quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Pelo buraco do Takeo -parte2-

O vocal chegou a tempo de ver o coelho sumindo entre uma cortina roxa com brilho. E não pensou duas vezes ao se aventurar por entre elas também, caindo de repente no que parecia ser um grande buraco sem fundo.

-TACHII! –gritou com o susto.


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E caía vertiginosamente. E no desespero da queda agarrou o primeiro objeto que conseguiu para se pendurar ou diminuir o impacto no fundo, mas deu um muxoxo.

-Muito bem Merry Poppins, isso vai te salvar da queda. –Disse com ironia. –Pior não fica. –Completou abrindo o guarda-chuva e então com um solavanco, percebeu que continuava a cair, mas muito mais devagar como se fosse uma folha de papel. –Então esse é o truque? Mas que truque é esse? –riu de si.

Arata ainda tentou ver o fundo, mas estava escuro demais para ver a baixo, mais parecia que aquele buraco não tinha um fundo. Repreendeu-se por esse pensamento, impossível um buraco não ter fundo. E foi então que começou a notar pequenos detalhes ao longo do túnel. Eram quadros com belas pinturas abstratas, alguns porta-retratos (e em um deles, que pegou, viu a P”Saiko reunida num final de live. O que fez sorrir satisfeito), depois apareceram estantes de livros, armários de cozinha... alguns mapas espalhados e espelhos com moldura em Art Nouveau.

E continuava caindo, caindo, caindo...

-Esse buraco não tem fundo? Takeo, eu sempre soube que você era galinha e tudo mais, mas ta assim é? –Riu. Aquilo ainda seria motivo de muita piada. –Quantos quilômetros devo ter caído até agora? Acho que já devo estar chegando ao centro da Terra. Ou não, senão estaria muito quente! Quem sabe não saio do outro lado do mundo? Onde? Argentina? Chile? Quem sabe no Brasil! –Comentou animado. –Mas como eu vou saber...? Bom, diz as boas maneiras que um “Bom dia”, ou “boa noite” e perguntar o nome do lugar é uma ótima saída. Mas vão me achar um japonês doido ou totalmente perdido se eu fizer isso, não? –Se perguntou durante a queda. –Sem contar que no ocidente eles falam outro idioma... Porque eu não prestei atenção nas aulas de português? –fingiu um chorinho frustrado, mas logo se animou. –Ah, mas eu arranho no inglês! Então to tranqüilo!

E olhou novamente pra baixo e só o que via eram seus pés e pernas em direção ao breu.

-Takeo!! –berrou. –Mas que buraco é esse? –Mudou o braço que segurava a haste do guarda-chuva. –G-san vai arrancar meu couro se eu não voltar... –comentou sentindo os olhos ficarem cansados. Com toda essa história de Live de natal e cd e DVD, eles dormiam muito pouco e mal, com isso aquela looonga queda, só poderia levar pra um caminho: o do sono.

Foi então que sentiu os pés apoiando em algo e depois os joelhos dobrarem e viu que tinha finalmente chegado ao fundo.

-Como dizem... Cheguei ao fundo do poço. Literalmente. –levantou e olhou para cima vendo só o breu por qual caíra e ao olhar para frente viu um longo corredor por onde ainda viu o coelho Takeo correndo apressado. Não pensou duas vezes e desandou a correr atrás dele. Estava muito próximo a ponto de ouvi-lo reclamar do horário.

-Por minhas orelhas! Estou muito atrasado! –Exclamou dobrando a esquina.

Mas quando Arata fez o mesmo não via nem sinal do ruivo. Olhou para todos os lados, mas não havia dúvidas, perdera o guitarrista-coelho de vista. Foi então que reparou em algo diferente e não era na longa e alta sala vazia e cheia de portas na qual entrou, mas eram as roupas que usava agora.

-Desde quando coloquei luvas? –olhava para as mãos com o par de luvinhas rendadas brancas sem dedos e para as pernas. Vestia um short curto azul com a liga prendendo uma meia 7/8 listrada em azul e branco. A blusa que usava era branca e sem manga, com a gola alta e um laço preto a rodeando.

