segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Almost Wonderland–Capítulo único

Almost Wonderland
Kaline Bogard

“Ou seja, vai arregar bem agora...?”

O moreno alto olhou para seu companheiro de banda. Takeo segurava a garrafa de sake chinês e dois copos, mantendo a pose indolente e provocativa.

O ruivo queria apenas se mostrar para o namorado, que estava mal humorado parado mais atrás. Takeo não provocava apenas por provocar.

Mesmo sabendo disso Teruo sorriu de lado. Não ia fugir de um desafio. Jamais.

Pegou um dos copos e esperou que o outro guitarrista o servisse. Aquela competição prometia ser das boas!

 

oOo

– Arg... minha cabeça...

Teruo sentia uma dor de cabeça terrível, a ponto de levar uma das mãos aos olhos e apertá-los com intenção de melhorar um pouco. Não melhorou.

– Merda.

Lembrava-se vagamente da noite anterior quando caíra na provocação idiota de Takeo e ambos começaram a ver quem conseguia beber mais em menos tempo... ali estava o resultado.

Uma senhora ressaca!

Irritado consigo mesmo, bocejou e tentou se espreguiçar. Não conseguiu: seu pulso estava preso.

– Putaqueopa... – começou a xingar ao descobrir a algema em seu pulso, porém acabou esquecendo o palavrão ao ver a quem estava algemado – Ikeuchi...?

O baixista da P”Saiko estava deitado ao seu lado numa cama king size e ressonava tranquilamente.

– Hum...

Teruo observou o quarto onde estavam: um cômodo grande, de assoalho e paredes brancas. Nada havia além da cama e de uma porta. Pra piorar a situação o guitarrista percebeu que estava apenas com a boxer cobrindo seu corpo, nada além disso, enquanto o baixista vestia uma camisa azul celeste, bermuda amarelo-raio-de-sol e meias brancas.

– Ei, Ikeuchi! – sacudiu o otaku até que ele acordasse resmungando – Shibuya...?

– Ne... – o otaku começou a despertar.

Então Teruo notou que a situação era pior do que imaginara: o outro braço de Jin, que desaparecia pela beira do colchão, balançou e um gritinho surpreso se fez ouvir.

Ambos os P”Saiko se entreolharam e levaram um senhor susto quando uma criaturinha saltou em pânico.

– Céus! O que está acontecendo... oh, minha pobre cabecinha... que dor...

O responsável pelos figurinos da banda, Gensuke san, em seus trajes luxuosos e cheios de penas coloridas sentou-se sobre a cama, também com uma algema em seu pulso o prendendo a Shibuya.

– Merda! – Teruo resmungou.

– G-san...?

O homem franzino voltou seus olhinhos sofridos para o baixista, passou a mão livre pelos cabelos (que atualmente eram loiro-quase-branco) e praticamente jogou-se nos braços de Jin.

– Ikeuchi kun! O que aconteceu? Como viemos parar aqui? Não me lembro de nada!

– Pobre Gensuke san!

Teruo rolou os olhos. Como assim “pobre Gensuke san”? Ele era o único seminu por ali, protegido apenas por uma boxer...

– Sem pânico. Vamos descobrir como viemos parar aqui – o mais velho tentou raciocinar um pouco antes que o pânico se instalasse – Primeiro temos que descobrir onde estamos.

Shibuya concordou e foi arrastando-se pela cama de forma precária, puxando Teruo e Gensuke pelos pulsos.

– Ai ai... – o estilista gemeu.

– Devagar, Ikeuchi!

– Oh gomen, gomen.

Depois da bronca o baixista foi com mais calma e cuidado, saindo da cama com seus companheiros. Teruo torceu os lábios. Nunca mais beberia tanto estando perto de Shiroyama.

– Bom, – a voz divertida de Jin tirou o guitarrista de suas lamentações – está um pouco frio, Teruchi. Não se incomode...

Terushido franziu as sobrancelhas sem compreender a frase aparentemente incoerente.

– Frio? Deve estar uns trinta graus, Ikeuchi! De onde tirou que está frio?

