domingo, 16 de setembro de 2012

04 - Perseguido por sombras, me torno um lunático.

Notas iniciais: A música que acompanha esse capítulo é Muma - The Nightmare, do BUCK-TICK. Na versão do 13th Floor With Diana. Aliás, se alguém quiser me dar esse dvd, eu vou aceitar de bom grado, viu? :3
http://www.youtube.com/watch?v=5PYIDC8ws3Q&feature=related
Aconselho ESCUTAREM enquanto lêem. Sem mais, vamos ao capítulo.


* * *


Eu amo você... mesmo agora, com você tão longe, eu ainda te amo... mesmo que minha voz não te alcance... eu ainda amo você.
A voz parecia agoniada e tudo que ele via era o corpo pálido caído à sua frente. Até onde ele era capaz de ir por aquela pessoa?
Suspirou, fechando os olhos e caindo de joelhos, sentindo-os falharem. Ergueu o rosto, vendo o rapaz quase tão alto quanto ele mesmo.
Sorriu.
–Isso tudo é a sua vingança? Por ter perdido para mim, por não saber curvar-se diante de quem é o melhor? – um sorriso de canto tomou seus lábios. Atrás de si, Shiroyama estava posto ao lado de um dragão, possuidor de uma coloração castanho avermelhada, e encarava predatoriamente o grupo armado que os encurrralara.
–Não. Isso tudo é por você ser um maldito filho da puta. Porque você não mede esforços para chegar até onde quer. Eu poderia acabar com você em um simples aceno de mão, como fiz com Ryuutarou. – os olhos do rapaz foram até o rosto desacordado. Por um leve momento um brilho dolorido havia cruzado os mesmos.
–Então por que não o faz? Meus homens foram mortos, restam apenas Shiroyama e Hayato neste campo. Você pode nos matar facilmente. – sibilou, puxando o corpo gélido e pálido contra si, como se tivesse medo de que Tersuhido o tirasse de si.
–Acha que sou como você? Aqueles outros quase nos mataram, mas Izumi está fraco demais para manter-se em uma forma humana e, querendo ou não, Shiroyama ainda é o irmão dele... – abaixou ainda mais a voz. Os homens atrás de si continuavam armados, a postos. Qualquer movimento resultaria em mortes. Takeo havia se aproximado mais de Izumi, que descansava. Seu corpo gigantesco dava mostras de cansaço, a couraça estava machucada e mostrava ferimentos profundos.
–Eu posso levantar aqui e gritar para todos eles o que você fez. O motivo de chegamos a esse ponto. Será que Shiroyama Takeo sabe como Shiroyama Yuu morreu? Ou Hayato Izumi sabe como todo seu clã pereceu? – um sorriso demoniaco tomou conta dos lábios sedutores de Terushido Yuura.
–Não se atreveria...
–Eu me atreveria e você tem plena consciência disso. Ryuutarou está apenas desacordado, mas eu não vou deixar você levá-lo, Ikeuchi. Ele não merece. – levantou-se, pegando o menor no colo, ao passo que Ikeuchi avançou, sendo segurado por uma tropa que havia surgido sabe-se de onde.
Não conseguia lutar. Mesmo que quisesse, estava fraco demais para isso. Apenas podia ver Terushido apertando o corpo menor contra o seu, com um sorriso presunçoso a tomar-lhe a face.
–Levem seu chefe daqui. Não me façam ver a cara dele! – ordenou para o vampiro remanescente e o dragão, vendo a incredulidade em seus olhos. – Conversaremos mais tarde, Ikeuchi. Quando você estiver em condições. Até lá... não quero saber de você ou algum de seus homens invadindo meu território.
De súbito não estava mais naquele campo de batalhas. O cenário era aquele quarto de paredes brancas, decorado em alguns pontos com ladrilhos negros e vermelhos. Candelabros por todos os cantos, em um tom de dourado envelhecido. O cheiro tinha uma mistura de rosas, cera de vela e perfume. Ergueu a cabeça, não entendendo o que estava acontecendo.
Encontrou-se em uma cama de dossel. Não parecia estar dormindo, a dor em seus braços, presos acima da cabeça, era bem real. Assim como a imagem de Ryuutarou em cima de seu corpo, o encarando com uma mistura de carinho e medo no olhar.
–Asa... Asamura kun? - sua voz saiu fraca e ele notara como estava com a garganta seca. Há quanto tempo não comia ou tomava alguma coisa? Respirou fundo, sentindo um toque suave e gelado em seu rosto.
O toque de Ryuutarou.
As mãos finas de unhas longas e negras passearam por seu rosto, pescoço, peito, causando arrepios prazerosos. Suspirou, enlevado, pelo menos até o toque suave tornar-se um aperto em seu pescoço.
–Você... me diga que você se lembra... me diga que sabe o motivo para tudo isso ter acontecido... que se lembra de mim... - a voz havia ficado falha, mesmo assim o rosto mais novo estava impassível.
–Asamura kun, eu não... - tentou falar, mas o aperto tornou-se mais forte. Independente disso, não sentia a falta de ar que deveria vir acompanhada por aquele estrangulamento. Parecia que o ar era desnecessário.
–NÃO ME CHAME ASSIM! VOCÊ ME CHAMAVA PELO NOME... EU COSTUMAVA SER SEU!
Arregalou os olhos sem saber o que dizer. Aquilo era... era pura loucura. E ia falar isso, não fosse a voz que vinha de algum canto atrás do moreninho, que o encarava com raiva não disfarçada.
–Ryuu-chan... não se exalte com nosso convidado... você sabe que ele pode se ofender. - a voz era maliciosa e cruel, pingando ironia por todos os cantos. E, ainda assim, conhecida.
Jin arregalou os olhos ao ver o homem que se aproximava, estendendo a mão para o menor, que a aceitou prontamente, pulando de cima de seu corpo e abraçando a figura mais alta do que si.
Cabelos longos, presos em um rabo de cavalo alto, olhos vermelhos e uma pele pálida, mas de aparência bem cuidada. As roupas de época, um kimono azul claro com bordas e desenhos de camélias azul-petróleo com um obi branco, caiam perfeitamente nele, e contrastavam demais com as suas, uma camiseta laranja com um smiley, a bermuda de exército, meias vermelhas até o meio da panturrilha e coturnos desamarrados.
–Parece que voce acordou bem, Ikeuchi san. Uma pena que seu despertar tenha sido presenteado por uma demonstração de desespero de nosso Ryuu-chan. - a figura sentou-se ao seu lado na cama, correndo os dedos pelos cabelos longos do mais novo, que apoiava a cabeça em seus joelhos, fechando os olhos. Parecia uma criança, daquela forma.
Uma criança inocente, desconhecida de todas as maldades do mundo.
–Quem... quem é você? - a voz tinha dificuldade para sair, sua garganta parecia doer mais do que o normal, como se o aperto de ferro de Ryuutarou ainda se fizesse presente.
O homem riu. Uma risada maldosa e sarcástica, como se não acreditasse naquilo que ouvia. A risada dera calafrios em Jin, e ele sentia o suor frio correndo por seu rosto e costas, fazendo sentir-se gelado.
Aquela sensação era horrível.
–Não sabe mesmo quem sou, Ikeuchi san? - a figura debruçou-se sobre Jin, aproximando os rostos de forma que os lábios roçavam-se, aumentando a sensação de frio que Jin sentia, conforme o nervosismo aumentava - Eu sou você. Somos a mesma pessoa, meu caro. E seu pior pesadelo acaba de começar.

Continua...

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