domingo, 25 de dezembro de 2011

02 - Vamos fazer amor até esquecê-lo completamente

Notas Inicias:
A música do capítulo é essa aqui, é legal escutar enquanto lê 8D
1954 love/HATE - Acid Black Cherry

 

Capítulo 2

As aulas haviam sido difíceis. Com a chegada do fim do semestre as aulas ficavam ainda mais puxadas e as provas eram o terror de toda a classe, inclusive o terror de Jin. A única pessoa que parecia não se incomodar com algo era Ryuutarou.

Ah, sim, esse era seu nome: Ryuutarou. O garoto dos olhos profundos, dos dedos longos que pareciam sempre tocar Jin de alguma forma e dos lábios que ostentavam um sorriso predatório, maldoso, luxurioso.

Mesmo depois de semanas, meses, estudando juntos, ainda não conseguira trocar mais do que meia dúzia de palavras com ele, mesmo das vezes que haviam feito trabalhos em dupla. A Jin só restava o observar de longe, quando ele andava pelos corredores, cada passo parecendo tão leve, quase como ser ele flutuasse. Ao mesmo tempo que provocava arrepios de prazer em Jin, parecia uma visão aterrorizante, como se o garoto não fosse real. Como se ele fosse se desfazer a qualquer segundo, e Jin não podia deixar isso acontecer.

Talvez fosse nisso que estivesse pensando quando segurou o braço do mais novo, o impedindo de ir adiante, encarando-o e estremecendo ao perceber a forma como os olhos escuros o encaravam. Deu um passo para trás, ainda que não o soltasse, ofegando. Por qual motivo seu corpo parecia arder em chamas? Uma das mãos seguiu até o rosto do menor, parando em sua bochecha, sentindo a pele macia e fria, tão branca quanto o mármore, soltando um suspiro.

Ryuutarou apenas sorriu, segurou-lhe a mão e levou-a aos lábios, contornando-os com os dedos do universitário mais velho, um sorriso largo desenhando-se neles. Em um segundo sugava o dígito indicador, provocante, arrancando um olhar espantado por parte do garoto maior.

–Isso ainda te agrada, Ikeuchi? - murmurou, a voz saindo provocante, logo após retirar o dedo de Jin dos lábios, deixando selinhos em sua ponta. - Ainda começa a te excitar?

E Jin tinha a certeza de que faria algo a mais, com o garoto se inclinando sobre ele, segurando sua nuca com os dedos gelados, puxando de leve os cabelos de sua nuca.

Estava pronto a colar os lábios, quando alguém chamou a atenção deles, uma voz muito conhecida.

–Asamura, pode vir aqui, por um minuto? - a voz de Shiroyama ecoara no local, alta, parecendo irritada, mesmo para ele. O ruivo não tinha o caracteristico sorriso sacana nos lábios, pelo contrário, parecia irritado, pronto a começar uma briga. Ryuutarou largou Jin, não sem antes arranhar sua nuca, provocando um gemido baixo e se afastando, as botas com salto ecoando pelo corredor, enquanto seguia o ruivo.

Jin fechou os olhos. Seu corpo tremia, as pernas não pareciam capazes de sustentar seu peso e tudo que ele queria era estar em seu quarto, para fazer tudo aquilo que não seria capaz de fazer ali na faculdade.Com Ryuutarou.

 

O quarto mantinha o estilo oriental do país, com biombos pintados, paredes de papel de arroz. O futon no meio do cômodo era forrado por lençóis vermelhos, sem detalhes. Apesar disso, as luminárias de papel, todas coloridas, davam uma clareza ao local.

O corpo menor se movia em desespero por cima do maior, os cabelos muito longos alcançavam bem abaixo de seus quadris, formando uma cortina negra que o impedia de ver o corpo tão desejado: muito pálido, onde toda e qualquer marca faria um contraste gritante.

Sorriu de canto, puxando os fios para trás, deixando à mostra o rosto mergulhado em prazer, vendo-o corar ante seu olhar predador. O garoto abaixou-se em seu peito, colando os lábios em um beijo sedento, cheio de língua e dentes, fazendo seus próprios lábios doerem. Sorriu, correndo a mão livre entre os corpos, segurando o sexo dele, fazendo-o gritar seu nome.

