quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

The Taming of the Shrew - parte 1

Notas do Autor:
Não foi betado, relevem os erros, onegaishimasu.

O jovem professor correu os olhos pela classe, sentindo-se desolado. Por que, em nome de Kami-sama, ele tinha que aturar aquilo? Ah sim, o diretor "gentilmente" o convencera a aceitar aquela turma.

"São alunos extremamente dedicados e simpáticos", ele dissera. "Vão adaptar-se a você rapidamente, Terushido-sensei."


Bem, ele poderia ver como se adaptaram. Principalmente aqueles três em especial. A figura sentada no fundo da classe, dormindo sobre a estrutura de madeira da mesa era Asamura Ryuutarou, presidente do clube de Magia Negra. Ouvira alguma coisa sobre ele ter ameaçado o diretor, mas não dera muita atenção. Já estava dando aula para a classe há uma semana e em nenhum momento vira o rosto do aluno. Somente a massa de cabelos negros, que caía sobre braços e costas.

Ao contrário do ruivo, sentado no meio da classe, que encarava o quadro negro com visível tédio, segurando o rosto em uma das mãos. Não que os outros alunos ali tivessem uma face diferente, mas Shiroyama Takeo nem ao menos fazia questão de esconder o celular, com o qual trocava mensagens e fazia um sorriso sacana aparecer em seu rosto. O mesmo sorriso de quando via o aluno novo. Preveria problemas com aqueles dois.

O aluno  em questão, Ikeuchi Jin, tinha os olhos grudados em uma edição da Shonem Jump, vez ou outra tirando os fios da franja despontada de frente do rosto. Fora a quantidade absurda de bottons em seu uniforme e mochila e os chaveiros barulhentos, que faziam o professor se irritar, cada vez que os escutava.

Por que os alunos não poderiam ser todos iguais a Hayato-kun, que era o representante da classe, aluno concentrado e aplicado, que sempre prestava atenção em tudo que... parou, piscando algumas vezes e apertando o giz que tinha entre os dedos, girando os olhos. Aquilo era um celular nas mãos de Hayato Izumi?

-Vou fumar. - disse, resmungando, saindo da sala e ganhando os corredores, sob os olhares assustados de alguns alunos. Para seu dia ficar ainda melhor, só faltava...

-TERUO-SENSEEEEEI!!! - Yuura virou o rosto, vendo a figura alta e esguia na outra ponta do corredor, acenando para si, com um sorriso de orelha à orelha, começando a andar em sua direção.

Em questão de segundos, Terushido Yuura, professor de biologia dos terceiros anos, havia sumido, deixando para trás um desolado Gensuke-sensei, docente de artes.

x-x-x

-Primo, onegai, você precisa me ajudar! - Jin andava atrás de Hayato, com uma expressão de puro desespero no rosto bonito, unindo as mãos como em uma preçe, enquanto Arata passava os dedos pelos cabelos compridos, suspirando pesadamente.

-Sinto muito Jin-chan, mas dessa vez eu não vou poder ajudá-lo. - o rapaz com uma mecha truiva na franja respondeu, mordendo o lábio inferior. Sentia pena do primo, por estar tão assustado, mas ele não poderia fazer aquilo.

-Eu já fui falar com o responsável pelos dormitórios, mas ele disse que não existe mais nenhum vago... Primo, onegai, torca de quarto comigo!

-Mas Jin... - Arata começou, olhando para o mais velho, franzindo as sobrancelhas. - Não deve ser tão ruim assim dividir o qurto com Asamura-san.

-Bem...

-flashback on-

Os garotos estavam deitados em suas respectivas camas, as luzes já apagadas e os corpos e mentes relaxados depois de um dia exaustivo de aulas. Ou melhor... quase isso.

Jack se revirava na cama, ora puxando as cobertas para cima da cabeça, ora colocando o travesseiro fofinho sobre o rosto, somente para tapar a luz. Mas era uma batalha inutil, já que reflexos do abajur de Pokémons insistiam em entrar pelas frestas.

Já Ikeuchi se revirava na cama por outros motivos. O principal deles era o pôster de Sakurai-sama que olhava fixamente em sua direção, com um sorriso. Um sorriso macabro de um vampiro que está prestes a atacar sua presa, a moçinha virgem. Não que ele fosse uma moçinha.

-Ikeuchi... - a voz cansada soou pelo quarto, fazendo o otaku dar um pulo de susto em sua cama e sentar-se, para encarar o colega, que o fuzilava com os olhos inchados de sono. - apague este abajur. Agora.

Engoliu em seco. Asamura não poderia estar falando para fazer isso, certo? Tudo bem que eles haviam se conhecido em circunstâncias não muito agradáveis e que a relação deles como roomates não era das melhores, mas... mas... ele não poderia fazer isso.

-Mas Jack... eu não posso! - a voz saiu fraquinha e tremida, mas um olhar mortal fora o suficiente para debruçar-se sobre a mesinha de cabeceira e apagar a luz, ouvindo um suspiro satisfeito por parte do moreninho.

Ainda ouviu um farfalhar de cobertas e logo depois o silêncio. Ficou ainda alguns minutos escorado na cabeceira da cama, olhando ressabiado para a janela e para a parede oposta à si, com os posteres do mais novo, sobressaltando-se a cada mínimo barulho.

