segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Capítulo 1: O júri

Notas do Autor:
Delinquente é apelido pra eles...
Estava com essa idéia de julgamento na cabeça há uns três dias... fui imaginando o crime de cada um, a sentença, o julgamento e aos pouquinhos ela foi surgindo.
Espero que gostem >)

Importante: Estou usando a maioridade aqui na fic aos dezoito anos! Esqueçam o que sabem sobre leis!

 

_ Todos de pé para ouvir o veredicto! – uma voz anunciou assim que todos voltaram para o tribunal.

Ninguém desviou os olhos do velhote que caminhava calmamente para seu assento, vindo logo atrás dos jurados. Ele sentou-se na cadeira central, ajeitando os papéis sobre a mesa, sua expressão não deixando nada transparecer.

Os presentes em geral suspenderam as respirações, alguns com medo do que aconteceria a partir dali, outros com pena dos acusados e alguns poucos olhavam ressabiados e desgostosos para os jovens sentados mais à frente.

Aqueles cinco garotos estavam sendo acusados de porte ilegal de armas, roubos, formação de quadrilha e tentativa de assassinato.

Nenhum deles parecia realmente preocupado com o resultado daquele julgamento, sabiam que alguns sairiam ilesos, afinal eram menores de idade. Os outros, que já haviam completado seus dezoito anos, possuíam seus truques na manga e contatos que poderiam ser acionados assim que precisassem de ajuda.

_ Podem se sentar. – o juiz acenou com a cabeça, a voz baixa sendo ouvida claramente até no fundo do cômodo.

Assim que o homem se sentou, todos os outros o imitaram, o clima ficando cada vez mais tenso e pesado. A atmosfera ali estava tão densa que era quase tátil.

Os pais dos jovens, distribuídos ao longo dos bancos reservados ao público, aguardavam em grande expectativa pelo resultado que sairia dali a pouco. Algumas mães choravam copiosamente, não acreditando naquelas acusações. Como seus filhos podiam estar sendo acusados de tais crimes? Eles eram bons garotos! Nunca seriam capazes daquilo!

Tamanha era a indignação que algumas delas foram proibidas de assistir ao restante do julgamento, assim como um dos pais, por terem se exaltado durante os interrogatórios.

Mas, agora que era chegada a hora de veredicto final, todos foram novamente aceitos no recinto, desde que ficassem em silêncio, ou seriam detidos por desobedecer às autoridades.

_ Asamura Ryuutarou. – chamou o juiz, encarando friamente o rapaz que se levantou.

Típico rebelde sem causa. Cabelos mais longos que os de uma garota. Olhos negros, profundos e extremamente frios. Tatuagens cobrindo seus braços e sabe-se lá se cobriam também as costas ou o resto do corpo. Em nenhum momento demonstrara medo ou arrependimento.

O que mais enojava o juiz?

O fato daquela criança... Sim, uma criança, que mal havia chegado aos seus dezesseis anos, ser o líder daquela baderna toda. A mente por trás dos crimes. O mundo estava perdido com jovens delinqüentes como aquele.

O primeiro jurado levantou-se também, tomando suas notas e começando a ler em voz alta, para que todos ouvissem a sentença.

_ O réu foi acusado de roubo, porte de armas, formação de quadrilha e tentativa de assassinato. A sentença: por não ter chegado à maioridade, será levado para um reformatório até que atinja a idade suficiente. Época em que será feito um novo julgamento.

_ Fudeu... – o ruivo sentado dois lugares ao seu lado sussurrou, rindo baixo.

_ Cala a boca... – pediu o moreninho que estava ao seu lado, concentrado nas palavras do jurado.

Asamura respirou fundo, sentindo-se, em partes, aliviado. Não iria para a cadeia. Pelo menos, não tão cedo. Ainda tinha dois longos anos pela frente. Tempo mais do que suficiente para planejar uma fuga.

Voltou a se sentar, sorrindo de canto ao notar o olhar contrariado do juiz. Sabia que ele havia tentado subornar a polícia. E até onde imaginava, só não fora preso porque o suborno da parte deles fora mais proveitoso.

_ Shiroyama Takeo. – chamou novamente o juiz, dessa vez torcendo o nariz, sem tentar esconder seu desagrado.

Aquele ali não escondia a culpa e não sabia o que era remorso. Sempre ostentando aquele sorrisinho de canto, se achando superior a qualquer um, confessando nos mínimos detalhes o que havia feito. Seu depoimento fora extremamente claro, todos os fatos condizendo com as acusações dos roubos.

