quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Capítulo 3

-Jack... eu sei que você é um cara sensato, um cara legal, e que vai liberar meu irmão, o Shibuya e o Takeo, né?

-Eu vou?


-Vai. O Hayato vai, finalmente, fazer uma coisa certa na vida, além de ter entrado na P”Saiko, e vai pedir o Takeo em namoro. Coisa que, sabemos, ele deveria ter feito há muito tempo.

-Certo. E onde eu entro nisso?

-Na parte onde não é nada romântico pedir em namoro entre uma música e outra do ensaio. Algo casual como “Vamos tocar Jealousy agora” e então no final “a propósito Takeo, quer namorar comigo?”.

-Eu achei bem a cara do seu irmão. –Teruo riu e Arata apontou um dedo médio pro guitarrista.

-Ele me envergonha às vezes... –A menina deu um muxoxo. –Bom o que pretendemos é o seguinte...

ooo

Takeo queria falar com Arata. Iria convidá-lo pra passar o final de semana junto com ele. Tinha lá suas desconfianças do que o rapaz estaria aprontando e que poderia recusar o convite por causa da visita da irmã, mas nunca se arrependeu de tentar, então era isso que faria. Entrou na sala de estúdio encontrando apenas Jack e Teruo cuidando de seus instrumentos e se aproximou do líder.

-Hayato não vem hoje? –Perguntou atraindo a atenção dos dois músicos.

-Arata-san já esteve aqui com a irmã e já saiu junto com o Ikeuchi. Liberamos todos para uma folga.

-Folga? Você anda muito bonzinho Jack.

-Vai se ferrar Takeo.

-Sabe pra onde foram?

-Mandei Jin passar primeiro no Gensuke-san. –Respondeu. –Tem umas...

-Valeu.

E saiu da sala sem esperar que Jack terminasse de falar ou que Teruo abrisse a boca. Às vezes o outro guitarrista resolvia tirar um sarro com ele e acabavam os dois se alfinetando, mas hoje não ia dar atenção a nada. Hoje era especial e precisava encontrar seu vocalista.

Sozinhos novamente no estúdio, Jack deixou um sorriso enviesado formar no rosto voltando a guardar seus instrumentos e papeis. Teruo o abordou com um sorriso de canto.

-Como você caiu na conversa dela?

O líder soltou um risinho discreto.

-Eu queria que gravassem isso.

ooo

Chegando na sala do figurino, avistou o profissional e seus ajudantes reunidos na grande mesa ao fundo, provavelmente decidindo alguma coisa. O grupo parou de conversar quando perceberam que Takeo estava diante deles. Gensuke deu um risinho e saudou o ruivo que parecia apreensivo.

-Ahh que surpresa boa, Takeo-san! –Exclamou. –Sabe que estávamos falando de você a pouco tempo?

-Ah ta, mas agora eu não posso ficar pra ver nada Gensuke, viu o Arata?

-Não pode ficar? Isso foi indelicado da sua parte ruivo, vem cá. –Aproximou-se puxando pela mão. –Preciso que diga, qual estampado seria melhor. Sério, estou num baita dilema. Temos preto e branco tipo vaquinha... –E jogou o pano por cima do ombro do guitarrista. –Francamente, acho que isso não combina... O que acham rapazes?

O ruivo abria e fechava a boca sem ter como argumentar, ligeiramente horrorizado pela estampa de vaquinha e sem saber como fazer aquele grupo não avançar para mais perto. Aquilo estava virando um filme trash série B, onde os ajudantes do figurinista falavam quase todos ao mesmo tempo.

-Talvez fosse melhor aproveitar a cor dos cabelos... –Um dos rapazes pôs uma peça de vermelho vivo sobre o tecido anterior.

-Melhor aproveitar a cor dos olhos. –Disse um outro, jogando um tecido cinza sobre o ombro livre.

-Tira o vermelho, acho que o cinza dá certo. –Riu o estilista encarando um ruivo que praguejava baixinho.

