sábado, 17 de outubro de 2009

Side B - Shibuyas Day

Capítulo 2

Side B
Shibuya’s day

1–Compre uma roupa nova pra você.

Jin olhou o primeiro item da pequena lista que segurava na mão. Aquilo era fácil!!

Tinha que agradecer Arata e Takeo pelo apoio. Eles nem haviam hesitado quando pedira ajuda pra fazer uma surpresa pro namorado. Era a primeira vez que comemoraria com Jack. Queria que fosse incrível, inesquecível.


Takeo pegara um pedaço de papel e rabiscara algumas palavras, uns passos simples para tornar especial o aniversário de Ryuutarou. E ali estava ele, em Akihabara, pronto para começar.

– Precisa de ajuda?

Uma funcionária da loja de roupas se ofereceu.

Shibuya sorriu aceitando.

Meia hora depois saia já vestindo as peças novas. Uma blusa vermelho vivo, com as palavras “Let’s Party” bordadas em cinza na frente; uma bermuda que vinha abaixo dos joelhos meio larga e com estampa do exército. Comprou um boné de duas abas verde limão com três pompons brancos em cima e um xale xadrez cinza e laranja. Ficou apenas com as meias de listras azul e preto e o coturno desamarrado.

Feliz, conferiu o próximo item da lista.


2–Compre um presente para Jack.

Ali estava algo não tão fácil assim.

O que podia comprar para agradar o namorado? A coleção especial de “Yamato Nadeshiko Shichi Henge”? Um garage kit de Gakuen Heaven? O CD novo de Sendai Komatsu?

Dúvida cruel!!

Resolveu comprar os três. A coleção de mangas, o garage kit e o CD novo. Viu uma toquinha em forma de tigre que combinava perfeitamente com Jack. Comprou também.

Nada mal. O amante ia adorar aquilo tudo!!

Apesar que... parecia faltar alguma coisa. Tinha CD, manga, garage kit... uma touca...

Faltava um DVD, claro!

Entrou em uma das lojas e duas atendentes correram para ajudá–lo.

– Pois não? – a mais baixa sorriu, tentando conquistar sua atenção.

– Gostaria de algo específico? – a outra tentou não ficar atrás.

Jin sorriu empolgado:

– Quero um DVD pro meu namorado!

As moças quase tiveram uma hemorragia nasal. Soltaram alguns “kyaaaah” e uns “nyahhh” e puxaram Jin para a seção de adultos.

– Esse é meio antigo, mas é lindo! – a mais alta afirmou.

– Ele vai amar. – a companheira completou.

Shibuya pegou o box e leu o titulo: “Ai no kotodama”. Parecia bom. Balançou a cabeça algumas vezes:

– Fico com ele. Arigatou!

As moças coraram mais empolgadas do que seria apropriado. Era como se tivessem ganhado o dia.

Jin pagou e saiu da loja com os pacotes. Estava dando tudo tão maravilhosamente bem... leu o próximo item da lista:


3–Compre ingredientes para preparar o jantar. (Comida pronta = proibido)

Franziu as sobrancelhas. Ali a coisa se complicava...

Não se lembrava de comprar “ingredientes” antes. Geralmente essa parte ficava por conta da sua mãe ou era responsabilidade de Arata. Mas se era parte da lista significava que não tinha escolha.

Vagou com os pacotes até achar um mercado. Estava tão perdido que um dos repositores veio se oferecer para ajudá–lo:

– Boa tarde! Precisa de ajuda?

Jin ergueu as sobrancelhas:

– Vou preparar yakisoba. – foi a primeira coisa que lhe veio a mente. Parecia muito fácil de fazer. Até ele, inexperiente na cozinha, podia preparar. – Mas... os legumes...

Coçou a cabeça. O funcionário sorriu e apontou o corredor do hortifruti:

– Eu te ajudo.

– Arigatou! – um sorriso de puro alívio clareou a face do baixista que observou enquanto o outro separava algumas verduras e legumes no ponto certo para o que pretendia.

– Aqui está. – estendeu os saquinhos já pesados e marcados com os preços – Se quiser posso mostrar como prepará–los... – nesse ponto o sorriso não era mais tão inocente. Mas Shibuya estava animado demais para notar:

– Ie. Eu tenho que fazer tudo sozinho. Vou baixar uma receita da Internet! Obrigado por se preocupar. – reverenciou antes de dar as costas e se afastar.

O funcionário suspirou um tanto triste. Quem sabe numa outra oportunidade...

Fora da loja Jin releu a lista. Faltavam apenas dois itens para que as tarefas se completassem.

Antes de voltar para casa passou em uma loja especial. Comprou uma toalha com estampas de personagens da CLAMP e velas aromáticas em formato do bastão mágico de Mahou Tsukai Tai.


