segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Chap 1 - Photograph

Notas do Autor:

Diabéticos, cuidado!

_ O que está fazendo aí, koi? - aproximou-se por trás, abraçando-o e pousando a cabeça em seu ombro, tentando ver o que tinha em suas mãos, mas o ruivo foi mais esperto e fechou a gaveta rapidamente.

_ Só procurando umas anotações... - sorriu sem graça, virando-se de frente para o menor, correspondendo ao abraço - Acho que perdi algumas composições, não lembro onde guardei. - deu de ombros, em sinal de desinteresse.


_ Não esqueceu no estúdio? Às vezes guardou com as músicas que a gente trabalhava...

_ Pode ser. Na segunda eu procuro melhor. - depositou um selinho em seus lábios, arrastando-o para fora do quarto - Vamos preparar o almoço ou quer comer fora?

_ Você decide. - sorriu, acompanhando-o, mas um monstrinho havia sido instigado e agora ele queria saber o que tinha ali.

* * *

Haviam tido uma noite deliciosa de amor, estava repousado ao lado do ruivo, aconchegado em seus braços, quase pegando no sono, quando sentiu o maior se mexendo, tentando sair da cama.

_ Onde vai, koi? - perguntou sonolento, apenas virando a cabeça para encará-lo.

_ Vou tomar um banho... quer vir? - afastou algumas mechas que caiam em sua face, beijando-a.

_ Humm não... estou cansado. - voltou a fechar os olhos, suspirando profundamente.

_ Não demoro. - afastou-se, saindo da cama, pegando o roupão e rumando para o banheiro.

Levou apenas um instante para Arata constatar que estava sozinho no quarto de Takeo. O quarto que mais cedo o deixara curioso. Esperou ouvir o som da água caindo para sair da cama nas pontas dos pés e caminhar até a cômoda logo em frente.

Estavam se conhecendo, o namoro estava indo bem, mas algumas lembranças do passado ainda não eram abordadas. Havia perguntas sem respostas e lacunas nas histórias. Não que escondessem algo um do outro. Só não se sentiam a vontade para falarem tudo sobre certos assuntos, como família, antigos amores, antigas bandas, traumas.

E ter qualquer coisa escondida em casa, longe dos olhos de curiosos, com certeza era algo que responderia a uma dessas perguntas não feitas.

Abriu a gaveta lentamente, sorrindo ao ver que não estavatrancada. Lançou um olhar de esguelha para a porta, aguçando sua audição, prestando atenção à água. Tinha muito papel amontoado ali, números de telefone, endereços, lembretes de aniversário.

Riu ao encontrar um papelzinho com seu nome e telefone guardados dentro de uma agenda.

Revirou mais alguns papéis, a curiosidade aumentando a cada instante. Devia ter algo ali que Takeo queria esconder. Caso contrário, por que fechara a gaveta quando ele chegou?

_ Que coisa feia, Hayato... - resmungou sua consciência - Mexer nas coisas alheias... - mas ele era seu namorado. Tinha esse direito, não tinha?

Parte de si sabia que era muito errado, mas a outra parte não conseguiria dormir sem saber do que se tratava.

Achou uma foto dele no colo do irmão, praticamente um bebê, mas já tinha um sorriso travesso. Ia pedir a cópia depois... se ele não brigasse caso descobrisse que suas coisas foram reviradas. Algumas fotos em família... por que ele não colocava em porta-retratos? Ali estragariam com o tempo... Uma foto dele de uniforme e fazendo careta. Takeo não era o tipo de pessoa que gostava de se vestir igual aos outros.

Mais papéis com letras de músicas, composições, desenhos... ele precisava organizar aquilo. Pra que tinha celular e pastas então?

A água ainda caia, podia olhar mais um pouco. Mexeu no fundo da gaveta, puxando alguns papéis de lá, repassando-os um a um, até parar em uma foto do namorado ao lado de um loiro. O outro rapaz era muito bonito, de cabelos longos e olhos profundos, usava uma boina e um pouco de maquiagem para completar o visual.

Quem era aquele?

Pela data, fora tirada quando o ruivo tinha seus 15 ou 16 anos, época em que ainda morava em Mie. Talvez fosse algum amigo da escola ou vizinho. Mas o seu monstrinho curioso remexeu, dizendo a si que poderia ser alguém especial. Um ex-namorado, talvez...

Contudo, se era ex, por que guardava uma foto?

Um amor não correspondido? Por isso ele evitava compromissos? Podia ser alguém que o havia magoado... Não, ele não guardaria fotos de alguém que não gostava.

Só havia um jeito de tirar aquilo a limpo e seria perguntando para Takeo. Mas e se ele ficasse chateado por mexer em suas coisas? Ou pior, e se brigasse por invadir sua privacidade? Ele tinha o direito de guardar aquelas recordações. Arata também não havia contado tudo sobre sua vida.

Não sabia se queria correr aquele risco e brigar com o amante. Logo agora que começaram a namorar... Era normal esconderem algumas coisas por ainda não se sentirem completamente a vontade. E sabia que o ruivo não gostava nem um pouco de falar sobre sua vida antes de vir para Tóquio.

