quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

The First Night - Unknow

A luminosidade fazia sua cabeça latejar e o calor incidindo diretamente contra seu rosto não era a melhor coisa que sentia, no momento. Levou as mãos até os cabelos, sentindo-os soltos. Passou os dedos pelos mesmos, puxando a franja muito longa para seu lugar: o lado direito do seu próprio rosto.

Abriu os olhos. Não os dois ao mesmo tempo. Primeiro um olho, o esquerdo. O teto de madeira, uma parede com uma estante cor de mel repleta de livros. Um candeeiro. Uma cadeira, da mesma cor que a estante. Abriu o outro olho, a visão sendo obstruída pelos fios negros. Uma escrivaninha, também na cor mel, um armário não muito grande. Um espelho e um rapaz dormindo sentado em uma cadeira.

Um rapaz dormindo sentado em uma cadeira?


Sentou-se rapidamente, sentindo o ombro latejar, mas mordeu o lábio inferior para evitar o gemido de dor. Olhou em volta de maneira mais atenta, finalmente dando-se conta de que estava em um local completamente desconhecido. Seus instintos voltaram a manifestar-se. Concentrou-se, olhando novamente para a figura ao seu lado. Ele parecia nocauteado. Reparou um pouco mais no desconhecido, vendo os cabelos despontados caírem sobre os olhos, a face calma e de traços gentis. Parecia bastante alto, já que suas pernas e braços eram longos e... O que estava fazendo?

Suspirou, começando a levantar-se, quando a movimentação começou a fazer com que o desconhecido que o abrigara (ou o raptara, o jovem com poderes místicos realmente não sabia de sua situação) abrisse os olhos de supetão, acordando sobressaltado. Encolheu-se novamente na cama.

-Ah! Você acordou! - disse. Não era uma pergunta, era uma observação, e o rapaz de cabelos longos quase rodou os olhos, mordendo a língua para soltar um "não diga... achei que fosse sonâmbulo!". Mas não precisou se conter muito, logo o outro rapaz levantava-se e corria para a porta aberta, colocando a cabeça para fora e gritando - PRIMO! ELE ACORDOU!

Ryuutarou ergueu uma sobrancelha, vendo o seu escandaloso anfitrião voltar-se para si, sorrindo abertamente. Como alguém poderia sorrir dessa forma para um desconhecido, perguntou-se, enquanto se encolhia um pouco mais.

-Como você está se sentindo? Parece que fizeram um belo estrago em você! Por que estava largado na floresta? Estava fugindo? Arachii disse que seu sangue era diferente, era azul, é verdade? Como se chama? - fazia tantas perguntas que o Silfo começara a sentir a cabeça latejar novamente, olhando-o assustado. Como se fosse uma salvação, outro rapaz entrou no quarto, enxugando as mãos em uma toalha e sorrindo gentilmente, enquanto lançava um olhar para seu hóspede.

-Nee Jin! Não o encha de perguntas agora, ele acabou de acordar. Depois vocês poderão conversar com calma. - o rapaz maior fez um muxoxo, concordando. - Como se sente?

Ryuutarou sentiu o rosto esquentar. Aquele rapaz também era muito bonito. Tinha uma face quase infantil e um sorriso gentil, acalentador. O jovem Silfo fugitivo sentiu vergonha de sua própria aparência, abaixando a cabeça, escondendo-se um pouco mais nos cabelos longos, que formavam uma cortina em volta de si.

-Estou bem... hm... - parou, erguendo somente os olhos, mas não deixando que vissem novamente seu rosto. O rapaz menor, que tinha uma mecha vermelha entre os fios da franja, pareceu ler sua curiosidade.

-Sou Arata. Na verdade, Hayato Izumi. E esse, - apontou para o outro ocupante do quarto, que acenou para Ryuutarou, sem deixar de sorrir - é Ikeuchi Jin. Somos primos.

-Como se chama? - Ikeuchi voltou a inclinar-se na direção do rapaz sentado na cama, que instintivamente, puxou as cobertas um pouco mais contra si, respondendo em uma voz falhada:

-Jack! Chamem-me de... Jack. - respondeu, falando o primeiro nome que lhe veio à mente. Eram humanos, não sabiam quem era, mas, caso deixassem escapar seu nome verdadeiro, estaria metido em encrencas, e estava fraco demais ainda para fugir novamente.

