quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

D.ea.R

Notas do Autor:

D.ea.R... o título foi uma brincadeira com as iniciais de D.R., discutir a relação... e acabou se tornando sinônimo de algo doce...

Estavam deitados na cama do ruivo, já era tarde, contudo o sono não vinha. O quarto era banhado apenas pelo luar, passando através das janelas, deixando uma impressão de calmaria e romantismo no ambiente. Era um daqueles momentos sem segundas intenções, sem malícia ou brincadeiras. Queriam apenas desfrutar da companhia um do outro, que devido à vida agitada que levavam, a cada dia se tornava mais rara.


Takeo estava deitado ao lado de Hayato, com a cabeça e parte do tórax apoiado contra o peito do menor, recebendo um carinho gostoso nos cabelos. Arata estava semi-deitado, apoiado em uma almofada, o olhar perdido na parede a sua frente, encarando algumas sombras.

Todo casal um dia discute a relação. E esses momentos a dois podem variar, desde algo bobo, algo que geraria uma briga, algo que os faria sorrir pelas lembranças ou até mesmo levar a uma sensação de nostalgia. E isso muda de acordo com as questões que se faz ao parceiro.

_ Koi... você tem vontade de se casar... algum dia... se conhecer alguém especial? – o ruivo questionou baixinho, sem encará-lo, brincando com o lençol que os cobria.

_ Casar...? Falando sério, se eu tivesse que pensar nisso agora... Eu só conseguiria pensar em você, Takeo. A pessoa especial e tal... por que? Você pensa em casar? – a cara de assustado de Hayato expressava toda a incredulidade da questão – Tipo... o senhor Fujo-de-casamento-eternamente?

_ NÃO! – ergueu-se rapidamente, balançando as mãos freneticamente na frente do rosto – Não! De onde você tirou essa idéia? Foi só... curiosidade. – sorriu amarelo, coçando a nuca.

_ Sei... vem, volta pra cá. – estendeu as mãos, aconchegando novamente o ruivo em seu peito, acariciando suas costas – Eu já não subi num lugar alto pra burro por você? Nada impede que você faça alguma maluquice por mim... Ok, nem tanto.

Com certeza pedir para o ruivo concordar com um casamento não era maluquice. Era algo pior. Nos conceitos dele.

_ Maluquice por você? Eu... eu... eu adoto um cãozinho! – um arrepio subiu por sua coluna, fazendo-o se encolher um pouco.

_ Bobo, eu estava brincando! Não precisa ser tão radical! – sabia o quanto o namorado odiava cães – Pode ser um gato ou um pássaro.

_ Humm então você teria que morar numa casa com quintal. Você gosta, koi?

_ Eu gosto de casas tradicionais... Nada muito urbano. Com uma sala bem grande pra receber os amigos e uma cozinha espaçosa.

_ Pensando em me contratar pra cozinheiro? – deu uma risada, apertando o abraço – Cuidado pra não explodir sua casa na primeira visita a esse cômodo. – deixou o silêncio tomar conta do ambiente antes de mudar o rumo da conversa – Hayato... se você parasse com a música ia fazer o que?

_ Não sei o que faria... Acho que continuaria de alguma forma ligado a música... no mínimo como hold ou staff, ou produzindo novos talentos... Bom, também poderia abrir meu próprio café! Um café musical, onde eu tocaria piano quando não estivesse supervisionando. Faria parcerias com outros músicos, apenas para tocar e descontrair...

Ficaram novamente em silêncio, e pela quietude, Hayato supôs que o ruivo havia adormecido. Sentiu que também começava a relaxar e o sono chegava aos poucos, queria se esticar na cama e ficar mais confortável, mas não queria acordar o namorado.

_ Neh, koi... – mas ele voltou com mais perguntas, antes que conseguisse ao menos cochilar – E filhos? Você quer ter?

_ Takeo! Que pergunta é essa? – ficou momentaneamente sem resposta, sentindo-se desperto – Na-não, eu não penso nisso! Não penso em me casar com uma mulher... pelo menos não é o que me interessa agora. Entende?

_ Entendo... O Shibuya me contou que o Jack também tem medo de ficar grávido. – e levantou o rosto, encarando Hayato com um sorriso sacana.

_ Idiota... – resmungou, negando com a cabeça e revirando os olhos. Era cada idéia que o primo tinha...

_ Falando em mulher... por que prefere homens a mulheres?

_ Isso tem haver com meu primeiro porre, eu fiquei com uma garota... Não fui muito feliz com isso, por isso prefiro não contar.

