terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Capítulo 2

REENCONTRO
POR AISLYN E JOKER ANGEL

Arata chegou mais cedo que o combinado no Cyber Café. Vestia uma calça cargo verde escura com cinto largo acompanhado de uma corrente presa que ia até algum objeto no bolso e uma blusa branca. Munhequeiras de couro e o cabelo liso espetado completavam o visual.


Entrou no Café e sentou numa mesa próxima à janela envidraçada. Não demorou muito e um garçom se aproximou, anotando seu pedido e trazendo-lhe um suco.

Alguns minutos depois o ruivo apareceu, vestindo uma calça jeans cheia de correntes, coturno preto, camiseta preta com alguns botões abertos e um colete jeans, cavado e cheio de rasgados, maquiagem leve nos olhos.

Entrou na lanchonete acenando para alguns funcionários conhecidos e percorreu o ambiente com os olhos a procura do moreninho, encontrando-o sentando sozinho em um canto.

Caminhou até ele, percebendo que o mesmo ainda não o notou, puxou uma cadeira à sua frente e sentou, mostrando um belo sorriso.

_ Olá!

O garoto que olhava a rua logo se voltou pro rapaz a sua frente sorrindo.

_ Olá. – sorriu de volta. – Achei que não conseguiria deixar a cama.

Takeo sorriu, achando que quem não largaria a cama seria o outro, devido ao cansaço demonstrado.

_ Não consigo ficar na cama até tarde. E você, dormiu bem?

_ Hun. – Arata afirma com um gesto – É difícil me adaptar à correria, mas ainda consigo... Ah! Hoje cedo percebi que não me apresentei! Sou Hayato... Izumi Hayato, desculpe não ter feito isso antes. – sorriu meigamente, estendendo a mão para cumprimentá-lo – Não trouxe sua companheira hoje? – notou a ausência da guitarra.

_ Takeo. – apertou a mão do outro num cumprimento – Mas acho que você já sabia meu nome. Só ando com a guitarra quando quero ensaiar, ou marco de tocar com alguns conhecidos.

_ Sei seu nome graças àquele rapaz ali no balcão. – apontou um funcionário – Só ele soube me dizer. Mas... então, há quanto tempo toca? De onde você é? Costuma alimentar muitos recém chegados na cidade que não tem onde cair mortos?

Takeo riu diante da curiosidade do moreninho, mesmo ele dizendo que não tinha pique para levantar cedo, tinha muita energia para conversar.

_ Ah, claro. Sou um bom samaritano! – sorriu divertido – O mais incrível foi alguém voltar pra agradecer, nunca voltam! Respondendo à outra pergunta, eu toco... humm desde os 14 ou 15 anos se não me engano... sempre gostei de guitarras. Mas e você? É de onde? Também gosta de música pelo visto. Toca alguma coisa?

_ Venho de onde o vento faz a curva.... – respondeu vago, pensando um pouco – Hum.. nem tanto. Kanagawa não é tão distante assim não é? – riu da própria piada – Lá eu costumava tocar piano pra passar o tempo. Mas agora acho que vai ser um pouco difícil voltar a praticar. – sorriu com certo esforço.

Lembrar do porque veio para Tóquio não era legal... ainda doía bastante.

_ Piano? Bem diferente.

_ Mas você ficou mesmo abismado por eu ter voltado aqui... O que me lembra que te devo uma torta! – acenou, chamando um funcionário e pedindo o menu, estendendo em seguida para o outro – Vamos, escolha. E veja que eu não estou entre as opções!

_ Hei! – ficou sem graça pelo comentário – Me desculpe aquele dia, eu... fui precipitado... e... – coça a nuca nervosamente – Sinto muito! Pode escolher! – devolve o menu – Todas as tortas daqui são ótimas. Me surpreenda!

