segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

KUCHIZUKE–Capítulo Único

Notas Iniciais:
Feita para o Inimigo Secreto de fim de ano da PSaiko. Eu tirei a Kaline esse ano, então resolvi fazer o feijãozinho com arroz que todas aqui ama :D Espero que você goste, coisa! Eu fiz de coração e foi foda achar algo que te agradasse... hum, né.

O enredo é baseado no mangá White & Black de Misasagi Kumiko. Mas não tudo, porque né?

Os trechos e o título são da música do Buck-Tick. É legal se vocês escutarem enquanto lêem. Assim, se quiserem.

http://www.youtube.com/watch?v=CY6qLgN-6jY

Enjoy!

Te quero!...Ia dizer que te quero?
Fecha tua boca, fecha teus olhos
Para o beijo de meu pecado

O garoto estava sentado no banco, como se nada passasse à sua volta, ignorando todos os olhares que se estendiam até si. Apenas o céu azul lhe interessava.

Por que era tão difícil estar junto de quem se amava? Por que o 'para sempre' não existia? Por que... ele tinha que permanecer sozinho?

–Arata? - virou-se, vendo a figura alta e vestida em roupas coloridas, arregalando os olhos ao perceber que se tratava de um otaku, uma das figuras mais comuns em Akihabara. Mas ele não estava em Akiba, então...

–Quem é você? - perguntou em uma voz baixa, vendo o rapaz, que parecia bem mais velho do que si em roupas de colégio, sorrir, negando com a cabeça.

–Você está esperando ele, não está? - apontou para a entrada do parque, onde a figura de cabelos ruivos e sorriso sacana se aproximava junto a um adolescente de roupas negras e cabelos escuros e longos. Levantou-se, correndo ao encontro dele, sentindo as lágrimas começando a molhar seu rosto.

–TAKEO! - parou à frente do ruivo, vendo-o sorrir de uma forma doce, erguendo a mão, mas não o tocando. -Você... como é possível? O seu funeral... ele foi semana passada.

–Eu sei. Desculpe. - o rapaz sorriu, ficando mais próximo ainda, um brilho de tristeza em seus olhos que refletia nos olhos de 'Arata'. - Eu só queria ficar com você mais um pouco, Izumi.

E, inesperadamente, para ambos, Takeo conseguira sentir o namorado, da mesma forma que o moreninho fora completamente capaz de sentí-lo. Apesar disso, fora doloroso demais estender as mãos e não ser capaz de segurá-lo junto a si.

Permaneceu durante um bom tempo no lugar sentindo ainda a presença do ruivo, um sorriso triste desenhando-se em seus lábios, antes de virar-se e encarar a estranha dupla que o observava, sentados no banco.

O maior comia um algodão-doce, tirado sabe-se lá de onde, enquanto o menor, um pequeno adolescente de bochechas fofas, o encarava com um sorriso discreto.

–Quem... quem são vocês? - perguntou, vendo os dois levantarem, arrumando as roupas, sem pressa alguma.

–Somos as pessoas que trouxeram Shiroyama Takeo até você, Hayato Izumi. - o otaku murmurou, aproximando-se e o encarando de cima, por ser consideravelmente maior. - Ele disse que estava triste, porque o aniversário de namoro de vocês seria hoje, e ele não queria te deixar esperando.

–Ele... ele não vai mais sofrer, não é? - murmurou, olhando para ambos, que aqueiesciam com a cabeça, o maior dos três ainda entretido com seu algodão-doce.

–Mas você não vai ficar muito sozinho? - Arata arregalou os olhos, virando-se e encarando o céu bonito com as cores do crepúsculo, suspirando longamente.

–Sim... mas algum dia eu vou poder abraçá-lo de novo e dizer que o amo. - sorriu fofo, recebendo dois sorrisos de volta.

–Se você for uma boa pessoa, com certeza vai encontrá-lo no céu. - recebeu a resposta do maior, concordando. Era uma péssima maneira de se consolar uma pessoa, mas... reconfortante de alguma forma.

–Hai. Arigatou. - Uma profunda reverência foi feita antes de deixar o lugar, sentindo o coração menos pesado.

–Ikeuchi san... - o garoto murmurou, olhando para o céu também, cobrindo os olhos com os óculos escuros gigantes que escondiam quase todo seu rosto pálido. - Shiroyama Takeo san foi mesmo para o céu?

