domingo, 25 de dezembro de 2011

01 - A cena de meu último momento começa agora

Notas inicias:
[Opcional] Vocês podem ler escutando: BUCK-TICK – Romance
http://www.youtube.com/watch?v=qkLymcP2zMc

Capítulo 1

Fechou os olhos, o corpo caindo à frente do espelho de bordas douradas. Seu corpo todo doía, suas mãos fechavam-se em punhos, contorcendo-se.

Oh, Deus, por que doía tanto? Por que, oh, por que, seu corpo parecia rasgar a cada respiração? Os pulmões ardiam, e os olhos doíam ao menor contato com a luz?

Jin olhou para cima, vendo um vulto atrás de si pela borda dourada. O que era aquilo? O que eram aqueles olhos vermelhos e perigosos, que pareciam prontos a dilacerá-lo?

Abriu a boca, mas nenhum som saiu. Apenas um gemido fraco e débil, ao passo que a pessoa ajoelhava-se atrás de seu corpo e o puxava para um abraço.

Um abraço frio, mas completamente confortável, como se pertencesse àquele lugar. O meio daqueles braços.

–Eu senti tanto sua falta, meu querido... - a voz era baixa e rouca, mas saía doce e amorosa. Com um toque de emoção que o rapaz não havia entendido.

Só sabia que sentia-se da mesma forma.

Abriu os olhos assustado, revirando-se na cama. O que diabos havia sido aquilo?

Passou os longos dedos pelos cabelos em desalinho, olhando à sua volta. Seu quarto continuava como sempre havia sido, com paredes pintadas de azul claro e com posteres de animes por todos os lados. Mangás espalhavam-se em pilhas pelo local e suas roupas se encontravam jogadas.

Aquele havia sido um sonho estranho. Jamais havia sonhado com uma sala tão escura, iluminada apenas por velas e com espelhos por todos os lados. Era sufocante.

Nem mesmo conhecia alguem com um cheiro tão bom, de rosas e canela, nem com uma pele que parecia tão macia e... - balançou a cabeça. O que ele estava pensando? Talvez devesse parar de assistir a filmes de terror com Tachi e o primo.

Suspirou, levantando-se e arrumando o pijama de estrelas, vendo o pequeno yorkshire que dormia aos seus pés se levantar, balançando as orelhas e o rabinho, fazendo festa aos seus pés.

–Ora, essa é uma ótima forma de começar o dia. Bom dia, Trevas. Você dormiu bem? - o animalzinho pulava aos seus pés, e o rapaz riu, indo para o banheiro, mas parando ao se analizar no espelho.

Desde quando sua pele havia ficado tão pálida e seus cabelos pareciam mais longos e negros? Ergueu uma sobrancelha, voltando a escovar os dentes.

Até mesmo levantar-se pela manhã parecia pior, e ele estranhava.

Sempre havia sido animado, mesmo nas manhãs mais frias de Tokyo, por que, agora, sentia-se cansado só de pensar em sair no sol quente de meio de junho? Deu de ombros, voltando para o quarto e vestindo as roupas coloridas que lhe eram características. Devia ir para o trabalho na loja de mangás, onde ficaria até a noite, quando se dirigiria à Toudai.

Podia até não parecer, mas o otaku de roupas coloridas e mochila com diversos bottons, além de algumas mechas coloridas em seus cabelos, era o melhor aluno de toda o Departamento de Letras e Artes da Faculdade de Tokyo. Já havia recebido diversas honras pelos trabalhos que apresentara, mas por ainda estar na metade do terceiro período, não conseguiria um estágio.

Apesar disso, as propostas pipocavam à sua frente, ainda que sua maior preocupação no momento fosse aquele Mangá que estava atrasado.

 

Durante a noite a quantidade de rostos cansados e pessoas irritadas que andavam pelos corredores da faculdade era enorme. Não somente pela maioria trabalhar durante o dia, mas as provas estavam cada vez mais difíceis, e os prazos para entrega de trabalhos parecia ficar ainda mais apertado a cada dia.

Ainda assim, fora uma surpresa quando o sensei fez o garoto de longos cabelos negros e pele muito pálida entrar na classe, o apresentando como um colega que havia sido transferido de Kyoto. No meio do semestre? Viu como ele havia corrido os olhos pela sala, e cravado-os em si.

Mesmo que apenas um estivesse à mostra, Jin conseguira sentir todo seu corpo estremecer. Era como a mirada do sonho, mas ao mesmo tempo... era totalmente diferente. Parecia a mirada de alguém que havia vivido tempo suficiente para nunca mais se enganar com nada.

Não se incomodou quando o garoto tantos centímetros mais baixo que ele se acomodou na cadeira ao seu lado, murmurando um 'shitsurei' baixo e quase inaudível. Também não conseguiu se incomodar quando os braços se esbarraram, a pele fria em contato com a sua própria. Mesmo que houvesse se repetido durante as aulas daquele primeiro tempo. E, quando no intervalo, viu sua sala ser invadida pelo ruivo do departamento de música, acompanhado de seu namorado, que por acaso, era primo de Jin, quase praguejou.

O moreninho havia se levantado e juntado suas coisas na mochila, saindo dali e indo para algum outro local.

–Hey, Shibuya. Arata e eu vamos num bar aqui perto, que tal ir com a gente? Temos tempo livre e você não precisa daquela sua aula de história do Japão, não é? - o ruivo sorriu animado, o puxando para que se levantasse

.-Mas eu não posso ter mais faltas. - choramingou. - E o Tachi fez o meu colega novo sair daqui.

Shibuya perdeu o olhar preocupado que o casal havia trocado, mas, mesmo que tivesse visto, não se tocaria.

–Esquece isso. Ele vai estudar aqui a partir de agora, não vai? Então o primo vai poder conversar mais com ele! Que tal irmos? Ou vai ficar tarde demais e não vamos conseguir um metrô para voltar para casa. - Arata soara conciliador, segurando o braço do primo e o levando para fora da sala.

Infelizmente, o garoto estava ali. Em suas roupas escuras e, por mais que ostentasse um grande óculos escuro, tanto Hayato quanto Takeo sabiam que ele os fitava com uma seriedade assustadora.

–Ah, podemos convidá-lo para ir com a gente, e então ir ao Karaoke... - Shibuya foi interrompido pela voz de Takeo, que soara ainda um pouco rude.

–Acho que ele não vai aceitar, Jin. Deixa pra lá, vamos nós, outro dia você chama ele. Vamos. - Jin ainda lançou um último olhar para trás, a ponto de ver o moreninho lhe dando as costas e voltando para a sala.

Por que estavam tão desesperados para tirá-lo dali?Ele só queria saber mais sobre aquele garoto. E passar mais tempo ao lado dele.

De repente, aquela sede estranha havia voltado.

 

Continua…

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