-Fala sério! Eu sou Alice? –perguntou horrorizado com a idéia. –Kuzo... –olhou pra trás. –Como eu saio desse lugar... Não, eu não quero passar por isso. –andou até o meio do salão e então se lembrou de algo. –A história é o sonho dela, então se eu estou aqui, devo estar sonhando, então é fácil! –dizia para si com uma ponta de desespero e um sorriso aliviado – É só eu acordar!

Arata se aproximou de um sofá que não sabia de onde surgira e deitou com a idéia de dormir por uns cinco minutinhos. E depois do que pareceu uma eternidade, mas não passaria de alguns segundos, o vocalista se sentou espreguiçando.

-Gomen G-san, acho que... –as palavras travaram quando abriu os olhos. –cochilei?

E o rapaz encarava a mesma sala enorme e cheia de portas com aquele único sofá que não sabia de onde surgiu.

-Mas como isso é possível?! –Ele estava indignado e se levantou batendo o pé.

Para sua surpresa o sofá não estava mais onde estava. E isso intrigou o vocalista mais ainda.

-Oras... Mais que estranho...

Arata concluiu que ficar ali não o faria ir para frente, e menos ainda para trás, então decidiu tentar algumas portas para ver onde elas poderiam dar. Olhava pelo buraco das fechaduras e tentava girar a maçaneta, mas todas pareciam trancadas. Frustrado e sem saber pra onde ir, o rapazinho sentou no chão com um bico enorme e resmungando alguma coisa bicou a parede em frente.

-OUCH!

O vocalista pulou de susto! Ele ouviu bem um “OUCH” que não saiu de si. E olhando bem para onde seu pé havia bicado, encontrou uma portinha pequenina cuja maçaneta dourada balançava para cima e para baixo.

-Ow... Isso dói... Deveria olhar onde chuta!

Arata franziu o cenho e se agachou para ver melhor a portinha que devia ter uns dois palmos bem abertos de altura.

-Quase perco o nariz. –E a fechadura soltou uma gargalhada. –Vejam só, uma porta sem maçaneta do que serviria?!

-O que... Você fala!

-Oh! –riu. –é o que parece, e você também! O que traz a mocinha... gigante a estes lados?

-Não sou mocinha! E nem gigante! Shibuya é ainda mais alto que eu! Dez centímetros! –emburrou, mas foi por pouco tempo. A curiosidade falava mais alto e observando aquela fechadura falante teve uma idéia. –Mas... Estou atrás do coelho ruivo... Será que ele... Ele deve ter vindo por aqui... –engatinhou até ficar com o rostinho bem próximo da porta. –Talvez, se não for incômodo...

-O que? –perguntou a porta vendo só um olhinho colorido com lentes de contato vermelha, tentando ver através de si. –Oh! Isso! –E abriu a boca da fechadura o suficiente para dar uma espiadela.

-Ali! Lá está o Takeo! –Ficou de joelhos e tentou agarrar a maçaneta para passar, mas a porta deu um berro o impedindo.

-Você está louco de querer passar aqui não é?

-Mas o coelho ruivo está do outro lado! E eu tenho que passar!

-Mas desse tamanho você não conseguirá. Ficará entalado nos quadris!

-Está dizendo que estou gordo?! –Arata se espantou com a sinceridade da porta. –Mas que fechadura sacana!

-Não, não... Digo que é impassável.

-Você quer dizer impossível?

-Não, não! Impossível não! Aqui nada é impossível! Talvez impassável. Você não tem altura, é isso.

-Ow... É isso?

-Porque não tenta a garrafa na mesa?

-Mesa?

Arata se virou e lá estava do mesmo jeito que estava o sofá quando pensou em dormir, uma mesa toda de vidro transparente com um frasquinho com um líquido dentro sobre ela. E escrito em letras garrafais uma etiqueta pendurada no gargalo do frasco, lia-se “Beba-me”. O moreninho achou aquilo muito estranho e ponderou antes de tomar qualquer gole daquilo.

-Primeiro devo me certificar se isso não é nenhum veneno... Sakê, Cointreau, cachaça... –Dizia cheirando a boca do frasco.

