segunda-feira, 30 de novembro de 2009

I had a ambition. It was you, my only dream...

 

Notas do Autor:

Eu chorei com esse, oka? ¬¬

Capítulo 3

“Maybe it's called ambition, you've been talking in your sleep. About a dream, We're awakening.”

Mas já ouviram falar que nada que é bom dura muito tempo? Fora questão de poucos meses até que eu acabasse sendo expulso da escola por ter batido em um daqueles malditos nerds que viviam nos delatando. Eu ainda lembro dos gritos de fúria de meu pai, enquanto dirigia de volta para casa, gritando que me mandaria para um reformatório. Não havia prestado a mínima atenção, acreditando que ele não faria aquilo.


Bem, a calma deu lugar à preocupação, quando o vi chegar em casa com os papéis da academia, avisando que eu iria para lá dali a dois dias.

Naquela noite saltei minha janela, vendo o carro de Jun-san parado à frente da minha casa. Pulei o muro baixo, entrando no veículo e o vendo sentado no banco do motorista. Eu havia ligado para ele mais cedo, pedindo que viesse me buscar. Colei meus lábios aos do mais velho em um beijo rápido, enquanto sua mão segurava meu rosto.

-O que aconteceu, Ryuu-chan? – sua voz, ao menos comigo, não era rude ou alta. Ele sempre mantinha o tom gentil e calmo, me fazendo suspirar com uma sensação de segurança. Ele era meu porto seguro.

-Me tira daqui, Jun-san... onegai, me leva daqui. Ao menos essa noite. – murmurei, fechando os olhos, contendo as lágrimas. Eu nunca havia as derramado, não seria agora que eu o faria. Não por isso, quando ainda tinha uma esperança.

Sem mais perguntas o mais velho começou a dirigir, me levando até a praia. Eu conhecia aquele caminho, sempre o fazia enquanto minha mãe era viva, mesmo depois de sua morte, Yuuto sempre me levava para a praia. Me encostei no banco, olhando para a janela, não me sentindo bem para falar. Não ainda. Eu precisava encontrar uma maneira de contar a ele tudo que estava acontecendo.

Não sei quanto tempo levamos para estarmos na orla, mas eu apenas saí do carro, o esperando fazer o mesmo. Jun pegou na minha mão e me levou até a areia, tirando os próprios sapatos e meias, esperando que eu fizesse o mesmo. Logo estávamos indo em direção às rochas, nos acomodando ali. Ele sentado comigo entre suas pernas, apenas olhando o mar, sem me pressionar.

-Nee... Eu... eu contei para você que eu fui expulso do colégio, não contei? – perguntei, enquanto Jun-san apenas concordava com a cabeça, o rosto escondido na curva do meu pescoço, como ele gostava de ficar. – E eu contei que não havia dado importância à ameaça do meu pai de me levar para um reformatório, mas... – engoli em seco. – Mas eu irei para lá em três dias, Jun-san.

Fiquei em silêncio ao ouvir sua respiração falhar, vendo as ondas quebrarem ao longe. Jun me virou em seus braços, me encarando com o rosto lívido.

-Você não está falando sério, está? Ryuutarou! – me encolhi com seu grito, pela primeira vez na vida o vendo realmente descontrolado. – Você prometeu que não me deixaria!

Abaixei minha cabeça, apertando minhas mãos no tecido da calça, mordendo o lábio inferior, concordando com a cabeça. Eu havia prometido e estava faltando com a minha palavra. Eu era deprimente.

-Perdão... perdão, Jun-san. – murmurei, sem coragem de levantar o rosto para encará-lo. Eu não agüentaria ver sua expressão desolada e decepcionada comigo.

-Ryuutarou. Olhe para mim. – sua voz estava fria, como nunca estivera antes e eu temi. Temi pela primeira vez a pessoa que eu amava. Amava. Sim, Junichi havia sido a primeira pessoa que arrebatara meu coração.

Levantei meus olhos, esperando que sua mão acertasse meu rosto ou ouvi-lo dizer que não ficaria ali para mim, mas tudo o que ele fez fora me puxar para si, me beijando de forma desesperada, sendo correspondido prontamente. Nos beijamos até que o ar faltasse, nos obrigando a separarmo-nos. Abri os olhos lentamente, vendo os seus cheios de lágrimas não derramadas.

-Eu não tenho mais tanto tempo para ficar com você, Ryuu-chan. – ele começou, acariciando meu rosto, enquanto eu sentia meus olhos começarem a transbordar as minhas próprias lágrimas. – Eu vou morrer, em um ano ou dois.

“Here we are now with the falling sky and the rain, We're awakening.”

Naquela hora senti meu chão faltar. Eu sabia que era assustadora e, ao mesmo tempo, digna de pena, a imagem que eu fazia, gritando desesperadamente de dor. Não dor física, ainda que meu peito parecesse que iria começar a sangrar a qualquer momento, mas a dor de saber que ele não ficaria comigo pelo resto da minha vida. E que eu iria abandoná-lo quando ele mais precisava de mim. Sabia que era deplorável a forma como eu havia me levantado, me virado para o mar e começado a puxar meus cabelos e arranhar meus braços, até que não tivesse mais força alguma nos joelhos e caísse.