A mãe de Takeo havia sido uma das senhoras retiradas do recinto. Chamara-o de mentiroso, afirmando para todos que quisessem ouvir que ele era um bom ator. Seu menino era um ótimo aluno, um filho maravilhoso! Estavam confundindo-o com outra pessoa!

Como as mães eram cegas... as mães e seus sentimentos de amor sem medidas. Para elas, eles sempre seriam seus bebezinhos, inocentes e puros até o último fio de cabelo, incapazes de levantar a mão ou a voz para outro ser humano.

Era medíocre.

O jurado arrumou os papéis, pegando as anotações referentes ao ruivo.

_ O réu foi acusado de roubo, invasão de propriedade, corrupção de menores, porte de armas e tentativa de assassinato. – o homem respirou fundo, sabendo que levaria repreensão do juiz quando aquilo acabasse. Odiava pegar casos em que... crianças estavam envolvidas – Como chegará à maioridade dentro de três meses, será mantido em uma cela privada, até a data em que ocorrerá um novo julgamento.

_ Fudeu de novo... – sussurrou enquanto voltava a se sentar, dessa vez não parecia tão contente.

_ Quer parar com isso? – dessa vez o garoto sentado ao seu lado desviou o olhar da bancada do júri, apenas para encará-lo de modo acusador – A situação já não está boa pra gente e mesmo assim você continua com as piadas!

_ É o nervoso. Não posso evitar. – sorriu amarelo, voltando os olhos para o juiz quando ele chamou o próximo nome.

_ Ikeuchi Jin. – dessa vez o velho parecia estar mais feliz. Talvez por ter certeza que aquele ali seria levado por um bom tempo em cana.

E mais uma vez o primeiro jurado levantou-se, respirando fundo e anunciando aos presentes:

_ As provas mostram que o réu, acusado de roubo e invasão de sistemas, realmente cometeu tais atos. Também foi provado, através dos testemunhos de seus companheiros, que ele foi compelido a participar de tais ações. Portanto, o réu é julgado culpado.

Silêncio caiu sobre o tribunal. O garoto começou a tremer levemente, olhando de soslaio para o líder do grupo, procurando algum apoio, algo que lhe afirmasse que tudo ficaria bem.

O jurado continuou a ler as anotações, relatando que o tempo para o cumprimento da pena sairia dali a dez dias.

Ikeuchi voltou a se sentar, respirando fundo e tentando não pensar no que aconteceria dali pra frente. Eles tinham combinado que sairiam ilesos, ou no pior dos casos, em poucos meses. Mas era impossível não se desesperar! A sentença para pena de roubo variava de quatro a dez anos.

_ Izumi Hayato. – chamou o juiz, vendo o garoto levantar-se. Dos cinco, aquele era o que parecia menos culpado e mais arrependido.

Parecia!

Só o fato de estar com más companhias era suficiente para ganhar a inimizade do juiz. Contudo, ele tivera que relevar no caso desse garoto. Em primeiro por ser menor e segundo porque ele ajudara com as investigações, passando à polícia os outros nomes e dispondo-se a ajudar no que fosse necessário.

Talvez fosse só mais uma vítima da sujeira que cobria a humanidade. Ele tivera o azar de estar no lugar errado e na hora errada.

O primeiro jurado se levantou, repetindo sempre os mesmos gestos, pegando suas anotações e lendo para todos.

_ O réu foi acusado de roubo em um armazém e participação na quadrilha. Ele ajudou com as investigações e foi provado que não participou do roubo no shopping. A sentença: seis meses de trabalho comunitário no hospital a ser escolhido posteriormente.

_ Muito bem, garoto... – comentou o líder num sussurro, vendo que pelo menos um deles continuaria livre.

Hayato voltou a se sentar, sentindo-se bem mais leve, contudo, não menos preocupado. Os amigos o ajudaram nessa, mas cada um parecia estar numa situação pior que a do outro.

_ Terushido Yura. – dessa vez o juiz acenou minimamente para o rapaz, recebendo um sorriso pequeno de canto.

Contatos nunca eram demais. E ser herdeiro de uma das maiores empresas automobilísticas da capital garantia-lhe que qualquer um havia seu preço.

_ O réu é acusado de roubo, formação de quadrilha, porte de armas e corrupção de menores, portanto é julgado culpado. A sentença sairá dentro de dez dias.

Ao se sentar novamente, o rapaz moreno parecia tão calmo como se aquela fosse uma reunião chata a que devia comparecer. Nunca que seria mantido preso. Era para isso que pagara aquela advogada.

 

Continua...

0 comentários:

Postar um comentário