumi ergueu as sobrancelhas. Acabou rindo:
– Eu... me mudei pra Tókio. Cheguei hoje, mas... não tenho onde ficar...se não for muito causar muito incomodo eu queria pedir pra dormir aqui.
Ao ouvir aquilo Jin inclinou-se e espiou pelo lado do pingüim:
– Você quer ficar aqui?! – exclamou espantado – Comigo?!
– Sei que é repentino. Se for muito inconveniente... – calou-se.
O outro moreno tirou o grande óculos do rosto, revelando os olhos castanhos que brilhavam de incredulidade.
– Você me deixa ver seu identidade? Pra ter certeza que é meu primo. – pediu simplório.
Hayato achou o pedido muito pertinente. Mexeu na mochila e pegou a carteira de documentos escondida bem no fundo. Então mostrou para Ikeuchi:
– Aqui. Izumi Hayato.
– Filho de Izumi Midori bachan. – sorriu – Okaeri. Pode ficar aqui o tempo que quiser! Este é o Senhor Pingüim. Eu ganhei de presente. – ficou em pé.
Izumi também levantou-se e balançou a cabeça. Não disse nada, pra não fazer desfeita a hospitalidade, mas seus planos eram de ficar pouco tempo por ali. De tudo que ouvira falar sobre otakus deduzia que a convivência com eles podia ser bem problemática.
– Tadaima... – Jin exclamou assim que destrancou a porta e entrou.
O mais baixo deu uma espiadinha tímida, e surpreendeu-se. Em seu pré-conceito imaginara encontrar uma bagunça estrondosa, mas o que viu foi uma sala bem iluminada, com pilhas de mangas e DVDs em fileiras junto as paredes. O piso estava bem limpinho.
- Que sorte arrumar a casa hoje. – Ikeuchi falou divertido.
Antes que dissesse alguma coisa ou entrasse, Jin virou-se com um sorriso misterioso nos lábios, abraçou forte o pingüim, e declamou meio cantado:
– Primo... agora vai conhecer Trevas. Trevas, venhaaaaa!
Izumi arregalou os olhos e sentiu o sangue gelar nas veias. Seria possível que alem de otaku seu primo era algum tipo de bruxo? Em que armadilha fora se meter...?
Continua...
Não era pra focar o capitulo só nesses dois, mas não deu pra evitar! Olha que eu resumi bastante, mas mesmo assim ficou estranho. Huahahahuahau
Olha que a banda nem ta completa, quando os cinco se juntarem o circo pega fogo! /rolaescadaabaixo
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