quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A proposta

Notas do Autor:
desculpa a demora!!

Odisséia
Kaline Bogard

Capítulo II
A proposta

– Jure chan!! – Jin largou o sorvete e apressou-se para socorrer a amiga – O Que foi?

Sacudiu o corpo da garota de leve, sem obter resposta.

– Queremos que venha com a gente. – Ikeuchi levantou a cabeça e encarou o rapaz de cabelos escuros com uma mexa ruiva, o do sorriso bonito – Precisamos conversar com você.

Balançando a cabeça, Jin respondeu:

– Ie.  Tenho que ajudar Jure chan.

Arata ficou desconcertado.  E não foi o único.  Sentiu o peso do olhar dos companheiros sobre si, também os três surpresos pela recusa.  Ninguém dizia “não” ao filho de Afrodite.  Sobretudo quando o rapaz sorria daquela forma.

– Ie...? – repetiu baixinho, levemente chocado.  Era a primeira vez que seus poderes de hipnose falhavam com um humano.

– Jure... – Jin voltou a chamar, pegando-a nos braços e ignorando os desconhecidos.

– Eto... – um dos rapazes, o de cabelos ruivos e olhar cinzento esperto, foi logo se adiantando e falando: –  Sua amiga parece ter passado mal pelo... tempo.  Esse clima é um horror.

O mais alto hesitou.  Olhou de Jure para o ruivo:

– Você acha...? – nem passou pela cabeça de Ikeuchi desconfiar daqueles quatro.

– Tive uma idéia. – o ruivo continuou lançando um olhar cheio de significado para os companheiros – Talvez ela melhore se tomar água fresca.  Espere aqui que eu vou buscar.

– Aa! Arigatou. – E enquanto Takeo se afastava com o outro moreno alto, Jin colocou Jure com cuidado sobre o banco – Jure chan... não morra!

Arata e Jack, que haviam ficado, se entreolharam:

– Ela não vai morrer. – o rapaz da mexa garantiu – Alias, meu nome é Arata.  Esse é Jack.

– Ikeuchi Jin. – se apresentou sem desviar os olhos da face pálida da menina.  Começou a se sentir malditamente culpado.  Se não tivesse insistido tanto para saírem...

– Aqui está! – o ruivo e seu colega voltaram com duas garrafinhas na mão – Tem uma máquina aqui perto.

Então abaixou-se e rompeu o lacre da garrafa antes de ajudar Ikeuchi a fazer a garota beber direto do gargalo.

– Arigatou.

– Trouxe pra você também. – estendeu a outra garrafinha.

– Eu me sinto bem. – Jin assegurou, mais preocupado com Jure do que consigo mesmo.

– Hum. – o ruivo insistiu – Mas vocês parecem turistas.  Não sabia que o ar de Nagasaki ainda tem partículas da bomba atômica?  Os médicos recomendam que os moradores tomem muita água pra purificar o sangue.

Jack e Arata  tiveram que se segurar pra não praguejar diante da afirmativa.  Takeo, como era o nome do companheiro ruivo, não podia ter arranjado uma conversinha mais furada!  Ninguém ia engolir aquilo!

Mas para surpresa de ambos, Ikeuchi ficou pálido enquanto franzia as sobrancelhas:

– Sério?! – não lembrava de seu pai ter comentado algo a respeito, mas talvez nem ele soubesse!  Imediatamente tratou de fazer Jure beber mais água. – Oh, não. Jure chan vai virar uma mutação!

Takeo engoliu a risada.  Sentou-se no banco ao lado de Jure e estendeu a garrafinha para Jin que estava ajoelhado a frente da moça:

– Calma!  São níveis baixos de radiação.  Beba muita água e ficará bem.  Nós quatro sempre nos garantimos.

– Arigatou. – aceitou a oferta com um sorriso. Enquanto quebrava o lacre acrescentou: – Espero que Jure chan se recupere.  Se bem que... se a gente conseguisse uns poderes mutantes ia ser bem legal...

E deu um longo gole da água.  Jack e Arata enviaram um olhar significativo para Takeo.  Evidentemente sabiam que não era um líquido inocente.  Não vindo das mãos do ruivo mais sacana do grupo.

As suspeitas se confirmaram quando foi a vez de Ikeuchi apagar, caindo de costas no chão.

– “Radiação no ar”...? – Jack resmungou enfiando as mãos no bolso.

– Deu certo, não deu? – Takeo sacudiu o ombro, num sinal de pouco caso. – Funciona com otakus.