Jack era o nome de um personagem de uma antiga história que o sábio do reino dos Silfos havia contado-lhe, quando era muito mais jovem. Poderia sorrir com a lembrança, mas algo muito mais importante o fez voltar à realidade. Olhou pela janela, vendo uma paisagem bem diferente daquela que estava acostumado.

-Onde estou? Afinal, como me acharam? - perguntou, voltando a olhar para os primos. Ikeuchi voltou a sentar-se, olhando para o teto e começando a falar, como se fosse a memória mais distante que povoava sua mente:

-Eu estava indo pescar. Sabe, não tem muito que fazer por aqui e a capital fica a léguas de distância. Então eu te encontrei. - voltou a olhar para Ryuutarou, inclinando a cabeça levemente, em um gesto de curiosidade. - Mas isso foi há dois dias.

Dois dias? Ficara desacordado por dois dias? Ryuutarou deu um pulo, levantando-se da cama e cambaleando, sendo amparado por Arata, que o segurara pelos ombros, assustado com a urgência vista nos olhos muito escuros do desconhecido de cabelos longos.

-Eu preciso ir embora! - gritou, agarrando-se à camisa do maior, vendo com o canto dos olhos, Jin se levantar e o apoiar, fazendo-o voltar para a cama. - Eu não posso ficar aqui, eu... eu tenho que ir embora!

-Não pode ir embora ainda, Jack-san! Ainda está muito fraco! -Izumi havia se assustado pela urgência e medo vistos nos olhos do desconhecido. Ele parecia agitado demais e aquilo não era bom, ele não estava recuperado completamente.

Ryuutarou apertou os lençóis embaixo de si, mordendo o lábio inferior. Precisava sair dali, aqueles dois idiotas não viam que estavam correndo perigo mantendo-o ali? No entanto, mesmo ele não poderia fazer muita coisa. Os homens daquela mulher sabiam o que estavam fazendo, quando acertaram-no com aquela maldita flecha envenenada. Não poderia usar sua energia por um bom tempo.

Deixou os ombros caírem, visivelmente desanimado. Hayato parecia ter entendido isso, fazendo um sinal com a mão para que o primo o acompanhasse para fora dali. Mas Jin era curioso. E muito. Por esse motivo ele ficara no mesmo lugar, parado ao lado do silfo, analisando-o como uma criança que encontra um bichinho diferente.

Contendo um suspiro, Ryuutarou puxou as cobertas, enquanto o maior se aproximava um pouco mais com a cadeira, o indagando com uma voz quase infantil:

-Nee... você era um príncipe ou coisa assim, fugindo de uma bruxa malvada? Porque parecia, pelas suas roupas. – os olhos escuros ganharam um brilho de expectativa. – Então nós somos como samurais, cuidando de um príncipe?

Sem conseguir conter uma risada, Hayato viu o hóspede balançar a cabeça, negando. Bem, pensou o jovem príncipe: ele só estava errado na parte de ser um samurai. Pelo visto, aquele garoto daria muita dor de cabeça. Tanta que ele nem queria imaginar.


x-x-x


Longe dali, no reino do Norte, uma criatura em armadura vermelha e preta saía de um forte, sendo acompanhado por uma criatura no mínimo... singular. Pelo menos era assim que um humano despreparado classificaria o dragão vermelho que voava ao lado do rapaz, usando uma forma reduzida.

-Você tem certeza que deveria aceitar aquela missão? Não me parece muito inteligente da sua parte, Take-chi. – a criatura fez sua voz ressoar na mente do jovem Elemental, arrancando um sorriso maligno dos lábios bem definidos.

-Garu... você conhece minhas ambições. Sair atrás do principezinho fujão me parece a melhor forma de vencer uma disputa. Nós vamos encontrá-lo e fazê-lo se curvar aos nossos pés, como todos deveriam fazer.

A criatura apenas balançou a cabeça, negando. Como eles ainda tinham a coragem de dizer que os elementais são criaturas inteligentes? Ele queria bater a cabeça de Takeo na primeira rocha que encontrasse.

Só rezava para que ele não acabasse saindo com o orgulho ferido. Uma criatura do fogo com raiva era pior do que todos os demônios do Inferno juntos.

Garu apenas rezava, enquanto acompanhava aquele que havia escolhido para ser seu companheiro.

Continua...

Notas Finais:
Oh, sim, eu ainda estou viva e essa fic ainda existe u_ú Mas é como eu sempre digo: não esperem atualizações. A coisa anda ficando feia por aqui, manolada.

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