quinta-feira, 22 de julho de 2010

Parte III

Brain and Pink
Kaline Bogard
Parte III

– Procura direito, Shibuya!

– Eu to procurando!

– Me dá isso aqui!

E Takeo puxou a mochila do otaku pra mais perto.  Ambos estavam de cócoras em frente ao apartamento de Asamura.  Mas não conseguiam achar a chave da porta, por mais que revirassem as bugigangas dentro da mochila.


– Tem certeza de que trouxe?

– Tenho! – Jin inclinou-se mais, tentando enxergar no que Takeo fuçava naquele instante.

– Hum... – o guitarrista resmungou ao ver o PSP novinho, apertado entre mangas e DVDs, pacotes de bolacha e pirulitos – Porque você carrega tudo isso?

– É um kit de sobrevivência.  A gente nunca sabe quando vai ser levado para outro mundo.

Takeo riu divertido, descontraindo-se um pouco:

– Você não falou sério! – empurrou os objetos ao ver um vislumbre prateado no fundo.  Só podia ser a chave!  Empolgado, abaixou-se mais quase enfiando o rosto dentro da mochila.

Jin também inclinou-se, preocupado que Takeo estragasse mais alguma coisa.  Ia responder quando a porta do elevador se abriu e Arata e Jack saíram, surpresos pela cena a frente:

– Primo?  Takeo? – Hayato falou alto.

O guitarrista base levou um susto tão grande que levantou a cabeça apressado e acabou acertando Jin no queixo.  Desequilibrados, caíram sentados no chão.

– Owt! – o ruivo esfregou o topo da cabeça.

– Ittai! – o moreno massageou o queixo.  Sorte que não mordera a língua.

– O que vocês estão fazendo aqui? – era Hayato que novamente interrogava.  Jack apenas assistia a cena, com uma expressão impassível na face.

Takeo, com as duas mãos na cabeça, encarou o amante.  A primeira coisa que notou foram as sacolas com o logo da Sexshop.  Estreitou os olhos com raiva e ficou em pé:

– Eu sabia! – saiu correndo em direção ao elevador que ainda estava aberto, passando entre Izumi e Asamura.

– Tachi! – Shibuya abraçou a mochila aberta, tentando manter as coisas dentro dela e saiu correndo atrás do ruivo, entrando no elevador.

Meio segundo após a porta fechar, ela voltou a se abrir.  Ikeuchi saiu de dentro com uma expressão quase mórbida, de quem estava prestes a desmaiar.  Caminhou abraçado a mochila em direção as escadas e desceu os degraus devagar, até sumir das vistas dos outros dois.

Arata e Jack se entreolharam.

– Acho que eles descobriram. – o vocalista palpitou.

– Eu avisei que ia dar errado.

– E agora?

Jack deu de ombros:

– Já viemos até aqui.  Vamos acabar com essa merda de uma vez. – o líder sabia que Hayato estava super empolgado.  E, apesar de nunca admitir, o próprio Jack se divertia.  Se soubesse teria feito com Shibuya há mais tempo.  Devia ser muito melhor fazer aquilo com quem se ama.

– Mas...

– Depois que terminarmos você conversa com ele.

– Hn.  E o Teruo?  Avisou que não teremos ensaio amanhã?

Jack apenas balançou a cabeça concordando.

oOo

Takeo respirou fundo em frente a porta do estúdio.  Estava com uma expressão horrível, de quem atravessara a noite insone.  Os olhos estavam vermelhos, inchados e rodeados por olheiras.

Tivera sonhos ruins dos quais não se lembrava, mas sentia que estavam ligados ao vocalista e amante.

Pensara seriamente em nem aparecer no ensaio, mas fugir não era a solução.  Ele nunca fora homem de evitar problemas.  Preferia encará-los de frente e resolvê-los da melhor forma possível.

Mesmo que significasse o fim do namoro com a pessoa que mais amava no mundo.

– Ohayou, Tachi! – a voz de Jin quebrou o silêncio do corredor.  O baixista aproximou-se do amigo e tocou-lhe o ombro – Está tudo bem?

Takeo não teve reação.  Não sabia se se indignava com a alegria e indiferença de Shibuya ou se ignorava o baixista.  Acabou se decidindo pela segunda opção.  Abriu a porta do estúdio e entrou na sala.

Assim que pôs os olhos lá dentro sentiu-se caindo em uma realidade alternativa, um mundo paralelo, daqueles em que Jin parecia viver:

– Mas que...

Observou Arata com uma roupa de veludo branca que o deixava todo fofinho, assim como as orelhas de coelhinho encaixadas nos cabelos escuros, destacando a mexa ruiva.

Jack não estava de branco; mas, por mais incrível que pudesse parecer, também levava as orelinhas sobre os cabelos negros e lisos.  Os dois pareciam tão fofos que dava vontade de apertar.

A surpresa perduraria por mais tempo, se dois ou três clicks não fossem ouvidos de forma quase instantânea.  De alguma forma inexplicável o celular fora parar nas mãos de Jin, e o baixista já tirava fotos dos “coelhinhos”.

– Hayato... – Takeo parecia confuso.

O vocalista ergueu os braços e mostrou a sacolinha de papel.

– Feliz dia de São Valentim.

Arregalando os olhos Shiroyama percebeu a data especial.  Era catorze de fevereiro!  Dia de trocar chocolate com os meninos que você gostava.  Desconcertado aceitou a oferta.

Jack também esticou uma das mãos:

– Pra você, Inferninho.

Jin sorriu largo e apressou-se para pegar o presente.  Dentro havia um coração de chocolate, todo confeitado com estrelinhas e pequenas luas coloridas, algumas meio tortas, mas ainda assim atrativas.