–Huh Ryuu? Claro que ele foi. Ele teve uma vida bem ruim antes de encontrar o Arata, mas então... bem, o amor o redimiu. Ele foi para o céu esperá-lo lá. - sorriu ainda mais, segurando a mãozinha gorducha e o levando para fora do local, a passos lentos.

–Se fosse eu... eu teria muito medo de me separar de Ikeuchi san. Não suportaria ficar longe de você. - murmurou, corando e cobrindo o rosto com os fios longos. -Invejo muito os mortais... eles são fortes.

–Ah... você ainda é muito criança para entender essas coisas, ursinho. - o mais velho sorriu. Ryuutarou era como um ursinho, super fofo, mas perigoso. E isso fazia seu coração aquecer. - Não somos mortais... podemos ficar para sempre juntos.

Mesmo que dizer essas coisas doesse de uma forma absurda, tanto para Jin quanto para Ryuutarou.Era doloroso mentir. Dos dois lados havia a dor. E havia a inveja das emoções humanas.Humanos eram muito mais fortes do que eles.

Venha aos meus braços, a escuridão é tão amarga....
Porém, ainda assim, te enfeitiça e te faz tremer

O primeiro parceiro que Ikeuchi Jin tivera fora um anjo negro já adulto, de belas asas negras, tão negras quanto as de um corvo. Não durara muito, mas logo depois dele, o pequeno anjinho de sorriso fácil e asas tão escuras quanto a noite havia chegado sem avisar.

Ele tinha olhos azuis e sempre estava o tocando, pedindo mudamente por atenção, que o mais velho jamais se negara a dar. Piorava, porque Asamura Ryuutarou descobrira que conseguia qualquer coisa com um sorriso fofo.

Os anjos se alimentam de almas. Isso é tudo que o mundo deveria saber.

A energia das almas boas vão para os anjos brancos. Nem todos os anjos brancos são como Jin, nem todos são felizes e alegres. A energia das almas más vão para os anjos negros, que não são, em sua totalidade, como Ryuutarou. E, como as crianças humanas, os anjos também crescem.

O passar dos anos pesa nos ombros etéreos.

Ikeuchi piscou, vendo uma coberta sobre si e Ryuutarou sentado ao seu lado no sofá, acariciando seus cabelos. Sorriu, limpando as lágrimas, sentando-se.

–Sonhei com você pequeno. - e mesmo que disesse 'pequeno', era estranho, porque Ryuu chan havia chegado em seu colo apenas há dois anos. Nesse meio tempo, havia alcançado a aparência de um garoto de 15 anos, mais fofo que a maioria, aliás.

A verdade era que as almas corrompidas haviam aumentado, numa velocidade desproporcional, ocasionando uma queda no tempo de crescimento dos anjos negros. Jin negou, trazendo o mais novo para perto de si e brincando com os fios longos demais:

–Não me deixe sozinho de novo, Ryuu chan. - sorriu de leve, cochilando novamente. - Por favor.

O garoto susteve a respiração, olhando o rosto de seu parceiro. Para Asamura, Ikeuchi Jin era a pessoa mais bonita que ja havia visto na vida. Os traços gentis e harmoniosos e os cabelos curtos e repicados. Mesmo o corpo alto e magro.

"Você pensou sobre isso com seus antigos parceiros, Ikeuchi san, ou fui apenas eu?" Ryuutarou sorriu triste, correndo os dedos pelos fios castanhos.

Mesmo que a existência dos anjos negros e anjos brancos coexistisse e eles cheguem a trabalharem juntos como parceiros, havia uma diferença fundamental entre eles:

Anjos brancos poderiam reencarnar diversas e diversas vezes, como bem entendessem, depois da morte.Já os anjos negros tinham sua existência dizimada. Seriam trocados constantemente. E jamais voltariam.

Apesar de ambos serem criaturas do Demiurgo, apenas os anjos negros pareciam ser odiados. Mesmo Jin teria um tempo que encontraria um outro parceiro e esqueceria Ryuu.

–Eu só queria ser uma parte sua, Ikeuchi san. - murmurou, correndo os dedos pelo rosto adormecido. - Eu queria que minha marca fosse tão funda em você que nunca mais me esquecesse.

