terça-feira, 15 de novembro de 2011

Capítulo 1

Notas do autor:
Esse capítulo é de presente (atrasado) pelo niver da Nii.
Espero que gostem!

 

A ideia de irem naquele novo restaurante partiu de Jack. Mesmo que o moreninho estivesse cansado e com um pouco de dor de cabeça por ficar horas a fio na frente de um computador, só de lembrar que seria recebido em casa com a comida do namorado o fazia torcer o nariz.

Não que ele cozinhasse tão mal assim... ele só explodiu a cozinha duas vezes! E quando conseguia fazer algo comestível, qual era o cardápio? Lamen. Simples e prático. Sem nenhum outro acompanhamento. Nem um mísero molho pra mudar o gosto do macarrão.

Pra melhorar seu humor, assim que adentrou o apartamento ouviu a voz de Hayato, o primo de seu namorado. O que significa que aquele ruivo hiperativo também estava ali.

_ Tadaima. – anunciou em tom baixo, deixando os sapatos perto da porta e a mochila em um canto no chão, jogando-se no sofá em frente ao casal de amigos.

Não tinha porque fingir um ânimo que não existia. Nem ser educado e recebê-los bem. Aqueles dois o conheciam a tempo suficiente para saber que não gostava de ser incomodado.

_ Muito trabalho, Jack? – perguntou Arata, ajeitando a única mecha de cabelo ruivo atrás da orelha, recebendo apenas um aceno em concordância.

Asamura Ryuutarou trabalhava em uma grande editora como tradutor. Podia traduzir desde histórias infantis até material didático, mas havia alguns anos que só se envolvia com histórias de fantasias.

E foi num evento para o lançamento de novos livros que Ryuutarou, ou Jack, conheceu seu namorado, Shibuya. O rapaz alto e de cabelos curtos repicados era simplesmente fascinado por fantasia, para não dizer que ele era otaku, a criatura mais estranha que havia aparecido naquela comemoração.

Se não fosse isso para chamar sua atenção, juntamente com suas roupas espalhafatosas, o fato de Ikeuchi mostrar que o conhecia e apreciava seu trabalho fora uma massagem e tanto ao seu ego.

E mesmo Ikeuchi Jin não sendo nada do que Asamura esperava em um relacionamento, as coisas começaram a andar tão bem que não tinha porque reclamar. Shibuya trabalhava como dublador e sempre o fazia rir imitando algum personagem, mostrava abertamente que gostava de si, o distraia quando estava com a cabeça cheia depois de um dia estressante e sempre lhe chamava para tomar sorvete quando via que nada mais podia acalmá-lo.

_ Já fez o jantar, Jin? – questionou quando viu o namorado sair da cozinha, erguendo as pernas para que ele sentasse ali perto.

_ Ainda não. O Tachii e o primo chamaram a gente pra jantar fora. Estava esperando você chegar, pra ver se quer ir.

_ Pelo menos uma vez na vida esse cabeça-de-fósforo teve uma boa ideia! – sorriu de canto, sendo acertado por uma almofada na cara.

_ Eu sempre tenho ótimas ideias! – Takeo apontou-lhe a língua, como sempre fazia para provoca-lo – E aí, você vem com a gente?

_ Claro! Eu estava mesmo pensando em sair pra jantar hoje. Só vou tomar um banho antes. – sentou-se no sofá, espreguiçando longamente antes de levantar – Ah, no caminho pra cá eu passei na porta de um restaurante novo. Parece que é chinês. O que acham?

_ Perfeito! – era tudo que Hayato queria: um lugar para sair com os amigos, e posteriormente visitar apenas com o namorado.

Hayato Izumi, ou Arata como era mais conhecido, trabalhava como staff em uma pequena gravadora na capital. Conheceu Shiroyama Takeo na loja de instrumentos musicais onde ele trabalhava, quando estava procurando material para o equipamento da banda. Após várias visitas à loja acabou caindo na lábia do ruivo e aceitando seu convite para sair.