Jin moveu os ombros.

– Sabe como dizem – e apontou a frente da boxer do guitarrista – No frio a gente encolhe, né?

Teruo não teve tempo de se indignar, pois Gensuke inclinou o corpo de modo a ter uma vista privilegiada das costas do guitarrista.

– Mas atrás não tem nada encolhido... se é que me entendem. Ai céus... parece uma almofadinhaaaa...

Shibuya segurou a risada ao ver a expressão irritada do guitarrista e companheiro de banda.

– Almofadinha... vou mostrar a almofadinha já, já. Ikeuchi me empresta sua camisa.

– Nani? Minha camisa? Gomen ne Teruchi... – ergueu os pulsos movendo os braços de Yuura e Gensuke – Não vou conseguir tirar a camisa se estiver com essas algemas.

– Argh. Então me empresta a bermuda.

– Eeee? Minha bermuda...? Mas... mas...

Gensuke soltou outra de suas nefastas risadinhas.

– Jin – a voz de Teruo soou uma mistura inacreditável de súplica com um tom de ordem inquestionável – Ande logo.

Resmungando o otaku obedeceu. Tirou a bermuda, ficando apenas com uma samba-canção estampada de Hello Kit. A camisa azul celeste era longa, mas não o suficiente para cobrir a peça.

– Owwwwn Ikeuchi kun que coisinha mais meiga!

– Gensuke san...

Teruo sorriu enquanto vestia a bermuda, apesar de meio inconformado por usar uma coisa com aquela cor. Amarelo-raio-de-sol. Pelo menos ninguém ia ficar olhando pra sua bunda ou para partes mais sensíveis e fazendo comparações ridículas.

– Vamos logo – apressado foi-se puxando Shibuya e, conseqüentemente, Gensuke san.

A porta estava aberta. Os três saíram num corredor meio estreito onde as únicas saídas apareciam a frente deles: uma porta e um elevador. Poderiam usar o elevador para sair dali.

– Eu... não...

A voz assustada do baixista causou arrepios nos outros dois homens.

– Ikeuchi kun – Gensuke falou mansinho enquanto apontava um número no alto da porta do elevador – Estamos no quadragésimo sétimo andar. Temos que usar o elevador...

– Não!

Teruo acertou um tapa na testa e passou a mão pelo rosto. Sabia que era mais fácil enfiar um gato dentro de uma banheira cheia de água fria do que convencer Jin a se meter num elevador.

– Esquece, Gensuke. Vamos ter que ir pelas escadas.

– Mas... – o estilista bagunçou os cabelos desesperadamente – São quarenta e sete andares! Vamos descer tudo isso pelas es-ca-das?

– Gomen... – Jin decidiu que não ia entrar no elevador nem se o nocauteassem.

O estilista olhou da porta do elevador para a face pálida do baixista. Acabou se dando por vencido.

– Exercícios que vão valer pelos próximos cinco anos...

Sem dizer mais nada os três desceram pelas escadas, a única saída possível do prédio desconhecido. No começo foi fácil. Mas a medida que os degraus se somavam ia ficando mais difícil. Na divisa entre o trigésimo sétimo e o trigésimo sexto Gensuke soltou um gritinho frustrado e cravou os pés no chão se recusando a prosseguir.

– Preciso descansar! – jogou-se no chão puxando Jin com ele. O otaku caiu de joelhos e quase foi pra cima do estilista, mas usou a outra mão para amparar-se na parede e evitar a queda. Infelizmente o tranco pegou Teruo de surpresa. O guitarrista desequilibrou-se e caiu por cima de Jin que, consequentemente, esparramou-se sobre o pobre estilista, deixando-o sem ar.

– Esse... é o sonho de... suas fãs, mas... não o meu... podem sair de cima?!

A frase fez Shibuya rir. Mais de nervoso do que de outra coisa. Não sabia o que era mais constrangedor: ficar por cima de Gensuke ou por baixo de Yuura.

– Maravilha. Posso saber por que o meu namorado está tão feliz deitado com dois homens?