_ Te surpreender? – olhou surpreso – Ok... eu estou surpreso agora. – pensou um pouco olhando o menu – Bom, já disse que eu não estou entre as opções... e nem adianta fazer cara enviesada... eu não vou esquecer disso... Aqui! – chamou um garçom que passava próximo à sua mesa e apontou um dos doces no cardápio, fazendo segredo a Takeo – É boa?

_ Ótima. – disse o funcionário rindo.

_ Então vai ser essa. E um suco. O mesmo que esse. – apontou o próprio copo.

Quando o funcionário saiu, Arata voltou a falar com Takeo sorrindo.

_ Então, voltando ao assunto música, é diferente mesmo, o piano. Mas eu gosto do som dele. Qual sua banda favorita?

_ Você não vai esquecer mesmo a cantada não é? – olha torto.

_ Não. Não vou esquecer. – riu da cara de desagrado do ruivo – Foi a melhor que já recebi!

_ A melhor? Então não leva muitas cantadas? – sorriu maroto – Posso te mostrar outras que conheço. – piscou jogando um beijo no ar.

_ Ok... você me deixou sem graça... – admite com o rosto levemente vermelho.

_ Ficou tão lindinho, vermelhinho! – cutucou-lhe a bochecha – Melhor deixar os outros sem graça do que eu. Agora bandas, eu gosto de rock, qualquer banda, escuto várias músicas pra depois testar os sons, mas preferência pra X-Japan e Gazette. E você, gosta de quais bandas? Já pensou em fazer parte de uma?

_ Ah, eu amo X-Japan! Yoshiki-san é meu herói! Gosto também do the Gazette. Me amarro no Aoi, ele às vezes tem uns lances legais com a guitarra. Sabe, eu até já pensei em fazer parte, mas não levei pra frente. – sentiu-se incomodado ao falar da antiga banda. – E você? Já pensou nisso? Ou está numa banda agora?

_ Não estou numa banda... mas seria bem legal. Também não conheço muita gente que gostaria de tentar, não é um caminho fácil.

_ Não deve ser fácil mesmo montar uma banda e seguir com ela... – comentou.

E nesse momento são interrompidos pelo garçom com o pedido surpresa de Arata.

Ele colocou sobre a mesa o suco e uma mini tortinha com uma cobertura que parecia geléia. Arata morde os lábios ao ver o doce e olha pra Takeo. Explicando assim que o garçom sai.

_ Temos o mesmo gosto pra bandas, a escolha foi um pouco proposital e também na sorte. Cheesecake de Cassis. Gazette soube escolher a música. Costuma ser delicioso. –sorri – Experimenta.

_ Ótima escolha! – pega o talher e come um pedaço – Só não é melhor que os doces que eu faço! – sorri convencido, pegando o doce com a colher e levando até a boca de Arata – Prova.

Arata olhou a colher surpreso e sem graça com aquele gesto.

_ Se-sério... Não. Quero dizer... obrigado. Eu... – pega a colher na mão de Takeo e leva o pedaço a boca entregando a colher de volta. – Delícia! Sério, come aí. É pra você não pra mim.

_ Não precisa levar tudo que eu falo na malícia. – ri diante da vergonha do outro – Realmente muito bom. – volta a comer a torta – Não vai pedir uma só pra você? – estende outro pedaço.

_ Gomen. Ahn... acho que esqueci de pedir pra mim... – e com alguma relutância aceita o doce que o outro estendia. – Mas você tem um sotaque... de onde você é?

_ Sotaque? – ri baixinho – Achei que tivesse perdido ele. Sou de Mie. E você?

_ Mie? O que você está fazendo aqui? Isso é longe demais! – o garoto ficou surpreso – Assim, você tem um leve sotaque, mas nunca diria que era de Mie. Hei, eu já disse pra você que sou de Kanagawa. Está tão afim de me pegar que nem lembra mais o que conversamos antes?