–JIN-DONO!

Jamais negaria que o menino dominava a arte de excitá-lo, com aquela face erótica e voz suplicante. Com um gemido mais grutural, inverteu as posições, deixando-o abaixo de si e erguendo o tronco o suficiente para contemplá-lo. A pele branca com marcas vermelhas feitas por seus dentes e mãos, os cabelos em desalinho, o peito que subia e descia ante à respiração descompassada. Seu corpo não era passível dessas fraquezas, mas ainda assim ele se deleitava com o prazer que conseguia receber.

Abaixou, roçando novamente os lábios, soltando em uma voz rouca, muito baixa:

–Deixe-me violá-lo, amor... me faça gozar.

Riu com a forma como o mais novo havia gemido, numa mistura de vergonha e prazer, começando a mover-se ainda mais rápido, pouco se importando se não estariam, de fato, sozinhos, e se isso iria gerar falatório pelo castelo.¹ Não havia mesmo como se importar, afinal, era em seus braços que ele estremecia e chorava de prazer, agarrando seus ombros e arranhando suas costas de cima à baixo, embrenhando os dedos em seus próprios cabelos, tão negros quanto e quase tão compridos quanto os dele.

Sem poder se conter, gritou quando o garoto alcançou o ápice, apertando-se à sua volta, as pernas enlaçando-se ainda mais em seu corpo.

Afundou os lábios na junta do pescoço com o ombro, furando a pele com os caninos muito afiados, e então o segurava contra seu peito sem nunca parar de mover-se dentro dele, arrancando lamentos de dor e prazer, até que o pequeno houvesse fechado os olhos e parado de se debater em seus braços. Caiu de costas, o trazendo para cima de seu corpo, sentindo a vida por um fio e sorrindo, rasgando o próprio pulso, levando-o até os lábios que perdiam a cor, fazendo-o tomar de seu sangue.

Só mais um pouco... - pensou, movendo-se erraticamente, vendo como o amante, lentamente, contorcia-se em seu abraço, movendo-se junto.

–Ahhh... eu... eu vou... quase lá... - gritou, alcançando o êxtase, ao mesmo tempo que o outro alcançava, de fato, a vida eterna. -AHHH RYUUTAROU!

–O que acha que estava fazendo? - o ruivo gritou, jogando o menor para dentro da sala de aula vazia, vendo-o avançar contra si e prensá-lo na parede.

–Como se atreve a falar comigo dessa forma, Shiroyama? - o moreninho de cabelos longos avançou contra o ruivo, as mãos delicadas e de unhas longas pintadas de preto emprensaram o maior na parede, apertando-se contra seu pescoço, provocando dor, mas não bloqueando o ar. - Vocês o mantiveram preso nessa mentira!

–Não é mentira! O que você queria? Que ele se afundasse em dor e desespero ainda mais enquanto você estava naquele maldito torpor? Sabe quanto trabalho tivemos para cuidar dele e de você? - soltou-se, segurando os pulsos do menor.

–Hayato não é nenhum guardião, mas ele precisou entrar nessa mentira... Ikeuchi é tão importante para nós quanto é para você!

–Ele nunca será tão importante para vocês quanto é para mim! - Ryuutarou gritou, caindo de joelhos no chão, cobrindo os olhos. Se pudesse chorar, estaria o fazendo. - Mas ele está tão longe agora... tão longe...

Takeo passou a mão pelos cabelos, abaixando-se à frente do outro.

–Hey... você sabe que não estão longe... e Hayato e eu estamos aqui. Somos irmãos, não somos? Ele nos fez assim, então temos que cuidar um do outro... se acalme Ryuu-chan... está quase acabando.

E nem mesmo Takeo sabia o quão certo estava em desferir aquelas palavras.

 

Continua…

Notas Finais:
(¹) Quando você estuda período Heian e tudo o mais, Guenji Monogatari, e essas coisas assim, descobre que nos castelos japoneses, mesmo que estivesse ocorrendo um encontro de amantes, havia sempre um criado na ante-sala, pronto a servir seus patrões. E como todos sabem, as pessoas adoram uma fofoca, mesmo no Japão Antigo...

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