* * *

O lugar era pequeno, tinha poucas mesas e funcionários, mas era bastante agradável, trazia aquela sensação de aconchego, do tipo que atendia poucas pessoas, mas atendia muito bem.

Sentaram em uma mesa ao fundo do restaurante, Arata ao lado de Takeo e Shibuya ao lado de Jack, os primos sentados frente a frente e o moreninho de cabelos longos de frente para o ruivo sacana.

Com certeza aquele era um sinal de que seria zuado a noite toda.

Um rapaz alto e magro, de cabelos curtos e repicados, com algumas mechas de cor clara na franja apareceu pouco depois que chegaram, trazendo o cardápio em mãos para atendê-los.

_ Boa noite, posso anotar seus pedidos? – ele abriu um sorriso bonito e bastante sedutor, esperando sem nenhuma pressa que olhassem os pratos e escolhessem o jantar.

* * *

Assim que foram servidos, depararam-se com pratos muito coloridos e de aroma indescritível, sem contar a variedade de molhos e petiscos que vieram juntos. Se o gosto fosse tão bom quanto a aparência, aquele restaurante se tornaria mais um dos que frequentariam sempre que tivessem tempo livre.

Enquanto comiam, também conversavam e contavam piadinhas sem parar, sempre correndo o risco de alguém se engasgar de tanto rir. Era um clima leve e agradável, do tipo que só se compartilha com pessoais especiais.

E não que aquele tipo de sentimento e demonstração de carinho fosse do desagrado de Terushido Yuura, o atendente daquela mesa, mas imprevistos aconteciam, e ele gostava de ver como as pessoas agiam nesses momentos.

Todos viviam dizendo amar acima de tudo e estarem prontos para enfrentar qualquer tipo de problema que surgisse, e era exatamente isso que ele gostava de fazer com as pessoas: testar e criar novos problemas a serem resolvidos.

Entrou atrás do balcão, pegando quatro biscoitos e colocando em um pratinho branco, levando para a mesa ao fundo do estabelecimento, onde os casais conversavam animadamente.

_ Cortesia da casa! – depositou ao centro da mesa, um para cada um dos rapazes.

_ Biscoitos da sorte! – Shibuya pegou um para si, tratando logo de abri-lo.

Teruo saiu rapidamente assim que eles agradeceram, um sorriso misterioso brincando no canto dos lábios fartos, a mente trabalhando rapidamente e tentando imaginar qual seria a sorte de cada um.

Havia o costume das pessoas analisarem os biscoitos como algo que só trazia coisas boas para suas vidas, mas esqueciam-se que dependia de cada um tornar as coisas que apareciam em seus caminhos em coisas boas também, mesmo que fosse uma experiência ruim, sempre havia algo de útil a se tirar de algumas lições.

_ Acredita mesmo nisso? – Jack pegou um dos biscoitos, girando-o nos dedos antes de quebrar e pegar o papelzinho que havia no meio.

_ Claro que sim, Jackie! Os biscoitos da sorte preveem o futuro! – Ikeuchi declarou animadamente.

_ Também acho idiotice. Nós fazemos nossa própria sorte. – apoiou o ruivo, mas também pegou um para si.

_ Ah, não custa nada acreditar um pouquinho. Pode ser que venham coisas boas pra gente. – Arata também apoiava a ideia que era algo bom, pegando um dos biscoitos para ver sua sorte.

_ Não falei que era coisa boa?! – Jin abriu um sorriso enorme, inclinando-se sobre a mesa para ler para os amigos – ‘O sorriso de quem mais ama surgirá com o raio de sol da manhã’!

_ Quer dizer que o Ryuu-chan vai acordar sorrindo é? – Takeo abriu seu sorriso mais sacana, direcionando-o para o amigo – A noite vai ser bom pra vocês, huh? Quero saber os detalhes depois. – piscou maroto, recebendo um peteleco do rapaz a sua frente.

_ Para de imaginar besteiras, seu pervertido! – bufou irritado, olhando para o outro lado para tentar esconder o rubor de sua face após a insinuação do ruivo.

