quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Capítulo 2: Meu emprego ou sua reputação?

Nota do autor:
E a assombração está a solta >D


Faziam apenas três dias que o ruivo estava em coma e, diferente do que imaginavam, não era só Hayato que estava preocupado.

O vocalista passava no hospital antes de ir para o estúdio para dar bom dia para o namorado e quando o ensaio terminava voltava para lá, ficando até o horário de visitas acabar. Tinha olheiras fundas e sua voz falhava constantemente, deixando-o com uma aparência frágil e cansada.

Jack também parecia bastante alterado com a situação, sempre olhando ao redor, como se procurasse algo ou alguém. Assustava ao menor ruído e também apresentava leves olheiras.

Seu estado só parecia pior que do vocalista quando o pegavam falando sozinho.

_ Temos que contratar uma equipe nova para cuidar do transporte do equipamento. – anunciou Teruo, avaliando a agenda de viagem.

_ Espero que chamem a mesma que trabalhou com a gente no último live – sugeriu Takeo, sentado num sofá – Se tiver um arranhão na minha guitarra eles vão se arrepender!

_ Eles já estão com outra banda. – o líder respondeu automaticamente, atraindo olhares de soslaio.

_ Quem está com outra banda? – Arata questionou amuado.

_ Huh? – olhou para o vocalista, só agora notando que respondera ao ruivo – Estava pensando alto. Pensei em chamarmos a antiga equipe, mas eles já estão ocupados.

Todos suspiraram aliviados. Jack por escapar de mais uma acusação de loucura e os outros por não terem que interná-lo.

Takeo sorria travesso, se divertindo ao fazer o líder perder o controle.

* * *


_ Eu vou pro hospital. A gente se vê mais tarde Jin-chan! – Hayato colocou a mochila nas costas, pronto para ir embora.

_ Tudo bem, primo. O Jackie vai me levar em casa!

_ Não vai mesmo! – interferiu o ruivo – Jack, leve o Hayato pro hospital, ele não pode ir sozinho!

_ Por que eu faria isso? – já estava cansado daquela assombração lhe dizendo o que fazer.

_ Mas... você falou que ia me dar carona, Jackie... – o namorado comentou choroso, não entendendo porque levou um fora.

_ Eu não estava falando com você! – retrucou nervoso, recebendo olhares assustados – Quero dizer... eu... ah, esquece! Vamos, Ikeuchi!

_ O chibi precisa de tratamento... – o guitarrista deixou o cigarro pender frouxo nos lábios fartos, temendo que a banda entrasse em hiatus – Quer carona pro hospital?

_ Quero sim! Obrigado! – saiu acompanhado do mais velho e do namorado, que xingava e tentava acertar o outro, passando direto por ele.

* * *


Pouco mais de uma semana depois e a banda ia de mal a pior.

Shibuya passava algumas noites acordado, vigiando o primo que voltara a beber em excesso, conseguindo algumas olheiras e falta de atenção.

Jack falava sozinho, às vezes brigava como fazia quando Takeo estava por perto e também respondia perguntas não feitas.

Pobre Ryuutarou, só agora percebia o quanto a amizade com o ruivo era importante para si.

O único que parecia bem era Terushido, tirando o fato que agora se estressava mais facilmente, por ter assumido a tarefa de liderar o grupo temporariamente, já que o baterista não estava em condições mentais de exercer a função.

_ Nós precisamos achar um guitarrista provisório. Ou então adiar os lives.

_ Não vão colocar ninguém no meu lugar! – parecia que o ruivo tinha esquecido que não o ouviriam – Nem morto!

_ Você já está morto. – o baterista comentou sem emoção, logo em seguida, sorrindo amarelo. A desculpar de pensar alto não colava mais.

Porém, dessa vez teve sorte ao ter a atenção desviada para o baixista.

