quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

The Taming of the Shrew - parte 2

Notas do Autor:
Tentei dividir em três partes, mas não deu muito certo. Enjoy.

-Não! Eu não vou vestir isso! - quem passasse pelo corredor localizado nas coxias do teatro do colégio, ouviria os berros desesperados de um cero aluno, que no exato momento estava trancafiado em um camarim com o professor de Artes (e diretor da peça), os encarregados do figurino, e o 'ator' que faria o papel de Bianca.

-Asamura-san... - Hayato ainda tentou falar, enquanto Gensuke-sensei tentava tirar a camiseta preta com estampa de alguma banda de Viking Metal do ator principal. - Por favor, colabore! Eu também estou usando um vestido!


Arata apertou as têmporas. Os ensaios não estavam rendendo muito e isso o deixava absurdamente frustrado. Ninguém ali parecia disposto a colaborar. Olhou para o mais novo, que se estapeava com Gensuke-sensei para que o professor não o tocasse. Ah, que ótimo.

Tinham uma Catarina revoltada que se recusava a entrar em um vestido, um Lucêncio que estava mais preocupado em assediar elenco e equipe de apoio, um Petrucchio que não conseguia falar na sequência e... ele, uma Bianca que não conseguia dar dois passos sem meter a cara no chão, com aquele vestido de babados e salto alto.

Suspirando, o garoto deixou o camarim, tropeçando algumas vezes na barra de seda, bufando exasperado. Ele merecia mesmo, não sabia nem por que estava ali, ainda tinha que lidar com os ataques dos colegas de classe. Pela milésima vez, pensou, por que não poderia ser somente a árvorezinha número três no fundo do cenário?

Ah é, porque Asamura já queria ser a árvore número três. A ele restava ser a moita número cinco.

x-x-x

-Onde foi que se enfiou essa droga de Batista? - a voz de Gensuke-sensei ecoava por todo anfiteatro, e os atores (em suas roupas normais, já que Ryuutarou continuara se negando a usar o vestido) se encolheram, entreolhando-se. O professor estava vermelho, descabelado, já havia roído uma unha e enrolava a apostila com o texto da peça enquanto andava de um lado pro outro.

Shiroyama soltou um suspiro resignado, indo até a borda do palco e sentando-se, olhando para as fileiras de poltronas no primeiro e segundo andar. Nunca, em toda sua vida, alguma coisa o dera tanta dor de cabeça assim. Olhou para o lado, vendo Izumi sentar-se ao seu lado, em silêncio.

-O Batista já chegou? - perguntou, vendo o garoto negar com a cabeça, pegando os cabelos longos e colocando por cima do ombro, brincando com o cadarço do tênis. - Vai continuar sem falar comigo até quando, Hayato?

-Até que você pare de dar em cima de qualquer coisa com pernas que passe na sua frente. - respondeu, de mal grado, encarando o ruivo. Já estavam naquela situação há bastante tempo para que se sentisse indignado.

-Não temos nada para que você me cobre algo assim, Arata. - Shiroyama o segurou pelos ombros, vendo-o abrir a boca em choque. Chutou-se internamente ao perceber que as lágrimas já começavam a inundar os orbes castanhos do garoto, mas manteu-se impassível. Não queria manter nenhum relacionamento.

-Então está bem, Shiroyama. - tentou sorrir, mas falhou miseravelmente, soltando-se com rudeza, levantando-se e espanando a calça. - Guarde bem as suas palavras.

Shiroyama ficou olhando Izumi se afastar, voltando a atenção para a frente, com uma cara de poucos amigos. Não lhe foi possível ficar emerso em pensamentos por muito tempo, pois logo a voz atacada do ser que lhes dirigia naquela palhaçada toda ecoava pelo salão.

x-x-x

-Não. - Terushido sequer levantou os olhos da folha que corrigia, enquanto Gensuke se ajoelhava ao seu lado, com uma carinha pedinte, unindo as mãos como uma preçe.

-Onegai, Teru-chan, onegaaaai... o aluno está doente e não vai poder participar... nós precisamos de um ator... e você vai dar um ótimo Batista!