_ Lê o seu também, Jack! – incentivou Arata, esperando ansiosamente que chegasse a sua vez.

_ Tudo bem... – revirou os olhos, desdobrando o papel que havia amassado – ‘O passado traz de volta atitudes a serem levadas ao futuro’, que merda é essa? – ergueu uma sobrancelha, esperando mais alguma piadinha idiota.

_ Algum problema do passado pra resolver? – sugeriu Izumi, vendo o moreninho dar de ombros.

Não era segredo para nenhum deles que tivera alguns problemas quando se mudara para a capital, achar emprego e um lugar para ficar faziam parte dessa lista, mas não se lembrava de nada que o fizesse querer mudar o futuro.

É, aqueles biscoitos eram idiotas mesmo.

_ Sua vez, koi! – o ruivo olhou para o namorado, esperando que ele lesse seu bilhete da sorte.

_ ‘Há mudanças que vem para o bem, mesmo que você não as note, elas existem e fazem uma grande diferença’. – quando terminou, olhou em especial para o ruivo, lembrando-se de uma conversa que tiveram dias atrás.

Havia pedido para que ele mudasse um pouco, que parasse com tantas brincadeiras infantis e fosse um pouco mais maduro. Às vezes era tão difícil saber se ele estava falando sério, que tinha vontade de jogar tudo pra cima, mas amava demais aquele bobo para fazer algo impensado.

_ Viu, acertou o seu também, primo! – Shibuya cortou a troca de olhares do casal, não notando como ambos ficaram desconfortáveis.

Para estragar o resto da noite, Takeo acabara de notar que Hayato contava dos problemas de seu relacionamento para o primo. Privacidade era algo que parecia não existir entre eles.

_ Sua vez, Takeo. – Jack tentou quebrar o clima ruim, chamando a atenção do amigo.

_ ‘Uma alma jovem, sempre jovem’, viu, eu não tenho concerto! – riu baixo, jogando o papelzinho, agora amassado em uma bolinha, pra cima do namorado – Vou continuar sendo criança, não adianta reclamar.

_ Eu não estava reclamando, é só...

_ Vocês não vão começar aqui, vão? – Asamura encarou-os com seu melhor olhar mortal. Podia estar mais animado, mas continuava cansado, e ouvir as trocas de acusações e problemas amorosos daqueles dois não seria nada agradável.

Pagaram a conta e foram embora, cada casal para seu apartamento, ambos mudando de ideia quanto a prolongar a noite. Aqueles biscoitos haviam causado mais discórdia do que diversão, mas nada que uma boa noite de sono não resolvesse. Só precisavam esfriar a cabeça e tudo voltaria ao normal.

* * *

Esqueceu-se de fechar as cortinas na noite passada e agora a luz do sol batia em cheio em sua face. Virou-se para o lado, escondendo o rosto nas costas do amante e abraçando-o apertado.

Havia algo errado ali.

Seu ursinho realmente parecia um ursinho, ou melhor, ele estava mais fofo. Ergueu o rosto para analisá-lo direito, começando pelos cabelos, já que eles estavam à vista.

Não se lembrava que Jack havia deixado o cabelo crescer tanto. Até ontem estava pouco abaixo dos ombros e agora ultrapassava o meio das costas! Ou será que ele realmente não havia notado aquela mudança de visual do namorado?

Era bem possível que fosse isso. Ele não era a pessoa mais atenciosa e detalhista que existia.

Puxou a coberta para descobri-lo, notando também que ele parecia ter diminuído de tamanho. Não que o seu Jack fosse alto, mas ele não era tão pequeno!

Engoliu em seco, segurando-o pelo ombro e virando de frente para si.

_ AAAHHH!!!

_ AAAAAHHHHH!!!

O grito de Shibuya acordou o tradutor, que assustado, começou a gritar também, afastando-se do outro até cair da cama.

Havia um homem seminu na sua cama!

 

Continua…

Notas Finais:
Continua... huhuhuhu
Pois é, estou aprontando de novo. Mas dessa vez a culpa nem foi minha ou do meu personagem >)

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