A voz irritada que soou era do líder da banda. Imediatamente Shibuya desenroscou-se dos outros dois e ficou em pé, puxando-os com ele.

– Jack foi um acidente, nós não estávamos... JACK?!

Tamanho espanto se apossou não apenas do baixista, mas de Gensuke e de Teruo também. Afinal não era todo dia que viam o líder da banda, sempre sério, mal humorado e não raro agressivo, vestindo um sensual traje vermelho de dança do ventre.

Jin sorriu bobo e encantado ao ver como os véus de diversos tons avermelhados caiam bem para seu amante. Jack estava lindo!

– Mas paetês? – Gensuke analisava a figura do moreninho com uma mão no queixo – Meio fora de moda...

Referia-se aos enfeites do top, também vermelhos.

– Jack você está... – Jin começou o elogio, porém foi cortado antes que conseguisse completá-lo.

– Não aceito nenhum comentário vindo de alguém que usa cuecas da Hello Kit! Inferninho, o que sua bermuda está fazendo com Yuura?

Teruo ergueu as sobrancelhas.

– Como sabe que é dele?

Ryuutarou rolou os olhos com enfado.

– Que ser humano usaria uma bermuda com esse tom de amarelo capaz de cegar algum infeliz? O meu namorado, é claro.

– Mas Jekichi... como veio parar aqui? Vestido com esses trajes?

– Não sei. Quando acordei estava aqui e assim. E vocês? Essas algemas fazem parte de algum tipo de fetiche?

– Nem brinca, Asamura – Teruo resmungou.

– Acordamos assim. O Yuura san estava só de cuequinha e morrendo de frio, por isso pegou a bermuda do Ikeuchi kun emprestada.

Com tal frase tanto o estilista quando o otaku riram, dividindo uma piada interna. Mal humorado, Teruo deu meia volta e puxou ambos com ele.

– Já descansaram o bastante, não é? Vamos dar o fora daqui.

Ao ver aquilo o líder da P”Saiko deu de ombros.

– Resolvi subir para ter certeza que não ficou ninguém pra trás. Não vim pelo elevador por que temi desencontrar com o Jin, caso ele estivesse aqui.

– Ow... que fofo – Shibuya sorriu querendo apertar as bochechas do namorado. Daria tudo pra poder tirar uma foto dele naquele momento.

– Que confusão! – Gensuke escondeu o rosto com as mãozinhas pequenas – Só tínhamos nós três lá em cima. Agora precisamos descer mais. Ano... elevador? – olhou esperançoso para Jin, porém o otaku fez um bico e meneou a cabeça. Nunca entraria em um elevador, mas pra compensar sugeriu algo que lhe veio à cabeça.

– Que tal uma operação pente fino? – Jin soou animado demais na opinião dos companheiros – Tipo videogame: a gente se divide em duas duplas ou dois times e... oh... okkei, nada de divisão. Mas a gente vai investigando sala por sala.

– Talvez dê certo – Teruo concordou – Podemos encontrar outras pessoas ou um telefone pelo menos. Vamos descendo mais.

Depois dessa quase ordem os quatro retomaram a descida. Jack ia a frente, com os olhos de Jin cravados no balanço de seus quadris. Gensuke estava cansado demais de tantos degraus para, sequer, pensar em bulinar seus queridos músicos. E Teruo só desejava duas coisas: poder fumar e esganar o Takeo. Pois, em sua mente, a culpa de tudo aquilo só podia ser do outro guitarrista.

– Quero saber que explicação vão dar para tudo isso – o baterista resmungou – Se for algum tipo de pegadinha da gravadora eu juro que cabeças rolarão.

– Não tem cara de pegadinha – Gensuke argumentou – Eles nunca deixariam Teruo san apenas de cuecas ou você vestido de dançarina do ventre. Pelo menos não com paetês.

Jack virou a cabeça o suficiente para fuzilar o estilista com um de seus olhares fatais. Gensuke simplesmente ergueu as sobrancelhas desafiando Ryuutarou a dizer alguma coisa, no entanto o baterista não era bobo. A vingança do estilista viria nas roupas do próximo live e ele não queria acabar repetindo a dose de dançarina das arábias.