-O Jack pediu pro Ikeuchi vir aqui, pra onde ele foi? –Perguntou entre dentes.

-Jin-chan? Ahhhh... –Tirou as peças do guitarrista e veio com uma fita métrica medindo e registrando os números. –Takeo seus ombros estão mais largos... –comentou. –Tem feito exercícios?

-G-san, não testa minha paciência...

-hunf! –parou de medir e encarou o ruivo com um sorrisinho de quem ia aprontar logo. –O Jin esteve aqui faz um tempo. Ele, o Arachi e uma menininha fofa.

-A irmã do Hayato.

-Ah isso! Como é mesmo o nome...?

-Hana. –Respondeu e G-san bateu as mãos.

-Isso! Hana-chan! Um amorzinho.

-Sim, e pra onde foram?

-Hum... Acho que ela queria comer alguma coisa... Disseram que passariam no quinto andar e...

-Tchau!

O ruivo saiu correndo do salão direto para a escada. Estava no sétimo andar, e no quinto era onde ficavam os restaurantes e lanchonetes do prédio empresarial. Se corresse ainda conseguiria encontrá-los, afinal aquilo era sempre muito cheio e normalmente perdiam bastante tempo para almoçar ali. E tinha aquele fast food que o Ikeuchi sempre freqüentava, a primeira tentativa seria ela e depois o café que ele e Hayato tomavam o lanche da tarde.

Takeo olhava para todos os lados em busca de algum rosto conhecido e haviam muitos deles. O problema era que nenhum era quem procurava. Depois de passar no fast food, foi até a lanchonete onde gostavam de tomar café e se aproximou do caixa. Uma mocinha muito simpática que já conhecia a maioria dos clientes assíduos pelo nome o cumprimentou animada com o costumeiro sorriso com gloss. “Parece uma... cereja?”, pensou enquanto exibia seu melhor sorriso para conseguir a informação que queria.

-Oi Takeo-san!

-Oi Mai-chan. Viu o Hayato hoje?

-Hayato-san...? –Ela pareceu ponderar por um momento. –Sim... Ele esteve aqui faz pouco tempo... Eu acho. –sorriu envergonhada. Ali as horas passavam muito rápido sem que percebesse, ou se arrastavam com o marasmo dependendo do movimento do dia. E aquele estava sendo bem agitado.

-Então... Sabe se ele disse algo sobre... Para onde ia quando saiu?

-Onde? –A garota encarou Takeo como se ele tivesse chifres na cabeça. –Bom... Vocês não costumam me dar satisfações né?

-Ai... que fora... Você não era assim Mai-chan. –Armou um bico resignado e os olhinhos pidões. –Mas você está sempre ligada nas informações, achei que nada escaparia de você. –falou com a voz mansa, já se debruçando no balcão para dar toda atenção à garota.

-Ai Takeo... –ela girou os olhos sorrindo. –Tá, eu ouvi alguma coisa.

-O que?

-Não sei ao certo... Sabe que eu acho linda aquela blusa preta da tour da P”Saiko?

-Acha? Tenho certeza que temos uma guardada no nosso estúdio...

-Com o autógrafo dos cinco ela seria única... –comentou apoiada do outro lado do balcão com os olhinhos brilhando sonhadores.

-Possivelmente... –Falou baixinho conferindo o relógio. -Então... Eu posso dar uma olhada nessa blusa pra você. O que sabe do Arata?

-Ah sim, ele estava aqui com Shibuya e uma garota. Ela disse que a primeira parada deles seria Roppongi Hill.

-Roppongi?

Não estavam tão distantes, mas de moto com certeza teria alguma vantagem.

-Arigatou Mai-chan! -se debruçou no balcão depositando um beijo estalado na bochecha da garota e saindo da lanchonete quase correndo.

Próxima parada: Roppongi Hills.

 

Continua...

0 comentários:

Postar um comentário