Humanos...

"Algum dia eu vou poder abraçá-lo de novo e dizer que o amo"

Ryuutarou os invejava. Demais.

Deus era mesmo muito injusto. Mesmo que os humanos fossem separados na terra, havia sempre a chance de se reencontrarem no paraíso. E os anjos negros não eram agraciados com aquele amor, apenas sofrendo em silencio todas as injustiças.

Por que Deus os odiava?

Ryuutarou levantou-se, deixando um beijo na bochecha de Ikeuchi, saindo pela janela aberta. Outra alma o chamava, clamava pelo descanso eterno e ele precisava cuidar daquilo.

Sei que não posso voltar atrás!
Apesar que, para mim, está tudo bem...
Observando profundamente a noite, tomando tragos profundos de vinho

A alma atormentada o olhava, encurralada naquele beco fétido, enquanto era observada pelo anjo de cabelos longos que mantinha a face neutra e a mão estendida. Havia chegado há pouco tempo e podia ver que o corpo já estava apodrecido, mas a alma recusava-se a deixar o local.

–VÁ EMBORA! Me deixe em paz! – o homem gritava, espremendo-se contra a parede, uma expressão psicótica em sua face. A pele tinha um tom pálido doentio e os olhos estavam vermelhos. E a camisa branca encardida do cadáver estava suja de sangue.

Ryuutarou aproximou-se, segurando-o pelo pescoço. Os traços indiferentes do rosto muito pálido não se alteravam nem mesmo um mílimetro, ainda que o espírito ficasse mais agressivo, tentando soltar-se por toda a lei.

–Por que acha que pode ficar tudo bem? Você fez coisas que não merecem perdão. Você tirou a vida de um homem simplesmente porque queria benefícios próprios. - murmurou em uma voz vazia.

–EU NÃO FIZ AQUILO POR MIM! - o rapaz segurou os ombros do anjo negro, lágrimas correndo por seu rosto. - Eu nunca pretendi roubar ou matar qualquer pessoa, mas ele se agitou! Eu só queria que Tomoyo fosse feliz. Queria que ela ficasse feliz, que tivesse um pouco de fé em mim. Eu a amo demais...

Ryuutarou arregalou os olhos, soltando-o lentamente. Deixou que aquela alma perturbada chorasse toda sua dor, suas mãos nos ombros ossudos do maior. Se fosse Ikeuchi san ali, no lugar da esposa daquele homem? Se fosse ele o desacreditado em sua alma, em seu espírito? Ryuutarou faria o mesmo?

O garoto suspirou, fechando os olhos por um momento.

–Se você a amava tanto... por que cometeu esses crimes? Por que não a deixou ajudá-lo enquanto ela podia, enquanto sua alma podia ser salva? Sinto muito, mas preciso te levar agora. Você passou tempo demais aqui. - falou baixo, seu tom suavizando e se tornando gentil, vendo-o encará-lo.

–Por favor... me deixe vê-la uma última vez. Antes de me levar, me deixe vê-la. Mesmo que essa voz não a alcance e esse corpo jamais a sinta novamente, me deixe vê-la e dizer que a amo. Ainda que nunca mais fiquemos juntos... eu quero que ela saiba.

Os anjos negros não podem nunca reencarnar. Eles simplesmente desaparecem, e jamais poderiam voltar como anjos brancos.

Por saberem que o final está próximo para eles, e que suas almas serão consumidas, passam a viver sem esperanças... ainda que ele mesmo, Ryuutarou, se negasse a isso.

Sentou-se na escadaria da igreja, olhando para cima, antes de voltar para casa. Ele nunca havia visto outro anjo branco, mas para ele, Ikeuchi Jin era o mais especial de todos. Se não fossem seus sorrisos fáceis e a forma como ele sempre o animava e cuidava de si, talvez sua vida fosse ainda pior.

–Ikeuchi san... você acha que nós temos o mesmo coração que os humanos? - seu coração estava pesado demais e a dor era tanta que as lágrimas vertiam-lhe pela face. Por que precisava ser desse jeito? Por que ele tinha que amar tanto Jin ao ponto de querer tê-lo somente para si todas as vezes?

Por qual razão Deus lhe dera um coração, se ele não podia amar? Se ele devia amar a humanidade incondicionalmente, então ele não era mais um anjo. Seu coração e alma estavam inteiramente preenchidos por Ikeuchi Jin.

