quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

The Taming of the Shrew - final

Notas do Autor:
Eu quero mandar um beijo pro meu pai, pra minha mãe, pra Lady Gaga, pro Teruo-sensei e... *leva sapatada na cara*
Enjoy.
Obs: não está betado.

-Eu ainda não acredito que estou vestindo isso. - Asamura resmungou, vendo-se no espelho. Aquilo não poderia estar acontecendo com ele.


-Ah, não está tão ruim, Ryuutarou-kun. - Arata sorriu, arrumando os longos cabelos em uma trança, gostando do tecido azul de babados que vestia. Parecia mesmo uma garota da era Vitoriana, se não fosse pelo fato de ser Asiático.

-Como pode estar tão calmo assim? É a pior humilhação das nossas vidas. Ikeuchi ainda não decorou o texto, os ensaios foram uma bagunça e nossos pais estão lá fora! - jogou-se em uma cadeira, sem se importar se iria amassar o tecido cor-de-rosa, arrumando o cabelo preso em um coque no alto da cabeça.

-Pode ser, mas será divertido. E você terá que beijar o Shibuya-kun... - Izumi sorriu, aproximando-se do colega. - Ele me disse que vocês dormiram juntos.

-Na mesma cama, só isso. E eu nem sabia que aquele vácuo ambulante havia subido na minha cama, no meio da noite. Ele tem sorte que não quebrei o nariz dele ou coisa assim. - resmungou, olhando para o outro lado, sentindo as bochechas queimarem. Iria matar Ikeuchi.

-Ah, vocês estão aí. - Gensuke entrou no camarim, com um sorriso enorme estampado no rosto e escondendo as mãos atrás das costas. - Eu esqueci de entregar-lhes isso aqui. É o ponto crucial da caracterização de vocês.

O professor estendeu-lhes duas caixas, sorrindo de forma encantada. Suas princesas seriam perfeitas e sua peça seria premiada pelo melhor cenário e figurino, já que de atores...

-Sensei... o que é isso aqui? - Hayato perguntou, erguendo um Wonder Bra de tamanho médio. Pelos deuses, aquilo não era verdade...

-A essência de Bianca é ser uma menina doce, Izumi-kun, por isso a sensualidade nela não é exatamente aflorada, mas Catarina é a megera que encanta por sua beleza e forte presença de espírito. - o professor juntou as mãos, lançando um sorriso encantador, ao mesmo tempo que Ryuutarou tirava de sua caixa o sutiã de tamanho GG.

Uma sombra negra poderia ser vista saindo do camarim, enquanto Gensuke-sensei implorava por sua vida e Hayato tentava parar os instintos berserkers que afloravam do presidente do clube de Magia Negra.

x-x-x

Asamura Akemi arregalou os olhos ao ver o filho entrar em cena. Ou melhor. Aquele que deveria ser seu filho. Arriscou um olhar para o marido, que passava a mão no rosto vermelho e se encolhia na cadeira.

-Por obséquio, senhor, é vosso intento deixar-me encabulada junto destes candidatos a esposo? - Ryuutarou começou com uma voz baixa, entredentes, aproximando-se de Teruo-sensei e pegando-o pela gola.

"Está entrando DEMAIS no personagem, Asamura-kun..." o professor de biologia pensou, sorrindo amarelo e afastando o mais novo de si.

Do outro lado de Akemi, Yuuto contorcia-se de tanto rir, ao ponto de deixar lágrimas saírem de seus olhos, atraindo a atenção de todos no recinto. Por um momento ela pensou que, se olhares matassem, Ryuutarou já teria feito o irmão cair gelado ali. Há tempos.

-Ryuu-chaaan! Você parece a Pâmela Anderson! Precisa ter vergonha não, gostosa!  - Yuuto gritou, recebendo um cascudo da mãe. - Itai, Haha!

-Eu também achei! - do palco, Shiroyama gritou, acenando para Yuuto, levando uma cotovelada por parte de Teruo e um chute de Ryuutarou.

-Cale a boca Shiroyama!

-ALGUÉM, PELOAMORDEKAMI-SAMA, FECHE ESSA CORTINA! - a voz de Gensuke se fez ouvir e logo o pano vermelho caía, deixando somente o burburinho e um grito foi ouvido, assustando os pais presentes ali:

-MORRA SHIROYAMA! SÓ MORRENDO VOCÊ OBTERÁ O MEU PERDÃO, DESGRAÇADO!

-Anata... nosso menino é um ótimo ator, não acha? - Asamura Akemi perguntou, sorrindo sem graça, enquanto o marido afundava ainda mais na cadeira. Vergonha para você, vergonha para sua família.

x-x-x

O teatro todo estava em silêncio novamente. Na primeira fila, Ikeuchi Aya sorria ansiosa pela entrada do filho. O sobrinho havia ligado avisando que Jin faria o papel principal.

As cortinas abriram-se para a segunda cena do Primeiro Ato. Todos esperaram a entrada de alguém. Nada.

-ENTRE LÁ AGORA MESMO, IKEUCHI! - ouviram a voz que saía das coxias, arregalando os olhos ao verem o jovem alto e vestido em roupas de época ir parar no meio do palco, com os olhos arregalados.

Aya sorriu ao ver o filho, mas o marido apertou sua mão. Jin parecia suar frio e travara, não conseguindo pronunciar uma única palavra durante todos os minutos que ficara no palco.