Aquilo teria que esperar. Mais cedo ou mais tarde, teria liberdade o suficiente para perguntar sobre aquilo.

Por hora, aquela foto ficaria guardada.

* * *

Estavam na sala vendo um romance água-com-açúcar a pedido de Hayato, que ameaçara fazer birra caso Takeo alugasse um filme de terror. Contudo, seu olhar voltava a cada instante para as únicas fotografias presentes naquele cômodo. Ou melhor, as únicas fotografias visíveis naquele apartamento.

Sobre a mesinha de centro haviam apenas dois porta-retratos: em um deles, Arata estava com o ruivo, uma foto tirada pelo primo poucos dias depois de assumirem o namoro e na outra havia uma foto da banda completa, tirada depois do primeiro live.

Poderia usar aquilo para começar uma conversa e retirar a informação que tanto almejava?

_ Neh koi... por que não tem fotos da sua família aqui? - assim que obteve a atenção do outro continuou - Eu nunca vi fotos dos seus pais ou dos seus irmãos, da sua antiga casa...

_ Eu tenho, mas estão guardadas. - respondeu calmamente.

_ Me mostra? - encarou-o, tentando não soar muito pedinte.

_ Claro, depois eu pego pra você. - sorriu, acariciando seu rosto.

_ Por que não agora? - fez um bico, usando de chantagem.

_ Por que não depois? - ergueu a sobrancelha, sorrindo divertido - Não queria vero filme? Eu avisei que isso ia sermuito melodramático!

_ Mas eu estou gostando do filme! - apontou-lhe a língua - É que se você não pegar agora, vai esquecer.

_ Você só precisa me lembrar.

_ Ah, Tachii... nós podemos parar o filme e terminar mais tarde.

_ Koi... aquilo está uma bagunça, eu não vou pegar agora!

_ Me fala onde você guardou que eu pego! - ótimo, agora poderia pegar as fotos e perguntar quem era o desconhecido.

_ Ah, claro! E eu sou obrigado a continuar aqui, vendo essa melação, sozinho?

_ Pensei que gostasse de romance.

_ Eu sou romântico, mas isso não quer dizer que eu goste de água-com-açúcar! - sorriu de canto.

_ Pensei que no final fossem a mesma coisa.

_ Errado, Eu não sou tão clichê! Vamos ver suas fotos! - desligou o filme, entrelaçando os dedos com os de Hayato, puxando-o para o quarto.

O vocalista ficou exultante e ao mesmo tempo receoso. Estava claro que sentia ciúmes do namorado, mas era apenas uma fotografia, não era?

Uma fotografia de um homem muito bonito, por sinal.

Sentou na cama e lançou um olhar cumprido para a cômoda, esperando o momento que Takeo caminharia até ali e tiraria as fotos do fundo da gaveta.

Mas o ruivo dirigiu-se até o guarda-roupas, voltando com uma caixa embrulhada em papel de presente. Depositou no colchão ao lado do moreninh, retirando a tampa e revelando seu conteúdo.

Váris fotos espalhadas, algumas já bem desgastadas, outras impressas em papel comum, alguns desenhos feito por uma criança... não eram as fotos que ele queria ver.

_ Eu avisei que estava bagunçado! - ergueu as mãos em sinal de rendição.

Para não levantar suspeitas ou deixar que o ruivo notasse seu desagrado, começou a olhar as fotos, vez ou outra perguntando quem era o onde havia tirado.

* * *

Durante o resto daquele dia não encontrara outra oportunidade para perguntar sobre o rapaz da foto e também não conseguiu ficar sozinho para procurar outra. Se é que haviam outras.

A semana trascorria normalmente, havia muito trabalho e ensaiavam bastante, de modo que isso ocupou a cabeça do vocalista por um longo tempo, mas não o suficiente para faze-lo esquecer a foto ou aplacar a curiosidade.

Cogitara a possibilidade de perguntar para Jack, mas não conseguia imaginar Takeo contando esse tipo de coisa para o baterista.

Outra opção viável era interrogar o guitarrista solo, já que ele conhecia Takeo desde a adolescência, porém se havia uma pessoa ali que sabia guardar segredos, essa pessoa era Teruo.

A única pessoa para quem contara sobre a foto era Shibuya. Ele podia não guardr bem os segredos, mas era um bom ouvinte.

_ Por que o primo não pergunta direto pro Tachii? - ele já insistira com aquela questão antes.

_ Não posso, Jin-chan... - beliscou o lábio nervosamente - Ele pode ficar magoado.

_ Então pergunra de antigos namorados que ele teve. Pergunta se tem foto deles...

_ Ele não é bobo, Jin. Vai desconfiar de alguma coisa. E se ele perceber que eu mexi no armário, pode não confiar mais em mim.

_ O Tachii não faria isso, ele gosta do primo!

_ Mas desconfiança pode estragar tudo! Preciso abordá-lo de outra forma.

Tentaria manter sua curiosidade sob controle, e em último caso, contaria para Takeo que viu a foto e perguntaria o que queria saber sobre ela.

Continua...

 

Notas Finais:

Obs: Omoide = Recordações, memórias

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