_ Neh, Jackie... e se o Tachii estiver se transformando numa espécie de Yusuke Urameshi? – ninguém entendeu a suposição – Vocês não lêem manga?! O Yusuke morre, mas não tem lugar pra ele nem no céu ou inferno, ele fica vagando na Terra e depois ganha poderes e descobre que é filho do demônio... Nossa! Imagina se o Tachii soltar raio pelo dedo?! – imitou o gesto que viu nos animes, recebendo um cascudo do namorado.

_ Ele não é o filho do demo, é o próprio. – suspirou fundo – Vamos esperar mais alguns dias, se ele não acordar, arrumamos outro guitarrista. – e novamente Jack parecia o decidido e temido líder da P”Saiko.

No chão, Takeo rolava, esperneava e gritava, dizendo que não aceitava ser substituído.

* * *


Jack fora convocado para uma reunião na sala da diretoria, para decidirem o que fazer com os lives. Não podiam adiar muito e mesmo assim, era necessário ter algum outro guitarrista de reserva.

_ Asamura-san, é imprescindível que vocês tenham outro guitarrista de reserva. Não sabemos quando Shiroyama-san irá acordar e não podemos alterar muito as datas. Os fãs já compraram os ingressos e se programaram para isso. Atrasos podem gerar reclamações ou até mesmo processo. E não queremos que a imagem da banda seja manchada.

_ Sei... eles não querem é perder o dinheiro que ganhamos pra eles! – resmungou o guitarrista ruivo, andando ao redor da mesa de reunião – Bando de velhos extorquistas!

_ Terushido-san já está procurando alguns conhecidos que aceitariam trabalhar conosco e que conhecem nossas músicas. – informou o baterista – Mas gostaríamos de pedir um prazo. Hoje iremos ao hospital conversar com os médicos, pedir uma data de melhora para podermos tomar as decisões necessárias.

_ Jackie! – Takeo se surpreendeu com a decisão, indo postar-se ao seu lado – Eu falei que não vão colocar outra pessoa no meu lugar! Espera pelo menos eu morrer de verdade e meu corpo esfriar! Finjam que sentem minha falta!

O ruivo continuou com as reclamações por uns cinco minutos, fazendo o moreninho chegar ao seu limite.

_ Tudo bem Asamura-san, iremos conceder um prazo para...

Ryuutarou levou as mãos aos ouvidos para tapar o som e começou a falar em voz alta:

_ Não estou ouvindo nadinhaaaa! Laa-laa-laa! Não estou ouvindooo!

Todos os presentes encararam-no assustados, intercalando olhares entre si e o músico, alguns balançando a cabeça negativamente, outros pensando se isso era encenação para ganharem tempo até o guitarrista melhorar, mas a maioria cogitava que o líder estava tendo problemas mentais. Possuíam sua ficha e histórico médico, sabiam que ele tinha tendências psicopatas e que mais cedo ou mais tarde isso iria transparecer.

* * *


_ Vamos logo ao hospital ver o estado do Shiroyama, assim aproveito e visito meu psiquiatra. – entrou na sala reservada à P”Saiko, batendo a porta com força, resmungando contra aqueles velhotes idiotas.

_ Psiquiatra? – Jin olhou assustado para o amante, temendo que seu estado tivesse piorado – O que houve Ryuu-chan?

_ Aquela peste ficou me atormentando durante a reunião, e quando eu o respondi, os diretores acharam que eu estava falando sozinho e me pediram pra atualizar meu histórico médico. – bufou, revirando os olhos, recebendo olhares temerosos – Eles chegaram a sugerir que eu me internasse! Eu não estou louco, o espírito do Shiroyama está me atormentando desde que ele entrou em coma! Juro!

_ Chibi... melhor você procurar seu psiquiatra... – Teruo esfregou a têmpora, sentindo sua cabeça doer – Sinto muito lhe dizer isso, mas nem nós três acreditamos nessa história.

_ Mas é verdade! – bateu as mãos na mesa, irritado por não o levarem a sério – Ele fica andando atrás de mim o dia todo, falando o que tenho que fazer, dando sugestões idiotas e pedindo ajuda pra resolver assuntos pendentes!

