quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Semi Deuses

Notas do Autor:
Demorou, mas veio!!

Odisséia
Kaline Bogard

Capítulo III
Semi Deuses

Ele dizia que sua mãe estava viva! Sua mãe!  E que podiam encontrá-la!  A emoção foi tão grande que não conseguiu dizer nada.  Porém o brilho das íris castanhas deixava claro que Jin estava mais do que disposto a ouvir cada palavra que os quatro iriam lhe dizer.

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– E então?  – Takeo pressionou.

– Minha mãe? – Ikeuchi sussurrou – Como... posso ter certeza?

Não quis se deixar seduzir pela idéia, apesar de ter sentido forte emoção.  Ainda eram quatro desconhecidos.  E havia aquela sensação horrível de ressaca que não ajudava a raciocinar direito...

– É melhor tomar o analgésico. – Teruo afirmou simpático, ganhando um olhar desconfiado.

– Sabia que somos primos? – Arata estendeu o remédio mais uma vez.

– Primos? – Jin perguntou de sobrancelhas franzidas.

– Hai.  A mulher que me criou é irmã da sua mãe.  Não temos o mesmo sangue, mas considero laços fortes.

O otaku apenas balançou a cabeça.  Acabou dando-se por vencido e aceitando o comprimido.

– Você vai ouvir a nossa história? – novamente  Arata se pronunciou.

– Mas e Jure chan...?  Ela está bem...?

– Está. – Jack respondeu de mau modo, subitamente irritado. – Teruo a levou pra casa em segurança.

E apontou com a cabeça em direção ao moreno que apenas sorriu misterioso, fato que enervou ainda mais o aparente líder do grupo. – Não tenta penetrar na minha mente, Terushido.

– É como pedir pro cachorro não roer um osso. – Takeu debochou – Galera, a gente não tem muito tempo, lembram?  Ou querem que grudem nos nossos calcanhares outra vez?

Os quatro se entreolharam e concordaram silenciosamente.  Arata sentou-se na cama do primo recém descoberto e pensou por alguns instantes, sendo observado pelos companheiros.  Era evidente que o rapaz devia ser o porta-voz.  Talvez pela calma que seu semblante transmitia:

– Primo... – falou numa forma de evocar intimidade – Você já ouviu falar de Mitologia Grega?

Ikeuchi sorriu:

– Claro.  Sou fã de Saint Seiya!

Takeo rolou os olhos e Teruo sorriu de lado.  Mas foi Jack quem suspirou fundo antes de falar:

– Não é sobre o anime.

– Eu sei. – Jin afirmou – Gostei tanto do anime que fui procurar mais informações por conta própria.  O Kurumada bagunçou algumas coisas, confundiu outras.  Mas eu conheço.

Mais aliviado, Jack relaxou e recostou-se na cadeira.  Arata prosseguiu:

– A verdade, Jin, é que não se trata apenas de mitologia.  É realidade pura, os deuses olímpicos, as ninfas, as musas e deidades.  Todos os imortais citados nos escritos antigos e cantados nas homenagens épicas existem de verdade.

Silenciou-se esperando suas palavras surtirem efeito, brincando com a mecha ruiva do cabelo.  Qual seria a reação?  Ikeuchi acreditaria ou riria na cara deles?

Porém Shibuya ficou quieto, parecendo aguardar a continuação.

– Onde a gente se encaixa nisso? – Teruo soou pensativo – Bom tocar nesse ponto...

Jin olhou o moreno e balançou a cabeça:

– Como você faz isso? – perguntou impressionado – Parece que você lê meus pensamentos.

– E lê. – Takeo respondeu – Teruo, assim como Jack, Arata e eu, é filho de um imortal.  Um dos deuses gregos.

– E possui um tipo de poder?  De ler a mente das pessoas? – Ikeuchi murmurou.

Os quatro se entreolharam.  Não era bem a reação esperada.  Terushido deu de ombros:

– É chato, mas o que se vai fazer?

– Vocês todos são semi-deuses? – Jin pareceu impressionado – Filhos de quem?

Takeo riu antes de responder:

– Teruo é filho de Eros.  Arata é filho de Afrodite, ele foi adotado por uma vassala humana.  Eu sou filho de Dionísio e Jack é o filho de Hefesto.

– Oh! – Shibuya exclamou observando um a um dos garotos.  Não era difícil pra ele aceitar e acreditar naquilo.  Sendo otaku, na verdade, era quase como a realização de um sonho, aquele desejo oculto que todos levam de viver uma grande aventura.

Claro que, como qualquer rapaz normal, sonhara encontrar uma andróide super linda e fofa abandonada no lixo, ou uma deusa saindo da sua televisão e jurando devoção eterna.  Tá certo que aqueles quatro passavam longe de seu protótipo ideal, mas...