Te quero, te quero mais e mais!
Enlouquecidos por uma sede viciante
Fecha teus olhos ao beijo de meu pecado!

Igual ao seu corpo, suas asas negras haviam ficado maiores. Jin ainda conseguia lembrar-se do dia em que vira Ryuu chan crescendo. O menor caíra no chão, em uma manhã de domingo, contorcendo-se e chorando com dor. Os cabelos longos cobriam a face febril pela dor. O maior jogou-se ao lado de seu protegido, em pânico.

–Ryuutarou? O que... o que está acontecendo? - tentou perguntar, mas não conseguiu, sua mão sendo estapeada.

–Não me toque! Eu... eu estou crescendo e isso dói... isso sempre dói. - sorriu dolorido, gritando um pouco mais ainda.

Quando Jin pode olhar novamente, o rosto infantil de bochechas fofas havia sumido, dando lugar a uma face um pouco mais madura, de um jovem de 20 anos, de lábios finos e traços aristicráticos, mas ainda assim, bonitos. O sorriso que se desenhava nos lábios pálidos, na verdade, era triste. E não lhe atingia os olhos azuis.

–Me desculpe por assustá-lo desse jeito. - o moreno de cabelos longos apoiou-se no maior, fazendo uma reverência.

"O último crescimento...? Ryuutarou está impossibilitado de crescer ainda mais, seu corpo atingiu a última forma... Ele está quase... quase..."

Não pensou muito quando o abraçou por trás, notando que, mesmo adulto, o anjo negro ainda era pequeno demais em seus braços, enterrando o rosto em seus cabelos e sentindo o cheiro de camélias e noite.

–Suas asas... elas não vão mais crescer, não é? Eu lembro que... pouco depois de ter visto as asas do meu último parceiro, ele sumiu... para sempre. E ele gritava em dor, como você. Não vá embora, Ryuu chan... não vá embora.

Depois desse dia ele passara a rezar fervorosamente, ainda que visse Ryuutarou absorver as almas com mais frequência. Mas no resto do tempo, ele simplesmente ficava sentado na janela, olhando o céu, como se nada mais importasse. Jin conseguia ver o quanto o pequeno estava se esforçando para ficar ali, e isso se refletia em sua aparência fraca.

–Ryuu? - chamou, vendo-o virar o rosto cansado para si, sorrindo. O mesmo sorriso triste de sempre.

"A hora de dizer adeus está chegando... mas eu nunca pensei sobre isso. Eu nunca pensei, realmente, que ele poderia me deixar. Nunca pensei no que aconteceu com meu colega, antes dele, nem o de antes, e o outro, e o outro... o que vai acontecer com eles? O que vai acontecer com Ryuutarou quando ele morrer? Ele vai para um outro lugar como os humanos?"

–Ikeuchi san? Por que está triste? O que houve? - o menor levantou-se, o sorriso sempre em seus lábios, sempre triste. Porém foi quebrado, quando o maior o puxou para um abraço apertado, descandando a cabeça na curva do pescoço com o ombro de Ryuutarou. O cheiro das camélias havia ficado mais forte, e em seu corpo todo a noite se fazia presente.

"Eu o amo. Não quero que vá embora... não quero que me deixe."

–Ike... Ikeuchi...

–Não me chame assim. Não quero que me chame pelo sobrenome, Ryuu chan... me chame de Jin... fique comigo, por favor...- ergueu o rosto, encarando os olhos azuis. Seus dedos desenhavam caminhos pelo rosto pálido, se abaixando.

Quando notaram, os lábios estavam colados, delicadamente. Não havia malicia naquele toque, nem pressa, somente o sentimento de carinho e a necessidade de ficarem juntos. E o choque que trespassou os corpos, fazendo-os suspirarem e aprofundarem o beijo.

–Jin... - o anjo negro separou-se, sorrindo triste, caminhando pelo quarto, indo até a janela, abrindo as belas asas escuras, dizendo antes de sair.

– Obrigado... por tudo. Não se esqueça de mim. E... eu te amo.

Enlouquecidos pelo teu aroma
Despertando a altas horas da noite, bebendo amor e loucura!

