Brain and Pink
Kaline Bogard
Parte III
– Procura direito, Shibuya!
– Eu to procurando!
– Me dá isso aqui!
E Takeo puxou a mochila do otaku pra mais perto. Ambos estavam de cócoras em frente ao apartamento de Asamura. Mas não conseguiam achar a chave da porta, por mais que revirassem as bugigangas dentro da mochila.
– Tenho! – Jin inclinou-se mais, tentando enxergar no que Takeo fuçava naquele instante.
– Hum... – o guitarrista resmungou ao ver o PSP novinho, apertado entre mangas e DVDs, pacotes de bolacha e pirulitos – Porque você carrega tudo isso?
– É um kit de sobrevivência. A gente nunca sabe quando vai ser levado para outro mundo.
Takeo riu divertido, descontraindo-se um pouco:
– Você não falou sério! – empurrou os objetos ao ver um vislumbre prateado no fundo. Só podia ser a chave! Empolgado, abaixou-se mais quase enfiando o rosto dentro da mochila.
Jin também inclinou-se, preocupado que Takeo estragasse mais alguma coisa. Ia responder quando a porta do elevador se abriu e Arata e Jack saíram, surpresos pela cena a frente:
– Primo? Takeo? – Hayato falou alto.
O guitarrista base levou um susto tão grande que levantou a cabeça apressado e acabou acertando Jin no queixo. Desequilibrados, caíram sentados no chão.
– Owt! – o ruivo esfregou o topo da cabeça.
– Ittai! – o moreno massageou o queixo. Sorte que não mordera a língua.
– O que vocês estão fazendo aqui? – era Hayato que novamente interrogava. Jack apenas assistia a cena, com uma expressão impassível na face.
Takeo, com as duas mãos na cabeça, encarou o amante. A primeira coisa que notou foram as sacolas com o logo da Sexshop. Estreitou os olhos com raiva e ficou em pé:
– Eu sabia! – saiu correndo em direção ao elevador que ainda estava aberto, passando entre Izumi e Asamura.
– Tachi! – Shibuya abraçou a mochila aberta, tentando manter as coisas dentro dela e saiu correndo atrás do ruivo, entrando no elevador.
Meio segundo após a porta fechar, ela voltou a se abrir. Ikeuchi saiu de dentro com uma expressão quase mórbida, de quem estava prestes a desmaiar. Caminhou abraçado a mochila em direção as escadas e desceu os degraus devagar, até sumir das vistas dos outros dois.
Arata e Jack se entreolharam.
– Acho que eles descobriram. – o vocalista palpitou.
– Eu avisei que ia dar errado.
– E agora?
Jack deu de ombros:
– Já viemos até aqui. Vamos acabar com essa merda de uma vez. – o líder sabia que Hayato estava super empolgado. E, apesar de nunca admitir, o próprio Jack se divertia. Se soubesse teria feito com Shibuya há mais tempo. Devia ser muito melhor fazer aquilo com quem se ama.
– Mas...
– Depois que terminarmos você conversa com ele.
– Hn. E o Teruo? Avisou que não teremos ensaio amanhã?
Jack apenas balançou a cabeça concordando.
oOo
Takeo respirou fundo em frente a porta do estúdio. Estava com uma expressão horrível, de quem atravessara a noite insone. Os olhos estavam vermelhos, inchados e rodeados por olheiras.
Tivera sonhos ruins dos quais não se lembrava, mas sentia que estavam ligados ao vocalista e amante.
Pensara seriamente em nem aparecer no ensaio, mas fugir não era a solução. Ele nunca fora homem de evitar problemas. Preferia encará-los de frente e resolvê-los da melhor forma possível.
Mesmo que significasse o fim do namoro com a pessoa que mais amava no mundo.
– Ohayou, Tachi! – a voz de Jin quebrou o silêncio do corredor. O baixista aproximou-se do amigo e tocou-lhe o ombro – Está tudo bem?
Takeo não teve reação. Não sabia se se indignava com a alegria e indiferença de Shibuya ou se ignorava o baixista. Acabou se decidindo pela segunda opção. Abriu a porta do estúdio e entrou na sala.
Assim que pôs os olhos lá dentro sentiu-se caindo em uma realidade alternativa, um mundo paralelo, daqueles em que Jin parecia viver:
– Mas que...
Observou Arata com uma roupa de veludo branca que o deixava todo fofinho, assim como as orelhas de coelhinho encaixadas nos cabelos escuros, destacando a mexa ruiva.
Jack não estava de branco; mas, por mais incrível que pudesse parecer, também levava as orelinhas sobre os cabelos negros e lisos. Os dois pareciam tão fofos que dava vontade de apertar.
A surpresa perduraria por mais tempo, se dois ou três clicks não fossem ouvidos de forma quase instantânea. De alguma forma inexplicável o celular fora parar nas mãos de Jin, e o baixista já tirava fotos dos “coelhinhos”.
– Hayato... – Takeo parecia confuso.
O vocalista ergueu os braços e mostrou a sacolinha de papel.
– Feliz dia de São Valentim.
Arregalando os olhos Shiroyama percebeu a data especial. Era catorze de fevereiro! Dia de trocar chocolate com os meninos que você gostava. Desconcertado aceitou a oferta.
Jack também esticou uma das mãos:
– Pra você, Inferninho.
Jin sorriu largo e apressou-se para pegar o presente. Dentro havia um coração de chocolate, todo confeitado com estrelinhas e pequenas luas coloridas, algumas meio tortas, mas ainda assim atrativas.