– Se vocês são semi deuses, quer dizer que eu sou filho de um deus também? –perguntou empolgadíssimo apontando para si mesmo.

Takeo gargalhou.  Arata e Teruo sorriram largo.  Mesmo Jack pareceu menos tenso:

– Não. – o moreno baixinho respondeu – Com certeza você não é filho de um deus.

– Ah... – decepcionado, Jin murchou na cama.  Seria tão legal se seu pai fosse Zeus ou Hades disfarçado, morando entre os mortais.

– Vamos explicar tudo. – Teruo ficou penalizado pela decepção obvia do otaku.

– Tivemos trabalho para encontrar você.  Não podemos perdê-lo de vista. – Arata revelou.

– Seu pai, – o ruivo brincalhão estava sério ao começar a falar – conhece Mitologia Grega desde que nasceu.  Ele planejava encerrar a descendência.  O seu nascimento, Ikeuchi, não estava planejado.

– Foi um choque.  Não duvido nada que ele tenha proposto aborto, na pior das hipóteses. – Teruo completou. – Não tive tempo de ler a mente dele.  Entreguei Jure e sai de lá o quanto antes. – não entrou em detalhes sobre como tinha deixado a garota deitada na calçada.  Acabaria preocupando Shibuya.

– Ele tinha idéias tão firmes a respeito da lenda, que assustou Aya san.  Sua mãe fugiu e te levou junto, mas Ikeuchi san conseguiu pegá-lo de volta. – Arata pareceu pensativo.

– Não falem de mim como se eu fosse uma coisa! – Jin reclamou com um bico. – Não é pra ficar me levando de um lado para o outro.

– Gomen. – o moreninho de mecha ruiva sorriu suave.

– Qual é o problema comigo?  Eu nem sou semi deus... não tenho poderes... não conheço nenhum tesouro escondido...

– Tem a ver com a lenda. – Teruo revelou.

– A lenda? – Jin ficou confuso. – Existem tantas!

– A lenda de Pandora. – Jack afirmou grave. – Conhece?

– Hn. – Jin respondeu.

– Dissemos que você não é filho de um deus... – Takeo foi falando – Mas tampouco é humano.

– Não sabemos como classificá-lo. – Arata pareceu desanimado.

– Porque? – o otaku estava se amuando por não entender as frases enigmáticas.

– Porque Pandora não é humana.  Ela foi “algo” forjado pelo meu pai. Recebeu o sopro de vida e um presente significativo de cada um dos deuses. – Jack explicou.  Foi a frase mais longa que Ikeuchi lembrava de ter ouvido do líder.

– Ela ainda está viva? – Jin perguntou curioso.

A resposta veio dos lábios de Arata:

– Não sabemos.  Sabemos apenas que, apesar de não ser humana, Pandora era uma “mulher” no sentido total da palavra.  Ela gerou filhos e deixou o seu legado como herança.

– E o que tudo isso tem a ver comigo? – Jin ainda não compreendia a ligação mais importante de todos aqueles fatos.

– Herança que foi herdada por você, Shibuya.  – Takeo respondeu de forma direta – Seu pai é descendente de Pandora.  E passou esse fardo pra você.

– Mas... Pandora... – Jin ficou surpreso.

– Sim.  Pandora. – Arata ajeitou a mecha ruiva antes de começar – A mulher que foi forjada por Hefesto e Afrodite.  Um ser que não é “mortal” e tão pouco “imortal”.

– Que vantagem isso tem? – Jin deu de ombros – Me torna diferente do que eu sou?  Mais forte ou esperto?

– Não.  Nem uma coisa nem outra. – Jack cortou os rodeios – Mas Pandora tinha uma caixa.  Uma caixa que continha todos os males do mundo.  E estava selada.

– Eu sei. – o otaku fitou o moreno nos olhos – Mas Pandora abriu a caixa.  Ela libertou tudo o que tinha lá dentro.  Menos a esperança...

– Exato. – Arata balançou a cabeça.

– A caixa ainda existe, Shibuya. – Jack retomou a palavra – Mas nenhum de nós pode abri-la.  Seja humano ou imortal.  Existe um selo.  Um lacre, se preferir.  Que pode ser aberto apenas por Pandora...

– Ou um de seus descendentes... – Takeo completou.

– E é aí que você entra. – Arata exibiu um sorriso suave, tinha na face a expressão sonhadora de quem visualiza um objetivo próximo de ser alcançado – Vamos encontrar a Caixa de Pandora.

– E quando a encontrarmos... – a voz de Jack soou grave e decidida – Queremos que você a abra para nós...

 

Continua...

Notas Finais:

Cumprindo o combinado com meu Muffinzinho de chocolate coisinhamaisfofadekalinecheirareapertareafofar...
Man, to empolgada com esse lance de mitologia grega, mas nem pesquisei nada ainda. Então, qualquer gafe, perdoem!

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