sexta-feira, 4 de setembro de 2009

The New Perspective

Your love is a song

Cap.1 - The New Perspective

Olhou para as ondas que se quebravam ao longe, os joelhos postos bem juntos ao peito em uma posição encolhida, quase derrotada, negando-se a derramar lágrimas. Não queria chorar, chorar era sinal de fraqueza, e ele não era fraco... Não é?


Encolheu-se um pouco mais ao sentir a brisa absurdamente fria passar pelo seu corpo, fazendo-o estremecer e suspirar cansado. Ele havia saído de casa com a cabeça quente, pegara somente a carteira e as chaves, acabando por esquecer-se do casaco próprio para pilotar à noite. Somente se dera conta disso quando já estava na rodovia, descendo em direção à praia e seu corpo doía pelo frio.

Mas ele não voltaria. Voltar seria admitir que estava errado por algo que nem mesmo ele sabia o que era. E ele não diria que estava errado, ele somente... Por que as coisas eram tão difíceis?

Levou os dedos até as bochechas, limpando-as, ao sentir coçarem levemente, percebendo que as mesmas estavam molhadas. Lágrimas. As mesmas lágrimas que jurara nunca mais derramar por alguém, agora corriam soltas pelo seu rosto, enquanto seu coração parecia apertado demais. E ele ainda acreditava ter ouvido o barulho de algo se quebrando. Mas deveria ser somente sua imaginação lhe pregando peças novamente.

"Eu não tenho um coração, para quebrarem-no." Pensou, enquanto olhava de relançe para a moto estacionada mais ao longe. Afinal, por que é mesmo que haviam começado com aquela briga?

Ah, é. Ele não havia afastado Takeo em uma brincadeira, mais cedo, e isso havia enfurecido Ikeuchi. Negou com um movimento de cabeça, fechando os olhos, sentindo-se a ponto de explodir. Ele nem ao menos pensara que havia sido algo sério, pelos deuses! Era somente uma brincadeira, um abraço, ele mesmo jamais levaria alguém como Takeo a sério, mesmo que encorajasse Arata-san a fazê-lo.

"Me pegue pela mão e me leve para um local longe daqui."

Riu sem humor, lembrando-se da promessa que havia feito a Jun-san, antes de ter ido embora para o colégio interno, quando ainda era adolescente. Jamais deitar-se com alguém que não o amasse. E pensar que poderia estar quebrando essa promessa... Ele nem ao menos poderia ser considerado alguém a se amar.

Tão sujo, tão violento, tão sem um mínimo de compaixão. Egocêntrico e cheio de problemas. Alguém que não conseguia manter uma linha de humor e se tornava tão absurdamente possessivo que chegava a assustar.

Suspirou, com nojo de si mesmo. E o que ele estava fazendo para mudar aquilo? Somente olhava para o mar e se afogava em auto-piedade. Olhava os próprios defeitos, não se importando em melhorá-los. Era, realmente, uma pessoa deprimente. Uma daquelas pessoas acomodadas com a própria vida e que não fazia nada para melhorá-la.

Balançou a cabeça. Não era sua culpa. Ele tentava dar o seu melhor sempre! Sempre tentava! Tentava sempre ser forte pelos colegas de banda, seus amigos, pelo mais velho que, mesmo não o amando, sempre seria aquele com quem Ryuutarou iria querer ficar.

"Por que sempre que eu tento te tocar, você se esquiva?"

Ele não queria se esquivar. Queria poder tocá-lo também, sem medo de ser subjugado, forçado a fazer algo que não gostaria, ou, simplesmente, ter a culpa de trair Yamamura. Ele jurara jamais ser tocado somente por luxúria, não quebraria a promessa. Jun-san confiara nele.

Suspirou, negando e voltando a olhar o mar, pensando em como teria sido mais fácil se, anos antes, ele tivesse sucumbido a idéia de sair da banda antes de deixar Ikeuchi o cativar de forma tão intensa.

Como poderia amar alguém tão distraído e tão sem rumo? Aquele vácuo gigante que insistia em tratá-lo como alguém fofo e meigo. Jin nem mesmo era descolado! Bufou, passando as mãos pela franja e retirando-a dos olhos, se encolhendo ao vento mais forte. Jin poderia ter tantos defeitos, mas seria sempre a pessoa que o abraçava sem esperar algo a mais e sorria-lhe verdadeiramente.

Talvez... Só estivesse apressando um pouco mais as coisas,quem sabe se eles não conversassem? Sorriu levemente, concordando com a cabeça. Sim, eles conversariam, eles se entenderiam e Ryuutarou o faria ver que, tudo que desejava, era uma nova vida ao lado de Ikeuchi, sem as lembranças ruins e superando as dificuldades.

"Pare aqui e me deixe corrigir tudo isso."

Levantou-se, calçando novamente os tênis surrados (de estimação) e correndo até a moto, ainda que a areia dificultasse os movimentos. Sentou-se no assento e colocou o capacete, começando a dirigir de volta para o apartamento do mais velho.

Ao invés de ficar sentado na praia lamentando-se, dessa vez Asamura Ryuutarou iria ver a vida por uma nova perspectiva. E pediria para Ikeuchi Jin o acompanhar, pois ele o amava. Ikeuchi se transformara em uma pessoa tão especial que Ryuutarou não poderia continuar a caminhar sem ele.

Dessa vez, nada estava perdido para o baterista. Nem ele deixaria passar.

"Eu quero viver a vida por uma nova perspectiva. E você vem junto, porque eu amo seu rosto.”

Não demorou muito para que estivesse na recepção do prédio do baixista, não se importando em ser anunciado, não quando acabara indo ali quase todo dia acompanhado do ‘otaku’ morador de um dos apartamentos.

Nem mesmo esperou o elevador, subindo as escadas e chegando ao andar do amante praticamente se arrastando pelo chão, amaldiçoando os anos de fumo. Talvez Jin tivesse razão ao pedir para que parasse.

Tirou a chave do bolso, abrindo a porta com cuidado, preocupando-se com o mínimo de barulho que pudesse fazer, entrando e retirando os sapatos e as meias. Logo ouviu um latidinho, abaixando-se e segurando o animalzinho no colo.

-Seu dono está aí, não está, Trevas? – murmurou, rindo em seguida, andando pela sala e parando em frente ao sofá, ajoelhando-se do lado do móvel e vendo o baixista adormecido, sorrindo.

Ele era uma criança. Uma criança que crescera demais e agora o divertia, ele, o garoto que passara por mais coisas do que deveria agüentar. E que estava o ensinando como amar alguém.

Levantou-se e foi até o quarto do maior, retirando a colcha da cama e levando-a até a sala, cobrindo o maior, deitando-se ao lado do mesmo no apertado sofá e abraçando-o. Suspirou, aconchegando-se em Ikeuchi, sorrindo levemente. Sentira falta do calor e do cheiro do maior.

E se havia sido uma intervenção de Kami-sama? Quem se importava? Ele somente queria poder estar com Jin. Caminhar lado a lado, sempre, por uma nova perspectiva.

“E eu que achava que não poderia te amar mais do que já amo...”

E quem se importa com intervenção divina? Eu quero viver a vida por uma nova perspectiva."

Continua...

 

Notas Finais:

Se a Kaline for boa seme, eu posto mais 8D

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