_ Agora eu fiquei curioso! – ergueu a cabeça encarando-o – O que mais eu não sei do seu passado?

_ Algo que nunca te contei... Eu odiava ser nerd! Era o filho que papai sempre quis ter... até eu ter certeza que queria seguir a música. Mas nem por isso me rebelei e saí fazendo o que queria da vida. E você? – pousou o indicador na ponta do seu nariz – Por que assediava tantas mulheres e homens? O que aconteceu pra você ser o Takeo que eu conheci no Café anos atrás?

_ Não é exatamente por trauma a relacionamentos como você imagina... Eu só namorei sério uma vez, antes de você. Não gosto de me sentir preso e algumas pessoas exigem mais do que podemos oferecer. Elas mal nos conhecem e querem compromisso, juras de amor. Não tem fundamento manter algo sério se não há um sentimento verdadeiro.

_ Então você não se sente preso a mim? O que a gente mais fez depois de começar a sair foram juras de amor e pedido de compromisso. Isso não te sufoca?

_ Mas eu quem fui atrás de você, e no começo eu só queria diversão. Não eram promessas de amor eterno e muito menos verdadeiras. Eram simplesmente cantadas. Mas depois que começamos a sair sério as coisas mudaram e eu me apaixonei...

_ E quando você se apaixonou?

_ No momento que percebi que podia perder você.

Takeo afastou-se, deixando que Hayato se ajeitasse sobre a cama, ficando apoiado no cotovelo e encarando-o de pertinho. Troca muda de olhares. Se entendiam, se completavam, e principalmente, se amavam. Chegaram a um ponto onde não havia segredos entre eles, os problemas a serem resolvidos eram divididos, a companhia era bem-vinda em qualquer lugar, os sorrisos eram buscados a todo instante.

_ Durante as várias brigas que já tivemos... em algum momento, você pensou em terminar tudo, pra sempre?

_ ... – Arata parou um tempo, ponderando o que responder – Talvez... Na verdade eu ficava tão mau por termos brigado que não conseguia pensar muito... – sorriu um pouco forçado – Eu pensava que se você não me amasse de verdade, então não haveria volta. Às vezes pensava que a culpa poderia ser minha e tentava concertar... Mas terminar tudo de vez... hum... às vezes eu te via animado demais com as garotas... eu pensava que talvez você estivesse melhor com elas.

_ A maioria das brigas foi por minha causa... nunca imaginei que pudesse ser tão possessivo com alguém. Já cheguei a pensar se não estava te sufocando da mesma maneira que não gostava que me pressionassem. – soltou um suspiro frustrado – Quando ficávamos longe, eu tentava conversar com outras pessoas, pra ver se conseguiria me afastar de verdade algum dia. Mas no fundo, eu sempre tinha esperanças que a situação fosse se resolver e nós poderíamos voltar. Fico feliz por estar certo.

_ Mas já pulou a cerca nesse tempo de separação?

_ Hayato! – armou um bico, beliscando o braço do namorado – Não, eu estava mais preocupado em saber o que você fazia nesse tempo... se você estava bem... ou então tentava me distrair, trabalhando além do necessário. E você? – encarou-o acusador – Já pulou a cerca?

_ Não mesmo! Eu estava ocupado demais trabalhando e me mantendo bêbado. – recebeu um olhar pior do que se tivesse afirmado a resposta – Não me olha com essa cara! Levei algumas cantadas sim, mas... só pra levantar a moral, não sai com ninguém. Satisfeito?

_ Sim, por hora. – sorriu de canto, acariciando o rosto do outro.

_ Tachii... você está querendo me dizer alguma coisa? – afastou alguns fios de cabelo que caiam sobre o rosto do ruivo, encarando-o com uma expressão desconfiada – Essa sessão de perguntas, vinda do nada...

_ Amo você... – respondeu simplesmente, sorrindo de modo carinhoso, depositando um beijo em seus lábios e aconchegando ao seu lado, dando fim àquelas questões sem uma razão aparente.

Com certeza o moreninho ficaria curioso com aquela resposta, mas essa era sua intenção. Deixá-lo sem entender... Algumas surpresas valiam à pena.

Takeo queria ter certeza que Hayato não tinha planos diferentes do seu para o futuro, planos que não poderiam ser concretizados se ele continuasse a se envolver com um homem. Não queria que o amante se arrependesse depois ou tomasse uma decisão precipitada.

Eram questões que o levariam à uma decisão da qual não haveria volta.

 

Notas Finais:

Feliz Dia dos Namorados! ==

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