-O que é isso? –A porta perguntou ao rapaz compenetrado em sua analise.

-Cointreau? É uma marca de licor do tipo “Triple Sec” produzido em Saint-Barthélemy-d'Anjou, na França. –Respondeu com ares de entendido no assunto. –O líquido é incolor. Num geral... É água que passarinho não bebe. Mas Jack entorna. –Riu. –E como entorna!

A porta olhou confusa e se tivesse ombros, daria de ombros. Já Arata tinha ouvido muitos resumos de novelas de sua irmã para compreender que nunca, em hipótese alguma, deveria confiar num frasco, com um líquido incolor e inodoro, e todo oferecido escrito “Beba-me”. De certa aquilo teria alguma coisa que o faria passar por aquela portinha, mas o que era mesmo? Tentava lembrar-se do conto, mas só lembrava-se de algumas partes. Então como não viu nada que tornasse aquele frasco perigoso (na verdade parecia mais água que qualquer outra coisa), bebeu um gole. E depois outro. E mais um! Até que acabasse com o frasco (é que mesmo que não tivesse cheiro, tinha um gosto muito bom de cereja e morango).

-Que estranho! Sinto-me encolher! Ou as coisas por aqui parecem ficar cada vez maiores?

E realmente estava encolhendo, porque a porta ria e dizia algo sobre encolher ao infinito. Quando estava com a altura de um palmo, Arata correu até a porta e estendeu os braços para abrir a porta (que estava bem maior agora), mas a maçaneta chamou novamente sua atenção.

-Espere, ainda não pode passar!

-Mas como não? Já estou passável!

-Passável sim, mas estou trancada! Não pode me destrancar sem ter a chave. –Declarou com um riso.

-Sua porta hiena dos infernos! –o rapazinho explodiu. –Porque não disse antes que estava trancada?! Onde você supõe que devo encontrar esta chave?

-Ora, mas que garotinho mais boca suja. –a porta torceu a maçaneta. –E cego também, pois vai dizer que não viu a chave em cima da mesa?

-Que chave? –e olhou para cima do tampo onde tinha uma chave dourada. O sangue ferveu e virou com o rosto rubro para a fechadura apontando a chave. –AQUILO-NÃO-ESTAVA-LÁ-ANTES!

-Hohoho!

-“Hohoho” nada! –Arata se sentou no chão sentindo-se cansado com tudo aquilo e muito, muito chateado. –Como você acha que vou alcançar aquela chave com esse tamanhinho?! –Se apontando. –Me diz!

-Ora... Olhe no baú.

Arata nem perguntou mais “que baú”, pois já sabia que, como foi com o sofá e a mesa e a chave, o objeto iria simplesmente aparecer na sua frente. E foi o que aconteceu, surgiu uma caixinha em forma de baú, e dentro dela encontrou uma mini-torta, que para Arata era uma torta inteira, onde em cima havia escrito “Coma-me”.

-Torta safada! –riu choroso. –E vou te comer mesmo! –decidiu sem tentar desvendar qualquer coisa suspeita naquela torta. –Se eu crescer, posso alcançar a chave. Se diminuir, passo por debaixo da porta ou sumo! E no momento me sinto tão nada que se sumir, não fará diferença. Fato.

E com estes pensamentos deu uma mordidinha na torta esperando os sintomas de que algo estaria diferente.

-Qual vai ser dessa vez...? –perguntava colocando a mão no topo da cabeça. –Nada ocorre? Cresço ou diminuo?

E continuou comendo o bolo. Várias mordidas entre seus comentários e checagem de proporção. Então um lampejo passou pelo vocalista que soltou um “ops” involuntário.

Ele lembrou o que viria a seguir e entre muitos xingamentos encolheu-se todo esperando pelo resultado.

Continua...

Notas Finais:
Curiosidades nada curiosas e despensáveis ~_~

1- eu nunca tinha lido Alice no País das Maravilhas;

2- eu li e gostei mais do livro do que o fime dublado;

3- mesmo nunca tendo visto completo, eu ainda tenho medo do filme Alice através dos espelhos. (aquele que passava no Corujão na noite de Natal)

Bom, é isso, até a próxima.

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