– Arigatou, Usagi-chan! – agradeceu fazendo o moreninho rolar os olhos.
Ainda sorrindo, o otaku tirou a mochila das costas e pegou um pacote de dentro:
– Pro Jack. Feliz dia de São Valentim!
O queixo de Takeo foi ao chão. Jin comprara um modelinho de chocolate. A Sailor Mars! Lembrou-se das palavras dele no dia anterior.
– Eu não gosto de chocolate. – Jack recusou o presente.
– Sei disso. Pode deixar que eu como o chocolate. O seu está aí dentro...
Franzindo as sobrancelhas Jack abriu a embalagem com cuidado. Aos pés da boneca de chocolate havia um pequeno cartão colorido. Assim que reconheceu o logotipo impresso no papel, os olhos brilharam tanto que fariam inveja a mais resplandecente estrela:
– Um vale sorvete! “Coma o quanto puder”! – olhou agradecido e feliz para o namorado. Shibuya ficou sem palavras ao perceber que finalmente dera uma dentro.
– Vamos hoje a noite. Um encontro! – o mais velho convidou.
– Hn! – Asamura já pensava em todo o sorvete que tomaria.
– Não vai abrir o seu, koi? – Arata perguntou vendo o jeito perdido do guitarrista.
– Chocolate caseiro? – perguntou baixinho.
– Hai! Eu estava ensinando o Jack a fazer. Ele não gosta, sabe. Foi difícil convencer. Mas quando eu garanti que o Jin ia ficar feliz... ele aceitou.
–...
O vocalista aproximou-se do amante e sussurrou-lhe ao ouvido causando arrepios:
– Eu comprei umas coisinhas bem legais ontem a tarde. A gente pode testar tudo com a calda de chocolate que sobrou. – insinuou provocante. Não conseguira convencer o líder a comprar os itens criativos do Sexshop, mas o fizera preparar chocolate caseiro. Já era um grande passo.
– Eu pensei... – Takeo falou hesitante. Antes que terminasse a frase, Hayato o interrompeu:
– Você sentiu ciúmes. Koi, não precisa ficar assim. Eu posso sair com meus amigos e ainda assim pensar em você o tempo todo. Meu amor não tira férias. E eu prometo que compenso depois. – e sorriu fechando os olhos.
– Não é nada disso. – Jin se meteu, falando depois de dar uma generosa mordida no coração de chocolate – Na verdade...
– SHIBUYA! – Takeo berrou querendo impedir o otaku de fazer uma besteira. Não podia deixá-lo falar a verdade! Arata ficaria magoado e a culpa era toda sua por se deixar cegar pelo ciúme.
– Nani...? – o baixista mordeu o chocolate outra vez.
– Eu vou comer isso aí! Parece bom! – ameaçou desesperado.
–De jeito nenhum! – Jin deu um passo pra trás. – Você tem o seu! Esse é meu!
Takeo ia rebater quando o celular de Izumi avisou o recebimento de uma mensagem:
– Oh. É o Teruo. – digitou uma resposta rapidamente.
– O que ele queria? – Takeo emburrou. Porque o outro guitarrista tinha que mandar mensagem pro namorado alheio?
– Ele só queria confirmar nosso encontro amanhã.
– Encontro?! Que encontro? – o monstrinho do ciúmes estava despertando outra vez.
– Coisa de amigos. – Arata respondeu todo sorridente.
– Hum.. Shibuya...? – Takeo chamou o baixista.
– Nani? – Ikeuchi respondeu com a boca cheia.
– Tem planos pra amanhã?
–Porque? – imediatamente desconfiado Jin rebateu com outra pergunta.
– Pra gente brincar mais um pouquinho, Pink...
– Eu não! – Jin catou a mochila e foi saindo de mansinho, não sem antes depositar um selinho nos lábios do namorado e sussurrar “te vejo a noite” – Suas brincadeiras só dão errado!
– Ah, vamos lá Ikeuchi. Eu deixo você ser o Cérebro dessa vez!
Izumi e Asamura olharam o baixista praticamente correr para fora da sala, com Takeo o seguindo de perto. Então os “coelhos” se fitaram:
– Brincadeira? – Jack perguntou de sobrancelhas franzidas, enquanto tirava as orelhas da cabeça.
– Cérebro? Pink? – Arata soou igualmente confuso, livrando-se do adorno de pelúcia.
Estreitando o olhar, o líder da banda acusou:
– Você conhece as brincadeiras do seu namorado, Izumi. Se ele passar dos limites juro que não deixo barato.
– Ora Jack. O Takeo e o Jin nunca fariam nada que... você trouxe o capacete extra?
– Trouxe. – o moreninho acenou com a cabeça. – Vamos logo, antes que os percamos de vista.
Concordando silencioso Hayato juntou-se ao líder e juntos foram atrás dos respectivos namorados. Não que ao confiassem neles, mas... fariam aquela pequena “investigação”, como se fosse uma “brincadeira de detetives”. Nada mais.
Notas finais: Nossa, como esse final ficou horroroso. Começar uma fic é fácil. Desenvolver uma fic é fácil. Terminar é phoda, Manolo!!!
Estraguei os quatro ai, mas foi meio de propósito. É nonsense, gente, dá um desconto.
Presente pra Nii chan, pelo ASPN do SP! Espero que goste Muffin. E se alguém tiver uma inspiração, pode escrever pelo POV do Hayato e do Jack. Bem que eu queria ver no que isso ia dar!
Rsrsrss
E no fim... foi divertido escrever!
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