No primeiro dia do ano, é comum as famílias japonesas saírem para algum lugar aberto para ver o nascer do sol. Também tinham o costume de visitarem os templos xintoístas, para orarem em busca de paz e saúde.
Se era verdade ele não sabia, mas também não importava muito, queria apenas mudar a rotina e se divertir. E pra melhorar ia fazer isso com quem amava.
Chegou à frente do prédio e estacionou a moto, retirando o capacete e pegando o celular.
Àquela hora as ruas ainda estavam vazias, mas o céu clareava parcialmente.
Puxou o nome do namorado na agenda e discou, esperando a ligação completar. Nunca confiou em sua memória para lembrar números de telefone.
Chamou várias vezes até cair na caixa de entrada. Com certeza ele estava dormindo. Mas não por muito tempo. Sorriu sacana com o pensamento.
Tentou novamente, pois só venceria pela insistência. Mais três vezes sem resultado até que foi atendido.
_ Moshi moshi... – a voz sonolenta mostrava que tinha acabado de acordar.
_ Koi, você tem dez minutos para se arrumar e descer! – anunciou divertido. Sabia que o vocalista levaria bem mais que o dobro do tempo para ficar pronto.
_ Takeo? – perguntou duvidoso, enquanto se sentava na cama.
_ Eu mesmo! Agora você só tem cinco minutos!
_ ... – bocejou e esfregou os olhos, ainda em dúvida se estava dormindo ou não – Do que você está falando?
_ Hoje é o primeiro dia do ano. Vamos ver o sol nascer!
_ Sol? – levantou-se, meio cambaleante e foi até a janela, afastando a cortina e olhando pra fora – Koi, você passou a noite bebendo? Ainda está escuro. – choramingou, voltando a se jogar na cama.
_ Se você não descer em dez minutos eu vou subir e invadir o apartamento. Te garanto que eu acordo o prédio inteiro se entrar aí! – desligou antes que recebesse resposta.
Desceu da moto e entrou no prédio, acenando para o porteiro, enquanto se encaminhava para o elevador.
* * *
_ Está atrasado! – cumprimentou-o, depositando um beijo em sua face – Vamos logo! – puxou-o pela mão em direção à caixa metálica.
_ Eu estava esperando pra ver se você invadia mesmo. – sorriu divertido – O que você está planejando?
_ Nada planejado. Desde ontem estou fazendo tudo no improviso. Vamos para o templo ver o sol nascer e depois eu decido o resto do dia pra gente. – entregou o capacete, subindo na moto.
_ Pra gente, você quer dizer nós dois, ou vai chamar o Jin também? – soou preocupado – Não quero que ele fique sozinho hoje, afinal é ano novo.
_ Estou incluindo a dupla J e J. Não se preocupe. – sorriu cheio de dentes.
Boa coisa vinha pela frente. Boa pro ruivo, é claro!
* * *
Chegaram alguns minutos depois, estacionando próximo à entrada. Apesar do horário, havia pessoas caminhando por ali, todas indo para o templo fazerem seus pedidos.
_ Tem um ótimo lugar perto do lago. – puxou-o pela mão, andando apressado.
_ Lago? – ergueu a sobrancelha, duvidoso – Nem sabia que tinha um aqui...
_ Reformaram o jardim dos fundos e montaram um artificial. Tem até carpas! – contou com tanta animação, como se fosse algo realmente único – Eu ia te levar pra torre, mas acho que vai gostar mais daqui!
_ Muito bem pensado. – sorriu agradecido. Não queria começar o ano tendo que enfrentar alguns medos.
Atrás do templo havia uma escadaria que levava para um outro templo acima. Contudo, pegaram uma pequena estradinha de pedras bem espaçadas, que desciam a lateral da construção, de onde se via um pedaço do lago.
_ Nossa, aqui é lindo! – o pequeno lago possuía uma falsa nascente e descia até alguns metros a frente. Algumas poucas árvores o rodeavam, criando brechas de sombra e luz, que passavam por entre as folhas.
_ O sol tá nascendo! – olhou para o horizonte, vendo os raios de sol surgirem à frente – Vem pra cá!
Puxou Hayato para sua frente, sentando escorado em uma árvore, apoiando o tronco do menor em seu tórax.
Ficaram abraçados um longo tempo, sem trocarem palavras, apenas observando a paisagem. Alguns outros casais também apareceram por ali, cada um escolhendo um cantinho aconchegante para aproveitarem o dia.
Com um suspiro leve, Takeo beijou a face do namorado, chamando sua atenção.
_ Agora podemos ir, temos que aproveitar o restante do dia! – esperou que o moreninho levantasse, estendendo a mão para ser puxado.
Enlaçou-o pela cintura, caminhando pela borda do lago, vendo o sol refletir na superfície, criando espelhos d’água. Com um sorriso malvado, o ruivo puxou o outro para dentro da água, fazendo um pouco espirrar pra fora, molhando-os até quase o joelho.
_ TAKEO! – tentou soltar-se para sair dali, pois a água estava fria – Droga! Molhou minha calça nova!
_ Hahaha! Calma koi, é só água! – sorriu brincalhão, soltando-o apenas para encher a mão com o líquido e jogar em sua face.
_ TAKEO! – ralhou furioso, tentando correr para a terra, sendo perseguido e molhado.
Quando conseguiu por um pé sobre a beirada, teve o corpo puxado para trás novamente, dessa vez, caindo ambos sentados.
_ SHIROYAMA! – gritou, chamando a atenção de algumas pessoas para si, fazendo outros rirem com a brincadeira – Idiota! – saiu bufando.
_ Agora pode me xingar! – sorriu feliz da vida, seguindo o outro.
Caminharam em silêncio até a moto, com Takeo lançando olhares de esguelha para Izumi, rindo baixinho para não provocá-lo mais. Entregou o capacete, subindo na moto e esperando o outro imitá-lo, tendo a cintura enlaçada.
_ Ainda posso terminar os planos pra hoje ou está muito chateado? – questionou enquanto saiam pelas ruas.
_ Qual a idéia mirabolante? – sorriu, não conseguindo ficar bravo muito tempo.
_ Vou buscar o Jackie! – abriu um sorriso enorme – Espero que saiba fazer dobraduras.
_ Ahm... sei. Aquelas simples de barquinho e avião. – respondeu duvidoso.
_ Já é alguma coisa! – parou em frente ao prédio, esperando o namorado descer – Mantenha o monstrinho preso hoje, eu volto daqui a pouco com o Jack.
_ Vai mesmo conseguir tirar ele de casa? – sorriu amarelo, duvidando que o líder fosse trocar a folga por algum tipo de diversão com o ruivo.
_ Pode apostar! – e saiu novamente, pegando o caminho da casa do mais novo integrante da banda.
Continua...
Último alvo: Jack
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