domingo, 19 de junho de 2011

Eu sou o único sofrendo esta noite...

 

Poderia passar o resto de sua existencia ali, apenas observando. Já não poderia mais demonstrar o que sentia, mesmo que antes não fisesse muito para tal. Mas agora era bem diferente.

Ele não poderia agarrá-lo pelo colarinho e gritar para que fosse percebido. Agora ele apenas olhava tudo sem poder interferir. Era como se estivesse detrás de um vidro. Agora, sentado ao lado deles via aquela pessoa que tanto amara estar aos beijos e abraços com alguém que não era ele.

Nunca mais poderia ser ele.

Se sua alma sem forças pudesse chorar, ela choraria. Ele estava com o mesmo perfume que havia dado-o alguns dias antes de sua partida. Ryuutarou esperava que ele usasse-o quando estivesse em sua companhia, mas não... ele não estaria ao seu lado novamente. Deitou a cabeça no ombro daquela pessoa, vendo-o reclamar de um calafrio. Então fora a isso que sua existencia se resumira? Um simples calafrio?

Ryuu tinha a certeza de que ele era o único que estava sofrendo naquela noite.

Uma vez lhe disseram que do 'outro lado' havia a felicidade, se você houvesse sido uma boa pessoa. Ryuutarou acreditava que deveria ter sido o pior dos seres humanos, para sofrer em silêncio daquela forma, sendo esquecido.

Então era isso? Quando um dos lados partia, da mesma forma que ele havia feito, só restava o esquecimento? Sentia como se fosse tarde demais, ele simplesmente o ignorava, ignorava todas as lágrimas que Ryuutarou derramava bem à sua frente, dizendo que não havia nenhum lugar no passado para onde desejasse voltar.

Então o amor que havia entre eles havia sido simplesmente esquecido?  Então ele dizia que não existia nada a ser  relembrado?

"Dessa vez... se eu puder fazer tudo diferente... eu faço. Apenas preste atenção em mim, por favor" esperou uma resposta, mas ele continuava a olhar e conversar somente com a pessoa ao seu lado, ignorando completamente Ryuutarou.

"Mesmo que não possamos nos encontrar novamente... isso dói." Saber que não estava no coração dele... isso doía. E o fazia sentir-se inútil.

E talvez, mas só talvez, ver que aquele tempo fora o suficiente para mudá-lo completamente. Ryuutarou não estava triste por perdê-lo, mas sim triste por perder o que um dia eles haviam sido. Se esse era o preço a pagar para vê-lo feliz, Ryuutarou não sabia se valia a pena ou não. Era tudo tão diferente de quando ele estava lá.

Levantou-se e gritou, tentando chamar a atenção. Gritou até que suas lágrimas geladas feitas de éter apenas se desfizessem no ar, como ele. Era hora de admitir, estava sozinho, não pertencia mais àquele lugar. Nem nenhum outro.

Estava sozinho agora.

Vendo-o se levantar abraçado a outra pessoa, sorrindo e feliz, como nunca fora com Ryuutarou fazia com que seu coração apertasse e doesse muito mais.

Levou as mãos até o peito, apertando. Precisava reconhecer: Ele não era mais seu. Por que precisara mudar tanto e esquecer que um dia já amara Ryuutarou?

Dando as costas para o parque, Ryuutarou teve a certeza de que pensar nele doeria até a eternidade, mas se fosse para fazê-lo feliz... sim, valeria a pena.

E Ryuutarou continuaria sendo o único a sofrer aquela noite.

E por todas as outras que a eternidade da morte nos reserva.

Oh, esse é o fim? Eu não estou mais em seu coração agora? Quando eu penso em você Dói, dói, dói muito

0 comentários:

Postar um comentário