Quando percebeu, Jin já estava dentro da igreja onde havia encontrado o menor da primeira vez, correndo pelo chão de pedra polida, vez ou outra tropeçando nos cadarços desamarrados de seus coturnos. A escuridão estava profunda demais, e ele tinha medo de que não pudesse alcançar mais Ryuutarou.

Quando o encontrou, o anjo negro estava caído na frente do altar, suas asas abertas e as penas voando por todos os lados, enquanto ele parecia sofrer demais.

–RYUUTAROU! - correu até ele, segurando-o em seus braços. - Vamos sair daqui... eu não quero ir embora sem você!

–Não... Jin... vá embora, antes que voce seja arrastado também. - o garoto de cabelos longos tentou se soltar, mas estava fraco demais. - Eu não posso mais ir com você... a minha hora chegou... e o fim de um anjo negro não é... ser destruído.

A respiração do pequeno ficava mais e mais pesada, e seus olhos não conseguiam ficar abertos. Jin não podia segurar as lágrimas, apertando-o mais e mais contra si.

–Nós... seremos guardiões do inferno....

Os olhos escuros arregalaram-se. Então... então aquela criança, que tudo o que fizera fora tentar confortar as almas atormentadas, decairia junto com elas? Sofreria para sempre?

–Por que... por que somente vocês, anjos negros, precisam sofrer... Ryuu, algo assim não deve acontecer com você... não com você... - o abraçou mais ainda, querendo fundir os corpos, ouvindo um resmungo baixo de dor...

Ah, o desespero de deixá-lo sozinho sofrendo toda aquela tristeza e medo... ele era um inútil, se não podia salvar a única pessoa que importava para si.

–Desculpa... era para eu ter ido embora muito tempo atrás... mas eu não queria ir embora sem ouvir que você também me ama... como eu amo você. - o sorriso sempre triste agora era cansado e cheio de um amor que Jin não sabia definir.

–Por que fez isso? Por que se forçou tanto... se anjos negros que tentam salvar almas têm que ir para o inferno... então Deus cometeu um erro enorme! - gritou, mordendo o próprio lado, o dedo frio de Ryuu indo até seus lábios, calando-o. Soluçou, negando com a cabeça, vendo as lágrimas caírem dos olhos azuis também.

–Não fale isso... se você falar algo assim... irá para o inferno também...

–Então fique comigo! O que eu preciso fazer para a pessoa que eu amo ficar comigo!? - foi surpreendido pelo toque dos lábios de Ryuutarou sobre os seus. O toque era frio, quase sem vida, mas assim como a primeira vez que se beijaram, Jin pode sentir o amor incondicional do pequeno. E isso fazia seu coração doer tanto... tanto...

–Jin... eu estou tão feliz... ouvindo essas palavras... eu amo você... já posso...

"ir em paz com os condenados."

Antes que Jin pudesse impedir, a figura em seus braços explodiu em milhares de penas negras.

O otaku dobrou-se de dor no chão, agarrando um punhado delas contra si, chorando silenciosamente.

–Eu te amo... eu não vou te esquecer... eu te amo, eu te amo...

–Nee... Ikeuchi san... por que minhas asas são tão escuras? - a criança estendia as asas diminutas, tentando observá-las. - Eu queria que elas fossem brancas e bonitas como as suas.

–Por que isso de repente? - o maior pegou a criança no colo, rindo, o levando para comer alguma coisa, ajeitando o capuz de ursinho sobre os fios negros muito lisos, sorrindo animado. - Se você tivesse asas negras, então não poderíamos ser parceiros!

–Parceiros?

–Ah, é, Ryuu chan acabou de nascer, não sabe sobre isso. - o otaku deixou o garotinho sobre a bancada da pia, pressionando seu nariz. - Anjos negros e anjos brancos foram criados para trabalharem sempre juntos. Então, de agora em diante, Jin e Ryuu chan sempre ficarão juntos.

"Pensando sobre isso, Ryuu nunca mais tirou seus olhos de mim. Como se temesse me perder, de qualquer forma.

E se eu soubesse disso, teria o abraçado contra mim com mais força... então ele nunca iria embora."

Venha aos meus braços, a escuridão é tão amarga...
Porém, ainda assim, te enfeitiça e te faz tremer
Vamos, o agora será eterno.
Esta escuridão é tão doce...

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