O senti me abraçar por trás, enquanto ele mesmo molhava meu pescoço com suas lágrimas. Que porra de Deus era aquele que me tirava as pessoas pouco à pouco? Quem ele achava que era, para me tirar as pessoas mais importantes em menos de seis anos? Soluçei alto, meu corpo balançando violentamente, enquanto seus braços me apertavam um pouco mais contra si.

Ficamos assim por algum tempo, sem falar palavra alguma, apenas chorando silenciosamente com o mar revoltoso fazendo vezes de trilha sonora. Eu poderia rir, era quase a história de um maldito dorama.

-Junichi...? – comecei, incerto, minhas mãos indo até as dele, apertando-as, fazendo com que o mais velho me largasse, somente para que eu pudesse, novamente, olhar para ele, dessa vez minhas mãos indo até seu rosto, acariciando-o. – Eu vou sair de lá... eu não posso ficar lá, não com você precisando de mim. Por isso... promete que vai me esperar? Vai me esperar para que eu possa o ver novamente?

Eu vi o moreno mais velho assentir, me puxando para si, beijando-me mais uma vez. Mas ao contrário do beijo anterior, esse era calmo, carregado de carinho, fazendo com que a segurança que sentia ao estar com ele voltasse.

Aquela noite nós passamos na praia. Não houve toques mais íntimos, esses nunca haviam existido, em toda nossa relação. Junichi adormeceu em meus braços, enquanto eu recusava-me terminantemente a dormir e perder algum momento que me restava ao lado dele.

“I want to wake up kicking and screaming.”

Pela manhã o moreno me levou até em casa, me deixando na esquina, depositando um beijo rápido em meus lábios, prometendo que voltaria, de noite, para me ver. Eu apenas ri, imaginando-o pular a janela de meu quarto e, mais uma vez, reclamar da trepadeira que, volta e meia, rasgava suas roupas.

O dia passou rapidamente, com meu pai fora e eu trancado no quarto, arrumando a mala para ir para o Inferno na Terra. Vez ou outra me permitia soltar uma ou outra lágrima. E foi com certo alivio que vi o sol se pôr, dando lugar à escuridão da noite. Meu pai ainda não havia voltado e eu, particularmente, esperava que ele não voltasse tão cedo. Eu não queria o encará-lo, queria que o velho morresse no meio do caminho de volta.

Virei-me, ouvindo batidas desesperadas na janela e rindo, indo abrir a mesma, vendo Junichi empoleirado, com uma expressão de medo, temendo cair. Esperei que o mesmo estivesse dentro de meu quarto para poder me jogar em seus braços. Ficamos abraçados por alguns minutos, ou horas, e quando nos separamos, ele me fez sentar na cama.

-Sabe... tenho algumas coisas que eu preciso que você me prometa, Ryuu-chan, antes de ir levá-lo até um local, hoje. – eu assenti, esperando que o mais velho começasse a falar. – Primeiro, quero que você me prometa que, se eu não estiver aqui, quando você der o fora daquele lugar, você vai tocar a sua vida. Não vai se prender ao passado. Em segundo... prometa que vai se entregar somente à pessoa que realmente amar. E, por fim, eu quero que você continue a tocar bateria. Independente de ir para uma banda ou ser somente professor, quero que você continue.

Olhei para o mais velho, sentindo as lágrimas querendo voltar, mas me contive, assentindo, enquanto sorria para ele, antes do moreno me beijar mais uma vez. Nos separamos, depois de alguns minutos, e ele sorriu, me estendendo a mão. Eu ria ao vê-lo pular a janela desajeitadamente, enquanto eu fazia isso de forma quase natural, tirando sarro do maior enquanto íamos até o carro.

Qual não fora minha surpresa ao me ver parado em frente a um estúdio de tatuagem, sendo guiado pelo maior até dentro do local, enquanto o mesmo escolhia alguns desenhos para fazerem em mim.

Somente quando estava na maca, sentindo a dor da agulha na minha pele, é que descobri que eu estava ganhando um dragão que tomava todo meu braço esquerdo e ia até o ombro e parte das costas. “Porque combina, oras.” Quando o tatuador (que eu descobri ser da confiança da família de Junichi) terminou, era madrugada, e eu me sentia exausto. E dolorido. Mas satisfeito em ver o presente que havia ganhado.

Ao sairmos do local, depois de todas as recomendações do tatuador, Jun me parou, antes que eu entrasse no carro, retirando um pacote de presente do banco de trás e me entregando.

-Sabe, é para você usar, quando chegar algum momento especial. – Eu o encarei, antes de abrir o pacote e me deparar com um par de baquetas. Eram simples, mas o diferencial delas eram os desenhos em dourado. Dragões.

Rimos, enquanto seus lábios cobriam os meus rapidamente antes de entrarmos no carro para que ele me levasse para casa. E eu não queria que aquela noite acabasse. Se me fosse permitido, eu desejaria que aquela noite se estendesse ao infinito.

Somente para que na manhã seguinte eu não precisasse estar em frente ao reformatório, sabendo que eu não teria nenhuma certeza se encontraria Junichi mais uma vez.

“I wanna know that my heart still beating. It's beating, I'm bleeding.”

Continua…

0 comentários:

Postar um comentário