– Não faz sentido – o baixista concordou – Soube de uma pegadinha com os garotos do ViViD, mas foi bem diferente.

– Não foi uma pegadinha. Foi um jogo entre bandas. The Gazette e Alice Nine estavam participando – Teruo explicou.

– Oh – depois disso Jin calou-se.

Na curva entre o trigésimo primeiro e o trigésimo andar Jack parou e apontou algo no chão.

– Duas garrafas – Uma estava cheia com um liquido vermelho, a outra com algo azul.

– Não bebe a azul! – Jin quase gritou – A azul apaga a memória! Ano... ou será a vermelha...?

– Do que você está falando? – Teruo passou a mão pelo rosto de forma cansada.

– De Matrix – foi Jack que respondeu – Mas em Matrix eram pílulas, Inferninho, não drinques.

Jin não hesitou um segundo em retrucar a afirmativa de seu namorado.

– Então bebe a azul.

Teruo olhou agudo para o líder da banda, como se exigisse explicações ou algo que justificasse a lógica incompreensível de Shibuya. Porém dessa vez Jack deu de ombros. Ambos olharam para Gensuke que tampouco tinha uma resposta.

– Por que a azul, Jin?

O baixista olhou para o namorado e explicou com infinita paciência, como se falasse com uma criança.

– Prince of Persia, Ryuu-chan. Quando o príncipe tá fraquinho no jogo ele bebe o que tá na garrafinha azul e se recupera. A vermelha é veneno.

Jack deu um tapa na própria testa, Teruo praguejou e Gensuke riu.

– Isso não é um jogo, Ikeuchi! – o baterista ralhou – Eu não vou beber porra nenhuma!

Jin fez um bico amuado.

– Nem a minha? – perguntou de forma um tanto singela.

O silêncio que dominou a sala foi tão pesado e tenso que se uma agulha caísse no chão ecoaria o som pelas escadas. Um vermelhão absurdo tingiu as faces de Ryuutarou. O baterista saltou sobre o namorado e esticou os braços passando as mãos pelo pescoço do otaku.

– Vou te dar um bom motivo pra beber o antídoto azul, imbecil! Eu te mato!!

– Ryuutarou! – o estilista levou a mão aos lábios e suprimiu um gritinho, enquanto Teruo ficava em dúvida se socorria o colega de banda ou se deixava Jack esganá-lo um pouco mais. Resolveu que era melhor interferir.

– Asamura, calma! Foi um mal entendido...

– “Mal entendido”? É isso que vou colocar no túmulo dele!

Vendo que a coisa estava mesmo saindo do controle, Teruo fez o que pôde pra separar os dois, apesar de seus movimentos estarem limitados pelas algemas. Gensuke saiu de seu estupor e ajudou a separar a briga.

– Calma, meninos! Onegai! – o estilista estava mesmo angustiado.

– Jack... gomen! Mas você disse...

– Quieto, Ikeuchi kun. Não piore as coisas – Gensuke avisou e foi obedecido.

Jack estava bufando de raiva. Fazia muito tempo que o namorado não o fazia passar uma vergonha dessas na frente de outras pessoas.

– Da próxima vez eu arranco sua língua e dou pra Kami brincar com ela, entendeu?

O baixista apenas balançou a cabeça. Era melhor ficar quieto antes que desse algum fora. De novo.

– Vamos embora. E deixem essa porcaria de garrafa para trás.

A sugestão de Teruo foi bem vinda. Os quatro retornaram a marcha, descendo degrau após degrau.

O mais velho estava desanimado. Queria, precisava muito fumar. As algemas incomodavam pra caramba. Na verdade já estavam machucando seu pulso. Se pusesse as mãos em Takeo, ah, aquele ruivo maldito ia se arrepender por metê-los nessa.

A partir daquele ponto foi comum encontrar pares de garrafinhas nas junções entre os andares. Sempre em duplas: uma azul e uma vermelha, como aquelas garrafinhas long nek de cerveja.

– Jack... será que a gente não podia beber pelo menos uma?