Levantou-se, dando por vencido e indo até a cama de Ryuutarou, e abaixando-se ao lado da mesma, olhando para o pequeno por alguns segundos. Ele não parecia tão assustador, quando estava dormindo placidamente.

-Jack... - chamou baixinho. - Jaaaack. - insistiu mais uma vez, porém sem levantar o tom de voz, ouvindo um resmungo sonolento como resposta. - Posso dormir com você?

Não sabia se era uma resposta consciente por parte do colega, mas um espaço foi aberto na cama, o que Shibuya interpretou como um sim, subindo na cama e deitando-se ao seu lado. Ficou alguns segundos em silêncio, até sentir-se ser abraçado pelo menor, arregalando os olhos e travando. Arriscou ainda um olhar para o mesmo, mas sorriu, quando viu que ele não dava mostras de acordar tão cedo. Sentindo-se um pouco mais seguro, Shibuya dormiu como um anjo a noite toda.

Para acordar sendo chutado da cama e tendo coisas arremessadas contra si pela manhã.

-flashback off -

-Awwwn... que bonitinho. - a voz com o constante tom de zombaria de Shiroyama soou pela biblioteca, enquanto Ryuutarou tinha a face afogueada, tentando escondê-la com os cabelos, desviando os olhos, vez ou outra. - Então você acordou agarradinho com o vácuo-boy como um ursinho de pelúcia. Da próxima vez me chama, eu quero tirar uma foto para guardar de recordação.

-Morra Shiroyama! - Jack quase gritou, atraindo alguns olhares enquanto espalmava a mão na face de Takeo, apertando com força, fazendo o maior gemer de dor.

-ITE! ITEEEEE! Jack isso dói! - levantou-se, sendo puxado pelo pequeno pelo corredor, sob os olhares dos outros alunos. Os que não os conheciam tinham uma expressão assustada, os outros, somente riam de algo já tão comum, enquanto que a bibliotecária jurava a si mesma jamais deixar aqueles dois entrarem lá novamente.

x-x-x

-BOA TARDE MEUS QUERIDOS POÇOS DE IGNORÂNCIA PRONTOS A SEREM MOLDADOS COM A MINHA INCRÍVEL INTELIGÊNCIA! - a voz do ser espalhafatoso, que entrava na classe com uma caixa de livros fez com que Shibuya fechasse rapidamente o mangá que lia, Takeo sentar-se muito reto na cadeira e Jack acordar, dando um pulo e olhando desorientado para os lados. - Eu sei que vocês estão estupefatos com minha beleza, mas alguém pode me ajudar aqui? Essa caixa está pesada e eu não quero estragar as minhas unhas.

Um garoto levantou-se correndo, indo de encontro ao professor de artes, o auxiliando. Recebeu um beijo na bochecha como agradecimento, fazendo uma careta enquanto voltava para a carteira, sentando-se nela e sendo zombado pelos colegas em volta.

-Minhas crianças amadas, hoje é um dia especial. Hoje começaremos a estudar teatro! - o professor bateu palminhas entusiasmadas, sorrindo largamente. - E nada melhor do que começar ensaiando uma peça para o dia da visita dos pais à escola!

Todos, sem exceção se entreolharam abismados. Gensuke-sensei realmente queria que eles ensaiassem uma peça de teatro? Ressabiado, Arata levantou uma mão, começando em uma voz quase sumida.

-E... e qual a peça escolhida, sensei? - o professor sorriu ainda mais largo, indo até a carteira do representante e sentando-se sobre ela, inclinando-se sobre o aluno, que colou as costas no apoio da cadeira, fugindo do olhar quase maníaco do mais velho.

-A peça mais linda e perfeita, que combina com todos vocês, meus amores! - Gensuke passou os dedos pelos fios longos de Izumi, arrancando um rosnado baixo por parte de Takeo. - A Megera Domada, de Shakespeare.

Um "Oh" de surpresa genuína fora escutado por toda a classe. A maioria deles ali acreditava que o  excêntrico professor escolheria Romeu & Julieta ou alguma outra obra que exalasse purpurina por todos os cantos.

-E eu já tenho os papéis que cada um irá representar. - o homem levantou-se, caminhando até sua mesa e pegando os apontamentos, abrindo-os rapidamente. - Levantem-se conforme eu for chamando. - Demorou-se algum tempo, chamando pelos alunos que fariam os personagens secundários, sorrindo ao chegar ao final da lista. - Izumi-kun? Você será Bianca. Shiroyama-kun, Lucêncio, apaixonado de Bianca.

Jack engoliu em seco. Se Izumi e Shiroyama haviam ficado como os apaixonados, ele temia o que viria para si. Se desse alguma sorte, estaria escalado para a parte técnica.

-Agora minha escolha preferida. Os papéis que mais se encaixam em quem irão representá-los. - Gensuke sorriu mais largo, abrindo os braços. - Ikeuchi-kun, será Petrucchio, o gentil homem de Verona, pretendente da espirituosa Catarina, interpretada por Asamura-kun!

Como se fosse um daqueles animes que Shibuya gostava, tanto ele quanto Jack ficaram brancos como papel, enquanto todos os rostos viravam-se na direção de ambos.

-O QUEEEEE? - gritaram em unissono, vendo todos na sala encolherem-se.

Aquilo não poderia estar acontecendo...

 

Continua na parte 2.

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