_ Nem é tão longe assim. E isso se chama problema de memória. – terminou de comer o doce, voltando a atenção completamente para Arata – Se nós conversássemos de novo amanhã, eu não ia lembrar o que conversamos hoje, pelo menos não a maior parte do assunto. E com certeza não seria uma má idéia te pegar. – sorriu malicioso, encarando o outro profundamente.

_ Isso se chama Alzheimer. – sorriu, ficando vermelho com a cantada – E você é um pervertido desmemoriado. O que te fez sair de Mie? – pensou um pouco na própria pergunta – Se bem que... só o fato de ser cidade do interior... Mas, conta, o que te fez buscar a cidade grande?

_ Alzheimer? – começou a rir descontrolado – Essa foi boa! Você é muito engraçado sabia? – continuou rindo, fugindo da outra pergunta. Não ia falar de sua vida para alguém que acabara de conhecer. – Fala sério! Aqui é Tóquio! Todo mundo quer vir pra cá! Olhe pra você mesmo, porque veio pra cá? Também saiu de longe, não é?

_ Bem, é verdade... eu também vim de longe. Não dei muito certo em casa. Então estou aqui. – ficou mexendo com o canudo o restinho de suco que tinha no copo.

Arata não conseguiu mais encontrar um assunto pra continuar a conversa, aquele tema o deixava desanimado.

_ Hei. – segura pelo queixo, levantando o rosto do outro – Te magoei? Me desculpe, se falei algo que não devia.

_ Não, é que é recente... isso vai passar. – forçou um sorriso e continuou calado olhando pro suco.

O ruivo passou as mãos nervosamente pelo cabelo, desviando o olhar.

_ Eu fugi de casa faz quase 7 anos. Você se acostuma, só... não pode desistir. No começo é difícil, mas tudo vai se ajeitando.

Arata levantou o rosto, observando o desconforto do rapaz ao tocar no assunto. Parece que encontrara uma semelhança a si próprio.

_ Quantos anos você tem?

_ Vinte e três. – continuou sem encará-lo, não gostando de trazer as lembranças à tona, mas o rapaz parecia entendê-lo.

_ Temos a mesma idade, mas você conhece mais coisas que eu. – analisou-o com suavidade.

_ Você parece mais novo. Eu te ajudo se quiser! – e sorriu novamente, tinha que afastar de vez o passado pra viver o futuro – Conheço bem a cidade, lugares movimentados, calmos, diversões!

_ Hai. Arigatou. – sorriu gentil – Vou precisar mesmo de amigos por aqui. Deixei todos os meus lá atrás. Takeo-san, posso ouvir você tocar guitarra qualquer dia?

_ Se parar de me tratar como velho sim! – bagunçou os cabelos do outro – Então se é amigos que quer, eu me candidato! – levantou a mão, como se fosse alguma espécie de votação.

Arata começou a rir descontrolado. Ele parecia uma criança as vezes.

_ Tudo bem! Abaixa essa mão! Já foi selecionado e convocado pro cargo!

_ Sim senhor! – bateu continência, rindo também – Hei, quer dar uma volta? Posso te mostrar alguns lugares, se quiser.

_ Hum quero sim. Mas antes... o que vim fazer. – pegou a carteira e caminhou até o caixa, pagando a conta e voltou rindo de algo que o funcionário disse – Vamos, "senhor 1º amigo em Tóquio originário de Mie"-san?

_ Okas, vamos para o tour, Izumi-san! – levanta, saindo do Café.

_ Hai! – acompanhou o novo amigo.

Hayato e Takeo, naquela tarde não podiam imaginar, mas ali estava nascendo algo que iria além de amizade e estaria muito longe de cumplicidade entre irmãos. Não mesmo, aqueles dois ainda seriam muito assediados por fãs, que jurariam de pés juntos que eles seriam capazes de dividir a caneca do café, além de uma colherada de cheescake.

E eles não fariam nada para desmentir isso.

 

FIM

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