_ E por que Shiroyama apareceria para você, ao invés de aparecer para Arata? – tragou o cigarro, tentando acalmar-se – Seria mais sensato ele tentar falar com o namorado, não acha?

_ Credo! – Arata benzeu-se, sentindo um arrepio subir por sua coluna – Não brinca com isso Teruo!

_ Você deve ter algum dom pra ver fantasmas, Jackie! – sugeriu o ruivo, brincando de assoprar no pescoço do namorado.

_ Eu não sei por que ele está atrás de mim, droga! – deu um soco na mesa, extravasando a raiva – Não pedi para ele aparecer pra mim, não vou com a cara dele e não tenho porcaria de dom nenhum para ver fantasmas, Shiroyama! E pare de assoprar na nuca do seu namorado! – olhou para algo atrás de Izumi, fazendo-o se arrepiar mais.

* * *



Os cinco integrantes da P”Saiko estavam reunidos no consultório do psiquiatra de Asamura, para terem certeza que ele não iria falsificar o documento ou chantagear o médico a fazê-lo.

_ Tem problemas para dormir, Asamura-san? – questionou o médico, anotando algo em um papel.

_ Insônia, ultimamente. – respondeu sem ânimo, temendo o resultado que essa consulta iria levá-lo.

_ Está tomando seus remédios nos horários e quantidades certas? – anotou mais algo.

_ Jack, ele ta rabiscando desenhos aleatórios na folha. – sussurrou o ruivo, parado atrás do médico.

_ Cala a boca, Shiroyama! Você está piorando minha situação! – o médico arregalou os olhos, dessa vez anotando algo importante no papel.

_ Ele fala sozinho e há alterações bruscas no humor... – Takeo ia lendo em voz alta, enquanto o baterista batia a cabeça na mesa.

_ Sou só eu, ou você também tem medo do Jack quando ele faz isso? – Arata sussurrou para Teruo, olhando de soslaio para o líder – Eu quase enfartei quando ele gritou comigo no estúdio.

_ Se ele estiver vendo fantasmas, – cochichou em resposta – a culpa é do Shiroyama por estar assombrando. O que eu acho muito difícil. Agora, se ele estiver ficando louco, o que é mais provável, também é culpa do seu namorado, por perturbar tanto os outros.

_ O Takeo não faz isso sempre... – tentou defender o amante – Ok, ele faz... mas não a ponto de deixar alguém ficar louco de verdade... ou deixaria...?

_ O Jackie está falando com o fantasma do Tachii! – anunciou o baixista, sendo fuzilado pelo olhar do namorado – Ele vai arrumar uma foice e andar pelos cemitérios, com aquelas capas pretas e... – parou ao receber um chute na perna.

_ Asamura-san... há quanto tempo está tendo essas... visões? – questionou receoso.

_ Desde que o Takeo entrou em coma... – decidiu explicar tudo, pra ver se seu caso tinha solução – Ele apareceu pra mim no mesmo dia que aconteceu o acidente e vem me atormentando desde então.

_ Esse Takeo era algum amigo muito querido ou alguém especial pra você?

_ Não, nós sempre nos desentendemos... somos apenas colegas de trabalho.

_ Mentir é feio, Jackie! – intrometeu-se novamente o baixista – O Tachii diz que você é o segundo melhor amigo dele!

_ De onde tirou isso, Inferninho?

_ Ikeuchi, seu dedo-duro! – berrou o ruivo – Não te conto mais nada!

_ O Tachii me contou uma vez. Ele disse que só implica com quem ele gosta. – parou um instante pensativo – Acho que é por isso que ele pega tanto no meu pé... – sentiu-se orgulhoso por ser o melhor amigo do guitarrista.

Quarenta minutos e várias perguntas depois, os músicos foram liberados. Por sorte o médico só aumentara as doses dos remédios do baterista, pedindo também que ele descansasse bastante.

Continua...

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