– Não.

– Pode ser veneno, Ikeuchi kun – Gensuke suspirou com paciência – Pode fazer mal. A gente não sabe quem colocou aí ou mesmo como viemos parar aqui.

– Mas parece tão gostoso...

– E se você morrer terá que ser carregado por esses dois. Não seja um incomodo mesmo depois de morto, Inferninho.

Teruo ergueu uma sobrancelha. Às vezes não entendia como Ryuutarou e Jin podiam ter dado tão certo e estar juntos a tanto tempo. Ele, no lugar de Jack, já teria matado o baixista. Ou, no lugar de Jin, já teria perdido a paciência com a eterna TPM do baterista.

Eis um dos mistérios da vida.

Pensando bem era igualmente misterioso que Arata e Takeo estivessem juntos há tanto tempo. Enquanto ele, um cara sossegado e bem apessoado, continuava sozinho.

Nesse ponto sentiu o olhar de Gensuke fixo sobre si. Acabou balançando a cabeça. Ele continuaria sozinho por mais tempo. Melhor assim.

Estavam fazendo a curva do vigésimo quinto para o vigésimo quarto quando ouviram passos.

– Vem alguém aí – Jin falou animado – Vamos fazer uma tocaia?

– Não – Jack respondeu rancoroso apenas para cortar a onda do namorado.

Antes que alguém mais dissesse alguma coisa uma pessoa virou a curva e estacou antes que batesse contra um dos quatro.

– PRIMO! – Jin começou a comemorar, porém calou-se.

– Obeso? – Jack ergueu as duas sobrancelhas por ver alguém vestido pior do que ele.

– Céus – Gensuke queria gritar de raiva por tamanha ofensa à moda e a tudo que aprendera com seus anos de experiência.

– He, he, he, he – Teruo apenas riu por ver que nem o vocalista escapara da brincadeira de Takeo.

Arata estava com um vestido de gola alta e um chapéu de cone. Ambos revestidos por fios de náilon parecidos com cabelo humano de cor castanha. Aquele mar de pêlos o cobria quase por completo, deixando apenas o rosto de fora.

– Parece o primo It da família Adams – Jin sorriu feliz demais para o gosto de Hayato – E “primo” você já é.

Mas o vocalista balançou a cabeça e virou as costas. Tinha uma placa colada na altura dos ombros. “Hidra Peluda”, era o que estava escrito com letras de forma.

– O que diabos é uma “Hidra Peluda”? – Gensuke fez uma careta ao perguntar isso.

– Como eu vou saber? – Arata, de mau humor, virou-se outra vez para os companheiros.

– Deixa eu adivinhar, – Teruo soou infeliz – Você acordou e já estava vestido assim?

– E não sabe como veio parar aqui – Gensuke completou.

– É. Não faço idéia! – Hayato estava visivelmente desconfortável – Isso é quente como o inferno, mas me deixaram só de cueca, então não posso tirar.

– Pelo menos te cobriram com algo – o guitarrista lembrou-se que acordara apenas de boxer. “Maldito Shiroyama”.

– Por que está subindo, Izumi? – Jack, prático como sempre, foi direto ao X da questão. O vocalista pegou uma das mexas castanhas que caiam do chapéu de cone e começou a brincar com ela.

– Eu fui até o primeiro andar e todas as portas estão trancadas. Não dá pra sair.

Ao ouvir aquilo os quatro desanimaram totalmente.

– Não tem nem um vãozinho?

– Não, primo – Arata foi categórico – Nem uma fresta.

Nesse ponto Gensuke lamentou-se e se jogou no chão outra vez. Mas Jin foi esperto e acompanhou o movimento, para não correr o risco de ficar numa posição comprometedora. Assim sentou-se ao lado do estilista e manteve um braço esticado, já que Teruo continuava em pé.

– Oh! – o otaku exclamou ao observar uma das famosas garrafinhas – Eu to com sede... posso beber a azul?

– Já disse que não, Inferninho! – por mais que estivesse zangado Jack não podia permitir que seu namorado se envenenasse bebendo uma daquelas coisas esquisitas – Vamos pensar num plano.