4–Volte direto para casa e prepare o jantar.

Ao chegar no apartamento foi saudado por um animadíssimo Trevas.

– Bom menino! – brincou com o cãozinho, afagando–lhe o pêlo macio.

Em seguida escondeu os presentes de Jack dentro da estante. Imprimiu uma receita da Internet, pegou um dos aventais de Arata indo para a cozinha. Devidamente equipado, pegou o papel e leu as instruções.

– Lavar os legumes e picá–los. He, he, he... fácil.

Fácil foi a parte de lavar. Quando pegou a faca afiada, previu problemas. Não sabia nem segurar o objeto direito! Colocou uma cenoura sobre o balcão, segurou com força e ergueu a faca. Ia destrui–la com um golpe.

– KURAEE!!

Errou a cenoura, mas acertou a ponta do dedo. Lágrimas juntaram nos olhos escuros quando sentiu mais do que viu o estrago.

– TREVAS! Cortei o dedo! Cortei o dedo, olha!!

O bichinho latiu, achando que era festa. Jin disparou para o banheiro, pegou o kit de primeiros socorros. Fez a assepsia do corte e protegeu com um band–aid do Batman.

– Isso arde. – soprou o machucado.

Meio desanimado voltou para a cozinha. Olhou o balcão respingado de sangue e o lavou. Pensativo, pegou a cenoura. Não seria derrotado por um simples legume!

– Pelo Jack... – decidiu. Ergueu a afiada faca novamente, pronto para o golpe de misericórdia. – Cenoura yaro, KURAEEE!!

oOo

– Trevas, meu amigo... não tenho mais band–aid. – Jin sussurrou, antes de jogar a caixinha vazia fora. Mexia a mão com cuidado, tendo um curativo em cada um dos dez dedos (três no indicador esquerdo: um com ilustração do Batman e dois do Curinga).

Trevas latiu, parecendo compadecido por seu desastrado dono.

Shibuya voltou devagar para a cozinha, assoprando as pontas dos dedos que ardiam. Pelo menos as verduras estavam cortadas. Com pouca assimetria, evidentemente, prova da falta de acuidade manual, mas cortadas.

– Agora tem que cozinhar.

Pegou uma vasilha de plástico, encheu de água e colocou as verduras antes de levar ao microondas.

– Quanto tempo...? – a receita não dava tempo de cozimento. – Essas cenouras são duras... acho que uns dez minutos deve dar.

Programou o aparelho e foi pra sala. Podia ler um manga enquanto esperava. Sentou–se no sofá, relaxando com Trevas em seu colo. Teve um pouco de dificuldade para virar as páginas, porém logo pegou o jeito.

Tinha se passado uns oito minutos quando sentiu um cheiro estranho e ouviu um barulho oco. Largou o livro e correu de volta para a cozinha. Viu, com horror, que o vidro do microondas estava preto.

– Merda!

Cancelou o procedimento e abriu a porta. A entrada de ar na compressão do interior fez com que o plástico (que derretera) e os legumes (uma meleca misturada de forma indefinida) espirrasse pra fora.

– !!

Jin sentiu aquele treco quente aderir ao tecido da blusa e queimar a pele por baixo do pano. Estava fervendo! Desesperado tentou arrancar antes que se machucasse mais. Jogou a peça no chão. Olhou para o próprio corpo, chocado com as marcas vermelhas no tórax muito branco. Depois olhou a tragédia que se tornara o aparelho eletrônico. Aquilo não devia prestar para mais nada.

Nem as verduras... estavam todas perdidas.

Onde foi que errara?

– Trevas... e agora?

Seu cachorrinho observava quietinho da porta, com medo de entrar. Além do que o cheiro era bem ruim. Jin fungou. Não tinha mais verduras, não tinha forno pra cozinhar e sua roupa nova estava metade destruída. Sem mencionar os ferimentos que conseguira durante a “aventura”.

Olhou as mãos, cobertas de band–aid. Um desastre total. O último item marcado por Takeo passou por sua mente: “5–Quando o jantar estiver pronto, ligue para o Jack.

– Não vou fazer isso. – fungou de novo – Eu estraguei tudo!

Correu para o quarto e jogou–se na cama. Ligou o abajur de Pokémon antes de puxar o edredom e cobrir–se por completo. O que menos queria era ver a expressão decepcionada do namorado quando soubesse da tragédia que se tornara o jantar supostamente romântico.

Ficou ali enquanto a tarde virava noite, até que ouviu a porta se abrindo e passos soando no aposento...

 

Continua....

Tá, eu nunca coloquei nada no microondas por dez minutos. Mas coloquei por seis. E o treco derreteu, mesmo. Então acho que dez minutos causam um estrago maior... 8D

0 comentários:

Postar um comentário