– Arigatou, Usagi-chan! – agradeceu fazendo o moreninho rolar os olhos.

Ainda sorrindo, o otaku tirou a mochila das costas e pegou um pacote de dentro:

– Pro Jack.  Feliz dia de São Valentim!

O queixo de Takeo foi ao chão.  Jin comprara um modelinho de chocolate.  A Sailor Mars!  Lembrou-se das palavras dele no dia anterior.

– Eu não gosto de chocolate. – Jack recusou o presente.

– Sei disso.  Pode deixar que eu como o chocolate.  O seu está aí dentro...

Franzindo as sobrancelhas Jack abriu a embalagem com cuidado.  Aos pés da boneca de chocolate havia um pequeno cartão colorido.  Assim que reconheceu o logotipo impresso no papel, os olhos brilharam tanto que fariam inveja a mais resplandecente estrela:

– Um vale sorvete! “Coma o quanto puder”! – olhou agradecido e feliz para o namorado.  Shibuya ficou sem palavras ao perceber que finalmente dera uma dentro.

– Vamos hoje a noite.  Um encontro! – o mais velho convidou.

– Hn! – Asamura já pensava em todo o sorvete que tomaria.

– Não vai abrir o seu, koi? – Arata perguntou vendo o jeito perdido do guitarrista.

– Chocolate caseiro? – perguntou baixinho.

– Hai!  Eu estava ensinando o Jack a fazer.  Ele não gosta, sabe.  Foi difícil convencer.  Mas quando eu garanti que o Jin ia ficar feliz... ele aceitou.

–...

O vocalista aproximou-se do amante e sussurrou-lhe ao ouvido causando arrepios:

– Eu comprei umas coisinhas bem legais ontem a tarde.  A gente pode testar tudo com a calda de chocolate que sobrou. – insinuou provocante.  Não conseguira convencer o líder a comprar os itens criativos do Sexshop, mas o fizera preparar chocolate caseiro. Já era um grande passo.

– Eu pensei... – Takeo falou hesitante.  Antes que terminasse a frase, Hayato o interrompeu:

– Você sentiu ciúmes.  Koi, não precisa ficar assim.  Eu posso sair com meus amigos e ainda assim pensar em você o tempo todo.  Meu amor não tira férias.  E eu prometo que compenso depois. – e sorriu fechando os olhos.

– Não é nada disso. – Jin se meteu, falando depois de dar uma generosa mordida no coração de chocolate – Na verdade...

– SHIBUYA! – Takeo berrou querendo impedir o otaku de fazer uma besteira.  Não podia deixá-lo falar a verdade!  Arata ficaria magoado e a culpa era toda sua por se deixar cegar pelo ciúme.

– Nani...? – o baixista mordeu o chocolate outra vez.

– Eu vou comer isso aí! Parece bom! – ameaçou desesperado.

–De jeito nenhum! – Jin deu um passo pra trás. – Você tem o seu!  Esse é meu!

Takeo ia rebater quando o celular de Izumi avisou o recebimento de uma mensagem:

– Oh.  É o Teruo. – digitou uma resposta rapidamente.

– O que ele queria? – Takeo emburrou.  Porque o outro guitarrista tinha que mandar mensagem pro namorado alheio?

– Ele só queria confirmar nosso encontro amanhã.

– Encontro?!  Que encontro? – o monstrinho do ciúmes estava despertando outra vez.

– Coisa de amigos. – Arata respondeu todo sorridente.

– Hum.. Shibuya...? – Takeo chamou o baixista.

– Nani? – Ikeuchi respondeu com a boca cheia.

– Tem planos pra amanhã?

–Porque? – imediatamente desconfiado Jin rebateu com outra pergunta.

– Pra gente brincar mais um pouquinho, Pink...

– Eu não! – Jin catou a mochila e foi saindo de mansinho, não sem antes depositar um selinho nos lábios do namorado e sussurrar “te vejo a noite” – Suas brincadeiras só dão errado!

– Ah, vamos lá Ikeuchi.  Eu deixo você ser o Cérebro dessa vez!

Izumi e Asamura olharam o baixista praticamente correr para fora da sala, com Takeo o seguindo de perto.  Então os “coelhos” se fitaram:

– Brincadeira? – Jack perguntou de sobrancelhas franzidas, enquanto tirava as orelhas da cabeça.

– Cérebro?  Pink? – Arata soou igualmente confuso, livrando-se do adorno de pelúcia.

Estreitando o olhar, o líder da banda acusou:

– Você conhece as brincadeiras do seu namorado, Izumi.  Se ele passar dos limites juro que não deixo barato.

– Ora Jack.  O Takeo e o Jin nunca fariam nada que... você trouxe o capacete extra?

– Trouxe. – o moreninho acenou com a cabeça. – Vamos logo, antes que os percamos de vista.

Concordando silencioso Hayato juntou-se ao líder e juntos foram atrás dos respectivos namorados.  Não que ao confiassem neles, mas... fariam aquela pequena “investigação”, como se fosse uma “brincadeira de detetives”.  Nada mais.

 

Notas finais: Nossa, como esse final ficou horroroso. Começar uma fic é fácil. Desenvolver uma fic é fácil. Terminar é phoda, Manolo!!!
Estraguei os quatro ai, mas foi meio de propósito. É nonsense, gente, dá um desconto.
Presente pra Nii chan, pelo ASPN do SP! Espero que goste Muffin. E se alguém tiver uma inspiração, pode escrever pelo POV do Hayato e do Jack. Bem que eu queria ver no que isso ia dar!
Rsrsrss
E no fim... foi divertido escrever!

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