– Hn...– o líder do grupo olhou para os dois desacordados.  Tirou um cigarro do maço e voltou-se para o moreno mais alto dos quatro: – Teruo, livre-se  dessa mestiça.  Nós vamos voltar para o esconderijo.

– Hai, hai. – o moreno concordou com um aceno de cabeça.

– Mas é bom passar por uma farmácia antes. – Takeo soltou como quem não quer nada.

– Por quê? – Arata virou-se para o ruivo.

– Vinho super-hiper-mega concentrado. – apontou a garrafinha – É tiro e queda, mas dá uma dor de cabeça...

– Vinho? – novamente Arata perguntou, fazendo Takeo sorrir largo.

– Transformar água em vinho, nunca ouviu falar?  É um truquezinho bem popular em festas de casamento. – riu da pilhéria.

Jack logo compreendeu a lógica do pensamento do outro.  Se os poderes haviam falhado de forma direta, porque não tentar usá-los de forma indireta?  Graças à presença de espírito do ruivo estavam um passo mais próximos de seu objetivo.

oOo

Ikeuchi arregalou os olhos castanhos e sentou-se muito ereto na cama.  Apenas para voltar a fechá-los com força e deixar-se cair sobre o colchão.  A cabeça doía.  Muito.  E sentia-se enjoado.

– Ohayou. – ouviu alguém cumprimentá-lo.

– Ohayou. – respondeu baixo.  Ruminou por um segundo percebendo que não conhecia aquela voz.  Muito cuidadosamente abriu um dos olhos e fitou o rapaz sentado do outro lado daquele quarto desconhecido.  Era o rapaz que se apresentara como Arata.

– Tudo bem...?

– Minha cabeça... dói... – Jin sentiu um arrepio subir por suas costas.  E se aquela dor fosse causada pela radiação?  E se seus braços começassem a virar tentáculos?  E se...

– Relaxa. – outra voz desconhecida se fez ouvir – Você não vai virar um polvo.

Ikeuchi olhou naquela direção.  Era o moreno alto cujo nome não sabia.  Movendo-se muito devagar e cuidadosamente, o otaku sentou-se na cama.  Viu-se com os mesmos quatro da tarde anterior, espalhados pelo cômodo pequeno:

– Quem são... vocês...?  Jure chan...?

Arata levantou-se e estendeu um copo com água e um comprimido.  Sua oferta foi recusada com desconfiança, fato que o fez sorrir de forma natural, diferente de quando queria dominar a mente de alguém:

– É aspirina.  Pra sua cabeça.

Ainda assim o outro não aceitou:

– Preciso ir. – nem imaginava quanto tempo se passara.  Seu pai devia estar preocupado, assim como Fy e Jure chan.

– Espere. – foi Jack quem disse.

– Temos uma proposta pra te fazer, Ikeuchi. – o ruivo sorriu misterioso.

– O nome “Ikeuchi Aya” te diz alguma coisa? – Arata perguntou.

Muito pálido, Jin respondeu:

– É o nome da minha mãe...

– Nós podemos te ajudar a encontrá-la.

O otaku balançou a cabeça devagar:

– Minha mãe... morreu quando... eu era criança. – ficou meio chateado pelo que achou ser uma brincadeira de mau gosto.

– Ela não morreu. – Jack afirmou com muita certeza – Aya está viva.  Ela procura por você.

– E se Shibuya nos ajudar a encontrar algo importante para nós, vamos ajudar a encontrar sua mãe, em retribuição. – o ruivo cruzou as mãos atrás da cabeça.

– Sou Jack.  Aqueles são Arata, Takeo e Teruo.  Sabemos tudo sobre você, seu pai, Fy, Jure e Ikeuchi Aya.  Está disposto a conhecer nossa história e ouvir nossa proposta?

Jin encarou os profundos e misteriosos olhos, atraído pela força e determinação que emanavam daquele garoto.  Um garoto que não podia ter mais do que dezesseis anos, e já dono de uma gritante maturidade que não condizia com a juventude.

Ele dizia que sua mãe estava viva! Sua mãe!  E que podiam encontrá-la!  A emoção foi tão grande que não conseguiu dizer nada.  Porém o brilho das íris castanhas deixava claro que Jin estava mais do que disposto a ouvir cada palavra que os quatro iriam lhe dizer.

 

Continua...

Notas Finais:
Nii chan, o próximo capítulo só depois que você atualizar AQUELA fic.

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