Notas do Autor:
Demorou, mas veio!!
Odisséia
Kaline Bogard
Capítulo III
Semi Deuses
Ele dizia que sua mãe estava viva! Sua mãe! E que podiam encontrá-la! A emoção foi tão grande que não conseguiu dizer nada. Porém o brilho das íris castanhas deixava claro que Jin estava mais do que disposto a ouvir cada palavra que os quatro iriam lhe dizer.
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– E então? – Takeo pressionou.
– Minha mãe? – Ikeuchi sussurrou – Como... posso ter certeza?
Não quis se deixar seduzir pela idéia, apesar de ter sentido forte emoção. Ainda eram quatro desconhecidos. E havia aquela sensação horrível de ressaca que não ajudava a raciocinar direito...
– É melhor tomar o analgésico. – Teruo afirmou simpático, ganhando um olhar desconfiado.
– Sabia que somos primos? – Arata estendeu o remédio mais uma vez.
– Primos? – Jin perguntou de sobrancelhas franzidas.
– Hai. A mulher que me criou é irmã da sua mãe. Não temos o mesmo sangue, mas considero laços fortes.
O otaku apenas balançou a cabeça. Acabou dando-se por vencido e aceitando o comprimido.
– Você vai ouvir a nossa história? – novamente Arata se pronunciou.
– Mas e Jure chan...? Ela está bem...?
– Está. – Jack respondeu de mau modo, subitamente irritado. – Teruo a levou pra casa em segurança.
E apontou com a cabeça em direção ao moreno que apenas sorriu misterioso, fato que enervou ainda mais o aparente líder do grupo. – Não tenta penetrar na minha mente, Terushido.
– É como pedir pro cachorro não roer um osso. – Takeu debochou – Galera, a gente não tem muito tempo, lembram? Ou querem que grudem nos nossos calcanhares outra vez?
Os quatro se entreolharam e concordaram silenciosamente. Arata sentou-se na cama do primo recém descoberto e pensou por alguns instantes, sendo observado pelos companheiros. Era evidente que o rapaz devia ser o porta-voz. Talvez pela calma que seu semblante transmitia:
– Primo... – falou numa forma de evocar intimidade – Você já ouviu falar de Mitologia Grega?
Ikeuchi sorriu:
– Claro. Sou fã de Saint Seiya!
Takeo rolou os olhos e Teruo sorriu de lado. Mas foi Jack quem suspirou fundo antes de falar:
– Não é sobre o anime.
– Eu sei. – Jin afirmou – Gostei tanto do anime que fui procurar mais informações por conta própria. O Kurumada bagunçou algumas coisas, confundiu outras. Mas eu conheço.
Mais aliviado, Jack relaxou e recostou-se na cadeira. Arata prosseguiu:
– A verdade, Jin, é que não se trata apenas de mitologia. É realidade pura, os deuses olímpicos, as ninfas, as musas e deidades. Todos os imortais citados nos escritos antigos e cantados nas homenagens épicas existem de verdade.
Silenciou-se esperando suas palavras surtirem efeito, brincando com a mecha ruiva do cabelo. Qual seria a reação? Ikeuchi acreditaria ou riria na cara deles?
Porém Shibuya ficou quieto, parecendo aguardar a continuação.
– Onde a gente se encaixa nisso? – Teruo soou pensativo – Bom tocar nesse ponto...
Jin olhou o moreno e balançou a cabeça:
– Como você faz isso? – perguntou impressionado – Parece que você lê meus pensamentos.
– E lê. – Takeo respondeu – Teruo, assim como Jack, Arata e eu, é filho de um imortal. Um dos deuses gregos.
– E possui um tipo de poder? De ler a mente das pessoas? – Ikeuchi murmurou.
Os quatro se entreolharam. Não era bem a reação esperada. Terushido deu de ombros:
– É chato, mas o que se vai fazer?
– Vocês todos são semi-deuses? – Jin pareceu impressionado – Filhos de quem?
Takeo riu antes de responder:
– Teruo é filho de Eros. Arata é filho de Afrodite, ele foi adotado por uma vassala humana. Eu sou filho de Dionísio e Jack é o filho de Hefesto.
– Oh! – Shibuya exclamou observando um a um dos garotos. Não era difícil pra ele aceitar e acreditar naquilo. Sendo otaku, na verdade, era quase como a realização de um sonho, aquele desejo oculto que todos levam de viver uma grande aventura.
Claro que, como qualquer rapaz normal, sonhara encontrar uma andróide super linda e fofa abandonada no lixo, ou uma deusa saindo da sua televisão e jurando devoção eterna. Tá certo que aqueles quatro passavam longe de seu protótipo ideal, mas...
