sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Crying Rain 01

Crying Rain

A memória que nunca acaba, lentamente eu estou segurando minha respiração
Estou fechando os olhos e expirando
Estou lembrando que dia em que segurava firmemente sua mão
Desejando o amanhã

Em dias chuvosos, quando o céu se torna cinza e os trovões fazem as janelas balançarem, é tão fácil sorrir, porque não importa quantos trovões soem, a tempestade não pode entrar. Existe um santuário dentro de cada coração onde a chuva não pode tocar e ninguém pode ouvir os pingos de chuva que caem dentro dele. Mas eu posso. E cada gota caindo é em vão. Os relâmpagos aparecem de novo e de novo e todo o tempo, a escuridão começa a ser iluminada, mesmo que por poucos segundos, com os raios brilhantes.


Em dias chuvosos, todo mundo escolhe ficar dentro de casa e se proteger da escuridão. Eu prefiro sair e permanecer para fora, sentindo-me cada vez mais e mais molhado, sentindo minha pele enxarcar. O chão de concreto desse lugar é frio e machuca meus pés, mas não me impede de continuar aqui e ver a chuva cair. Sozinho. Como sempre.

Meu coração se torna exposto à tempestade severa e eu sinto que essa é a minha punição, o que eu mereço por ter falhado com minha promessa, por ter aberto meu coração.

Não tem nenhum pássaro voando, apenas as nuvens correndo pela atmosfera, tentando não serem desfeitas pelo vento e derramando água sobre nós.

As nuvens não tem nenhuma forma em particular, são apenas manchas escuras no céu já acinzentado. E elas podem se confundir com a fumaça do cigarro que eu fumava alguns minutos atrás.

Cada nuvem tenta manter sua forma, seu orgulho, como cada um de nós nesse lugar. Alguns conseguem, outros, como eu, tem que abrir caminho e se fazer notar. Eu posso ser comparado a essa tempestade, não? Eu posso ser assustador, como esse céu escuro, como as nuvens que tentam achar uma posição contra a tempestade.

Ah, mas elas mudam de posição muito rápido, eu quase não consigo acompanhá-las. É loucura. E elas nunca me deixam mudar junto.

Em dias de chuva, se eu ficar fora por tempo suficiente para me perder no meu céu infinito enegrecido, uma rajada de vento irá soprar-me para longe...

A chuva que começou a cair está tomando o cheiro da terra com o vento
Coletando de coração partido, meu rosto é refletido em uma poça de água
Se eu me culpar, meus sentimentos se tornam um pouco mais confortáveis?
Ouça, eu sempre finjo ser a vítima

Eu estava rindo. Eu estava enlouquecendo e ofegando incessantemente enquanto minhas mãos fechavam-se em punhos para que eu não socasse alguém. Que sentimentos? Eu era uma máquina, apenas alguém frio e sem coração, como muitos insistiam em dizer. Eu ria baixo, pensando no quão idiota eu era, por acreditar merecer alguma coisa.

Depois disso somente a escuridão e a sensação do corpo pesando mais e mais, enquanto eu perdia as forças para rir deles... de todos eles. Eu só conseguia correr, correr para muito longe do local, longe daquele apartamento, longe de todos eles.

Eu poderia jurar ter escutado alguém me chamar, mas eu descia as escadas somente preocupado em não me embolar e cair. Não queria precisar passar mais nem um minuto ali, ciente do que acontecera. E depois daquilo? Arata também não fazia nada?

Eu conseguia ver a cena repetindo-se na minha frente. Jin beijando Takeo. E o que eu poderia fazer para impedir aquilo? Novamente sair no soco com o guitarrista? Novamente gritar, espernear e me deixar exposto?

Eu via o ruivo sentado no colo de Jin, eu via Ikeuchi puxando o outro para um beijo. Eu conseguia ter aquilo se repetindo milhões e milhões de vezes, conseguia vê-los. Conseguia correr o máximo que as pernas permitissem.

Só que eu não havia percebido que o céu se fechava. Eu não queria olhar para o céu, não naquela hora. Não quando eu me sentia tão pequeno e fraco. Tão imbecil por acreditar que eu poderia ser feliz.

Eu não havia nascido para isso. E somente agora eu tinha a certeza. Eu poderia ter percebido isso mais cedo, não? Eu não precisaria ter visto Takeo no colo de Jin, nem mesmo o vácuo-ambulante o agarrando e o beijando.

Nem mesmo nutrir esperanças eu teria precisado. Não teria precisado me sentir bem toda vez que Ikeuchi sorria ou se mostrava mais animado. Não precisaria ter me enganado tão tolamente.

Mal percebi quando cheguei ao prédio que morava, cruzando o hall e indo para o sétimo andar pelas escadas. Eu estava sem fôlego e meus pulmões doíam ao inspirar, me fazendo respirar pela boca, mas eu não parava, pelo menos até quase arrombar a porta do meu próprio apartamento, me jogando no sofá, antes que o primeiro trovão viesse.

Permaneci ali por alguns segundos. Eu não queria chorar, mas parecia impossível. Procurei pelos meus cigarros, percebendo a calça completamente molhada de suor, assim como minha camiseta e o casaco leve por cima da mesma, tirando os dois e jogando-os em algum canto, enquanto acendia o cilindro preto entre meus dedos.

Acredito que passei pelo menos meia hora, fumando um cigarro atrás do outro até ver a carteira, que havia comprado esta manhã, pela metade. Mas quem se importava? Cada cigarro fumado eram cinco minutos a menos de vida, segundo pesquisas realizadas em alguma universidade da europa¹ e que eu não fazia questão nenhnuma de lembrar o nome agora. Quem iria se importar se eu morresse antes dos quarenta? Ninguém, com certeza. Talvez Yuuto, mas nem mesmo eu possuía mais esperanças de que ele melhoraria.

Sendo assim, o que me restaria, se não a solidão estampada em meus olhos? O que eu merecia, a não ser a decepção que sempre povoaria meus dias? As promessas nunca ditas, as esperanças dadas silenciosamente, mas nem por isso, menos falsas?

O que me restaria, a não ser a certeza que eu era um brinquedo nas mãos das pessoas? O que eu merecia, além disso? O que eu havia feito para merecer algo mais do que isso?

Eu estou andando alinhando minhas hipocrisias, mesmo se nós rimos juntos
A chuva está lavando tudo
A verdade é que eu estava chorando no dia que você me disse que tudo acabou
Meu sorriso falso está derretendo

O sol nasce todos os dias sem uma falha, a sua primeira luz laranja toca o céu, a terra se afasta da escuridão da noite para receber o fogo vermelho. É um sol de verão, do tipo que fica no céu durante todo o dia e enche a humanidade com o calor, tão diferente da sua congénere de inverno. O sol me enche de sentimentos de confusão. Por que é que só escolhe brilhar quando o céu está claro? Chuva e luz na chuva. Imagine um dia quando a chuva calorosamente vem abaixo, o vapor se levantaria do chão como uma Phoenix volta para o sol.

Eu quero tanto dormir, mas não há nenhuma tempestade mais. Eu vou sentir a chuva na minha pele, mais uma vez, e talvez só desta vez ela vai lavar o pecado da minha alma. Talvez se eu me afogar na chuva, água subirá até azul profundo e cairá sobre todos nós ...

A noite de chuva nunca para de chorar
A noite está chorando, chorando

 

Notas Finais:
¹ esse lance dos cigarros e tempo de vida é real, eu li ... = _ = Droga, acho que perdi alguns anos ...

Pronto,. Ai-chan, parte do combinado está pronto. uu

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