-Não! - tirou os óculos, batendo na mesa com força. - Eu não vou me meter com aqueles alunos!

-Não mesmo? - Gensuke abriu um sorriso de canto, fazendo o outro engolir em seco. Ah. Não.

x-x-x

-Não, por minha fé, quero ver primeiro esse negócio da igreja resolvido; depois voltarei para meu amo o mais depressa que puder.

-É estranho; Câmbio ainda não veio. -Baba Yuuji, um loiro mal-encarado que interpretava o Grêmio, disse, vendo Ryuutarou, Ikeuchi, Satoshi e Chiba entrarem, juntamente de outros garotos que interpretavam os criados.

Esperaram por longos segundos a deixa de Petrucchio, ansiosos e em grande expectativa.

-... eu esqueci o texto. - a voz tímida de Jin se fez presente, fazendo com que Takeo soltasse um grito frustrado, o rapaz que interpretava o Grêmio e aquele que seria o Biondello, Matsumoto Takanori, se jogaram no chão. Não era possível.

-Eu não acredito nisso! - o diretor, completamente vermelho de fúria, subiu ao placo. - Nós temos somente mais três dias, Ikeuchi-kun, e até agora você não decorou seu texto! Como espera se apresentar asism?

-Gomen ne, Sensei, mas eu... eu não queria fazer parte disso desde o começo. - reclamou, cruzando os braços. Aquilo não estava certo, ele simplesmente não conseguia!

-Ele está com medo de ter que beijar a assombração Asamura, isso sim. - o tal Takanori resmungou, mas logo se encolheu, quando a sombra daquele que seria Catarina o cobriu. Virou-se para trás, somente para ser arremessado para longe, em seguida.

-Se quiser continuar vindo para a aula com essa sua cara de travesti, Matsumoto, é melhor calar a merda da sua boca. - Ryuutarou disse em um tom de voz frio, que fez o pequeno balançar a cabeça diversas vezes. Já havia ouvido que o moreno viera de um reformatório.

-Va-vamos começar novamente. - Gensuke-sensei e ajudava o aluno a levantar-se, vendo todos voltarem para suas marcas iniciais. - E dessa vez, sem ninguém voando, por favor.

-Eu posso ser a árvore número três? Eu levo jeito para árvore! - Ikeuchi ainda tentou, enquanto era arrastado por Ryuutarou pela camisa.

-Esqueçe, esse posto já é meu. - o menor disse, enquanto voltava para os bastidores, arrastando um otaku emburrado.

x-x-x

-Meus queridos, lhes apresento o nosso novo Batista! - Gensuke sorriu, apontando para um desolado Teruo-sensei, que deixava o cigarro pender no canto da boca, acenando para o elenco da peça.

Se fosse outra situação, sentiria-se abismado em perceber que aqueles adolescentes poderiam parecer normais. Mas não era o caso. Foi até Ikeuchi, arrancando-lhe o texto da mão e dando uma rápida olhada. Já que não havia outra escolha...

-Você. -olhou para Ikeuchi, jogando a franja para o lado e tirando o cigarro dos lábios para soltar a fumaça, encarando-o enquanto o menino se encolhia levemente, mesmo que fosse quase da sua altura. - Decorou suas falas?

-Ha-hai, sensei! - Jin franziu a testa, tentando passar confiança. Uma confiança que, na verdade, ele realmente não possuía.

-Certo, vamos tentar... - passou uma última vez os olhos pelo texto, mas logo voltou-se ao garoto, aprumando os ombros e limpando a garganta, começando em uma voz severa: - Sois bem-vindo, senhor, assim como ele, por amor vosso. Quanto à minha filha Catarina -certeza tenho disso - não diz com vosso gênio, o que me pesa.

Esperou alguns segundos, vendo Jin ficar pálido e abrir a boca para responder, mas fechando-a. Olhou para os outros alunos, que haviam desistido de esperar alguma coisa e Gensuke, que praticamente chorava de desgosto.

Eles estavam perdidos.

 

Continua na parte 3

 

Notas Finais:
Agora o próximo post só quando a Kaline atualizar Odisséia

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