– Se vocês são semi deuses, quer dizer que eu sou filho de um deus também? –perguntou empolgadíssimo apontando para si mesmo.
Takeo gargalhou. Arata e Teruo sorriram largo. Mesmo Jack pareceu menos tenso:
– Não. – o moreno baixinho respondeu – Com certeza você não é filho de um deus.
– Ah... – decepcionado, Jin murchou na cama. Seria tão legal se seu pai fosse Zeus ou Hades disfarçado, morando entre os mortais.
– Vamos explicar tudo. – Teruo ficou penalizado pela decepção obvia do otaku.
– Tivemos trabalho para encontrar você. Não podemos perdê-lo de vista. – Arata revelou.
– Seu pai, – o ruivo brincalhão estava sério ao começar a falar – conhece Mitologia Grega desde que nasceu. Ele planejava encerrar a descendência. O seu nascimento, Ikeuchi, não estava planejado.
– Foi um choque. Não duvido nada que ele tenha proposto aborto, na pior das hipóteses. – Teruo completou. – Não tive tempo de ler a mente dele. Entreguei Jure e sai de lá o quanto antes. – não entrou em detalhes sobre como tinha deixado a garota deitada na calçada. Acabaria preocupando Shibuya.
– Ele tinha idéias tão firmes a respeito da lenda, que assustou Aya san. Sua mãe fugiu e te levou junto, mas Ikeuchi san conseguiu pegá-lo de volta. – Arata pareceu pensativo.
– Não falem de mim como se eu fosse uma coisa! – Jin reclamou com um bico. – Não é pra ficar me levando de um lado para o outro.
– Gomen. – o moreninho de mecha ruiva sorriu suave.
– Qual é o problema comigo? Eu nem sou semi deus... não tenho poderes... não conheço nenhum tesouro escondido...
– Tem a ver com a lenda. – Teruo revelou.
– A lenda? – Jin ficou confuso. – Existem tantas!
– A lenda de Pandora. – Jack afirmou grave. – Conhece?
– Hn. – Jin respondeu.
– Dissemos que você não é filho de um deus... – Takeo foi falando – Mas tampouco é humano.
– Não sabemos como classificá-lo. – Arata pareceu desanimado.
– Porque? – o otaku estava se amuando por não entender as frases enigmáticas.
– Porque Pandora não é humana. Ela foi “algo” forjado pelo meu pai. Recebeu o sopro de vida e um presente significativo de cada um dos deuses. – Jack explicou. Foi a frase mais longa que Ikeuchi lembrava de ter ouvido do líder.
– Ela ainda está viva? – Jin perguntou curioso.
A resposta veio dos lábios de Arata:
– Não sabemos. Sabemos apenas que, apesar de não ser humana, Pandora era uma “mulher” no sentido total da palavra. Ela gerou filhos e deixou o seu legado como herança.
– E o que tudo isso tem a ver comigo? – Jin ainda não compreendia a ligação mais importante de todos aqueles fatos.
– Herança que foi herdada por você, Shibuya. – Takeo respondeu de forma direta – Seu pai é descendente de Pandora. E passou esse fardo pra você.
– Mas... Pandora... – Jin ficou surpreso.
– Sim. Pandora. – Arata ajeitou a mecha ruiva antes de começar – A mulher que foi forjada por Hefesto e Afrodite. Um ser que não é “mortal” e tão pouco “imortal”.
– Que vantagem isso tem? – Jin deu de ombros – Me torna diferente do que eu sou? Mais forte ou esperto?
– Não. Nem uma coisa nem outra. – Jack cortou os rodeios – Mas Pandora tinha uma caixa. Uma caixa que continha todos os males do mundo. E estava selada.
– Eu sei. – o otaku fitou o moreno nos olhos – Mas Pandora abriu a caixa. Ela libertou tudo o que tinha lá dentro. Menos a esperança...
– Exato. – Arata balançou a cabeça.
– A caixa ainda existe, Shibuya. – Jack retomou a palavra – Mas nenhum de nós pode abri-la. Seja humano ou imortal. Existe um selo. Um lacre, se preferir. Que pode ser aberto apenas por Pandora...
– Ou um de seus descendentes... – Takeo completou.
– E é aí que você entra. – Arata exibiu um sorriso suave, tinha na face a expressão sonhadora de quem visualiza um objetivo próximo de ser alcançado – Vamos encontrar a Caixa de Pandora.
– E quando a encontrarmos... – a voz de Jack soou grave e decidida – Queremos que você a abra para nós...
Continua...
Notas Finais:
Cumprindo o combinado com meu Muffinzinho de chocolate coisinhamaisfofadekalinecheirareapertareafofar...
Man, to empolgada com esse lance de mitologia grega, mas nem pesquisei nada ainda. Então, qualquer gafe, perdoem!
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