– Meu plano era subir e encontrar alguém ou um telefone.

– Bom plano, Capitão Caverna – o líder da banda provocou.

– Obrigado, Sherazade. Depois nos conte uma das suas mil e uma histórias – não era muito do feitio de Hayato perder a compostura, mas ele estava cansado, um pouco assustado e ansioso para sair daquela situação.

– Oras, o Obeso sabe ser irônico também. Ano, Obeso não. É Hidra Peluda...

– Meninos – Gensuke tentou acalmar a situação.

– Por que é que vocês ficam discutindo por besteiras quando temos uma criatura descerebrada no nosso grupo?

Nem Jack nem Arata entenderam a pergunta do guitarrista. Ele apenas deu de ombros e apontou para Shibuya que terminava de beber o líquido da garrafinha azul.

– IKEUCHI! – Jack sentiu ganas de voar no pescoço do namorado outra vez. Jin não tinha um pingo de juízo.

– JIN! – Hayato também se surpreendeu. Há tempos vinha notando aquelas garrafinhas coloridas e as evitando de todos os jeitos.

Mas o baixista apenas riu.

– Tem gosto de laranja – e bolhas de sabão coloridas saíram de seus lábios – Ih... olha!

A cada palavra um mar de bolhas flutuava dos lábios de Jin para o ar em volta dos rapazes. Era bizarro.

– Ikeuchi – Jack rosnou aliviado por que, pelo menos aparentemente, não era veneno – Você quer morrer, Inferninho?

Teruo reclinou-se e pegou ambos os vidros. Aspirou o azul: tinha mesmo cheiro de laranja. Depois aspirou o vermelho. Morango.

– É algum tipo de suco de frutas – o mais velho explicou seguindo suas conclusões olfativas.

– E depois apertamos a rebiboca da parafuseta – Jack resmungou.

– Não. Salamandras azuis no balé de trufas – Gensuke saltitou.

– Ppode pparar pcom pas ppiadas – e Arata bateu um dente no outro como se sentisse muito frio.

Jin começou a rir e rir, liberando mais bolhas de sabão coloridas de vários tamanhos. Parecia tão feliz que era engraçado de ver. Mas aquilo assustou Terushido que não compreendeu o que via e acabara de ouvir. Percebeu que os quatro olhavam para ele de uma forma estranha.

– Minna?

Uma música soou vinda sabe-se Deus de onde. Vacation Camp, um dos maiores sucessos da banda.

– Mas... que...

Teruo começou a sentir uma tontura estranha. Parecia que estava sendo puxado para algum lugar, caindo, caindo, caindo...

Sentou-se na cama, ofegante e levemente confuso. Era o seu quarto, no seu apartamento. Estava sozinho no lugar silencioso. Ao lado, sobre o criado-mudo, o celular tocava uma das músicas da P”Saiko. Esquecera de desativar o alarme na folga de ano novo.

Desligou o aparelho e deitou-se novamente, puxando o cobertor sobre o corpo. Noites frias de final de ano. Não se lembrava como saíra da festa da gravadora e conseguira chegar são e salvo no apartamento. Mas ali estava ele.

Rolou pro lado sentindo o sono voltar aos poucos. Não seria um sonho maluco que o faria passar o resto da manhã acordado.

E que sonho maluco!

 

Fim

Notas Finais:
Minha amiga secreta foi a Litha Pacu Hidra Peluda chan!!

Espero que goste da zuação. Acredite ou não eu ri em umas duas partes, mas foi bacana judiar desse filé moreno e misterioso!

Tomara você goste das piadas e que no fim do ano a gente faça outro inimigo secreto!

Ah, agradecimento especial: para Arata que pesquisou a grafia de Sherazade na Santa Wikipédia para mim. Para o Jack, por ser tão estressado. Para o Teruo, por ser gostoso. Para o Takeo, sempre culpado de tudo não importa que tudo seja esse. Para o Gensuke, por que a gente ama essa beesha super gata. E para o Jin. Pela porra! XD

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