-IKEUCHI! - Não fora somente uma voz dessa vez. Agora Jin era arrastado do palco por Yuuji e as cortinas fechadas depressa.

-Aya-chan... acho que devemos colocar esse menino em aulas de interpretação.

x-x-x

A platéia olhava tudo em silêncio. Alguns pais sentiam-se um tanto quanto incomodados de verem os filhos no palco, como era o caso das famílias Matsumoto, Ikeuchi e Asamura.

Os primeiros porque nem a maquiagem escondera os estragos causados por Jack ao longo dos ensaios. O pais de Shibuya porque... Jin parecia esquecer o texto toda hora, travando no meio do palco, causando alguns gritos estridentes que vinham dos bastidores. Já o terceiro casal... bem, a senhora Asamura jurava que havia deixado ali um filho e não uma versão nipônica da Pâmela Anderson.

A mãe de Takeo estava encolhida, considerando a idéia de sair dali, após ter visto todas as brincadeirinhas do filho, que faziam o diretor ter um ataque. Já os pais de Arata e sua irmã haviam quase caído da cadeira a cada entrada do filho, que acabava caindo de cara no chão, tropeçando no vestido. Tanto que o moreninho agora ostentava um band-aid no meio da testa, por culpa das decorrentes quedas que havia sofrido, acarretando gritos histéricos do diretor Gensuke.

Ryuutarou estava azul e sua fala final não estava nem na metade. Além disso, todos se encontravam apreensivos, ja que o resultado encontrado por Gensuke-sensei para salvar, ao menos a cena final, fora colocar cartazes nas coxias, para que Jin lesse. O problema? Ele parecia um robô.

-...O caráter já tive assim tão duro, o coração tão grande quanto o vosso, e... - o garoto parou, olhando irritado para o resto dos atores e virou-se para as coxias. - JÁ CHEGA! EU ESTOU HÁ CINCO MINUTOS FALANDO E NÃO LEMBRO O RESTO DAS FALAS!

-Jackie... estamos no meio da peça... - Takeo resmungou, cutucando o amigoe sorrindo sem jeito.

-Dane-se, essa porcaria tava arruinada desde o início. - rosnou, começando a sair do palco a duros passos, mas parou ao sentir o braço ser segurado. Virou-se, vendo um Jin desesperado.

-Precisamos terminar essa peça, Ryuu. Onegai. - pediu, fazendo sua melhor cara de cachorro molhado, vendo o baixinho rodar os olhos e o puxar pela gola da roupa, colando os lábios de forma demorada.

Separaram-se somente quando o ar se fez presente. Shibuya tinha os olhos arregalados do tamanho de pratos e as faces coradas, enquanto Asamura fuzilava todos no local com os olhos e voltava a andar. Ainda parou na saída, gritando.

-E NUNCA MAIS ME FAÇAM USAR ESSA COISA HORROROSA! EU FIQUEI PARECENDO UM TRAVESTI DE BEIRA DE ESTRADA! - saiu, passando por um choroso Gensuke-san. Colocou a mão dentro do decote do próprio vestido, jogando o Wonder Bra na cabeça do professor, saindo dali enquanto soltava os cabelos e resmungava obscenidades.

No palco todos estavam em silêncio, até que risadas começaram a serem ouvidas. Yuuji, Takeo, Takanori e Izumi mal se aguentavam de pé, rindo desontroladamente, enquanto a platéia levantava-se e aplaudia.

Nenhum deles conseguia crer que haviam chegado ao final daquela palhaçada. Os que não estavam rindo, ou completamente atordoados, agradeceram, fazendo sinal para que as cortinas descessem. Já em segurança, alguns se jogaram no chão, outros começaram a andar sem rumo. Os aplausos ainda ecoavam.

Teruo andou até um Jin abobalhado no mesmo lugar que Asamura havia o deixado e colocou as mãos no ombro do aluno, sorrindo para ele:

-Você, de fato, domou uma megera, Ikeuchi-kun.

Gensuke saía de onde estava, correndo na direção do professor de biologia, com os braços abertos e lágrimas nos olhos.

-TERUO-CHAAAAAAAAN...! - foi parado por um soco do professor, que saiu dali também resmungando, deixando o pobre professor de Arte estendido no chão:

-Se me meter numa dessas de novo eu te espanco. Porcaria, eu preciso fumar...

Arata sorriu, vendo todos rindo felizes. Eles haviam conseguido. Aos trancos e barrancos, com uma Catarina que não conseguia ser melhor do que um pugilista, um Petrucchio esquecido, um Lucêncio que nem sabia por que estava ali e... ele. Sorriu, acenando para Takeo, que acenou de volta e correu atrás de um desaparecido Jack. Arata andou até o primo.

-Jin, tudo bem...? - perguntou, colocando as mãos em um dos ombros do otaku. O gesto pareceu acordar o mais velho, que sorriu largamente e abraçou-o, levantando-o do chão. Shibuya largou Arata, começando a gritar e sair correndo dali:

-ELE GOSTA DE MIM! ELE GOSTA DE MIM! - Hayato ficou vendo o garoto se afastar correndo na direção dos corredores, balançando a cabeça.

No fim, tudo havia terminado bem.

Mas da próxima, ele, definitivamente, seria a moita número 3. Só precisava cuidar para chegar a tempo de pegar o papel mais cobiçado de toda a escola.

The Taming of the Shrew - final

Continua...

Notas Finais:
Kaline, Odisséia, por favor

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