segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Um

 

"(...) e quando os apaixonados se beijam debaixo do visco, na noite de Natal, é um sinal de que as coisas darão certo."

O baixista encarou a tela do computador, uma das mãos no queixo, enquanto arqueava uma sobrancelha, a mente começando a trabalhar a mil. Aos seus pés, Trevas descansava, dormindo quietinha.

Ikeuchi suspirou, olhando em volta. Então quer dizer que, se ele beijasse Ryuutarou embaixo do visco, na noite de Natal, eles seriam felizes juntos? Mas isso era ótimo!

Levantou-se, caminhando até a cozinha, encontrando por lá Arata, que fazia a ceia daquela noite. Sorriu largo para o primo, sentando-se à mesa.

-Ne primo... - chamou, tendo a atenção do moreninho completamente virada para si. - Onde é que eu acho um galho de visco?


Izumi levantou uma sobrancelha, encarando o maior com estranheza pelo pedido, indo até a mesa e sentando-se de frente para o baixista.

-Eu não sei, mas... onde você quer achar um visco, a essas horas, Jin? Não vai demorar muito para os outros chegarem para a ceia de Natal...

O maior dos dois suspirou desanimado, levando as mãos até a frente do rosto, começando a bater os dedos indicadores um no outro, visivelmente desanimado, visto que os ombros largos haviam despencado.

-Eu sei, mas... mas eu queria beijar o Jeki embaixo do visco... para as coisas darem certo entre a gente, sabe? Para sermos felizes para sempre! - os olhos do baixista brilhavam de animação e esperança, e Hayato se perguntou, pela enésima vez, o que impediu aqueles dois de ficarem juntos tão facilmente, se eles se gostavam tanto.

Levantou-se, voltando para a bancada da pia, continuando a arrumar a ceia. Não fizera muita coisa, visto que os outros membros da banda também trariam alguma contribuição. O baixista levantou-se, ainda mais desanimado, saindo da cozinha, indo se arrumar para a festa.

O vocalista viu o primo sair, suspirando cansado e indo pegar o telefone na sala. Por que não? Quem sabe não daria certo?

x-x-x

A campainha tocou pela terceira vez naquela noite e Takeo levantou-se do sofá, onde estivera sentado ao lado do namorado, conversando com o mesmo e Teruo, indo atender a porta. Sorriu ao ver quem estava ali.

-Konmbanwa, mister anti-social! Pensei que não viria! - O guitarrista sorriu largo ao ver o baterista fechar a cara em uma carranca e entrar, seguido pelo irmão. - Hey, Asamura-san!

O irmão mais velho de Ryuutarou sorriu para o ruivo, segurando o baterista pela gola da camiseta e fazendo uma reverência, forçando o mais novo a fazer o mesmo, empurrando-o pela cabeça, a outra mão segurando uma travessa com a sobremesa.

-Konmbanwa, Takeo-san. Pode me chamar somente de Yuuto. - Soltou o irmão mais novo, que bufou, arrumando os cabelos muito negros, pegando a travessa da mão do maior e indo para a cozinha deixar o doce lá, sendo seguido pelo guitarrista.

-Wooow! Você quem fez esse doce, Jack-chan!? Tem certeza que não trocou o sal pelo açúcar não? - Brincou, vendo o mais novo virar-se para si com uma expressão quase assassina. Resolvendo que não seria inteligente contrariar o líder em um território onde facas, vidros e fogo não faltavam, o ruivo sossegou. - E aí? Como ele está? Parece melhor.

Ryuutarou suspirou profundamente, escorando-se na bancada da pia, cruzando os braços, antes de responder o guitarrista em sua característica voz baixa:

-Ele melhorou, de uns dias para cá, mas eu tenho medo que ele acabe piorando, sabe...? Mas eu decidi trazê-lo, fazer com que ele aproveite o Natal. Ele sempre gostou dessa data. - sorriu levemente, com o mais velho fazendo o mesmo. Desencostou da bancada, saindo da cozinha, indo até onde os outros estavam. - Ué? Cadê Ikeuchi?

-Não o vimos desde que chegamos, se isso te consolar. - Teruo respondeu, tirando uma das pernas do sofá, para que o líder sentasse, mas este ignorou completamente o ato, indo para o corredor, atravessandoo mesmo até estar em frente à porta do baixista, batendo na mesma.

-Jin...? Você está aí? - Esperou pacientemente por uma resposta, mas nada veio, o deixando preocupado. - Jin? - chamou mais uma vez, ainda sem obter resposta. Levou uma das mãos até a maçaneta da porta, abrindo-a. Entrou no quarto, vendo o mesmo iluminado somente pela luz do abajour de pokémon, e um montinho de cobertas. Aproximou-se e se abaixou do lado do namorado, afastando as cobertas e sorrindo ao vê-lo dormindo. Mas não levou muito tempo e o mais velho acordava, bocejando e coçando os olhos.

-Hey... o que foi? O que tá fazendo aqui, Jeki? - murmurou, sentando-se na cama e olhando atordoado para os lados, ainda tentando situar-se.

-Eu que pergunto! Não vai demorar muito para a ceia ser servida, e você nem se arrumou. - revirou os olhos ao notar que o mais velho estava vestido com o pijama de tigrinho. Sentou-se ao lado do mesmo, timidamente deitando a cabeça no ombro do baixista. - Eu pensei que fosse passar o natal com a gente. Até meu irmão veio.

Jin levantou a cabeça, passando os braços pela cintura do baterista e apertando-o um pouco contra si, beijando a testa do mesmo.

-Mas eu não consegui um galho de visco. Se eu te beijasse embaixo dele nós seríamos felizes. - murmurou desanimado, sentindo o menor se afastar levemente de si com uma das sobrancelhas arqueadas.

-Você acha que nós seríamos felizes por isso, Jin? - Ryuutarou se surpreendia cada vez mais com o namorado. E consigo mesmo também. Fosse outra pessoa, o baterista já teria dado uns chacoalhões. - Não precisamos disso, Jin, não é um visco que vai trazer a nossa felicidade, mas somente nós mesmos. Somos felizes porque queremos isso, koi.

Ikeuchi entreabriu os lábios em espanto. Nem em seus melhores sonhos imaginava o seu Jeki falando aquilo para ele. Nem o chamando de "koi". Sorriu largo, abraçando o baterista ainda mais apertado, encostando os lábios levemente nos do mesmo, puxando-o para cima de si.

Ryuutarou sabia que deveria estar muito corado, sentado no colo do mais velho, daquela forma, mas somente conseguiu sorrir antes de colocar as mãos nas laterais do rosto do mesmo e puxá-lo para um beijo. Ficaram assim por algum tempo antes do baixista levantar, tirando o namorado de cima de si e indo escolher uma roupa, dizendo que queria agradar Yuuto, para que o mesmo não achasse que estava entregando o irmão para alguém sem confiança.

x-x-x

-Eles estão demorando. - Takeo comentou, sentado com as pernas sobre o colo de Arata, a cabeça no ombro do namorado. - Acha que eles estão fazendo coisas impróprias para o horário?

O vocalista olhou para o ruivo, fazendo uma careta de estranheza, negando com um aceno de cabeça.

-Credo, Tachi! Eu não quero imaginar isso! Seria... estranho. - "bizarro", completou em pensamento. Era bizarro imaginar o primo e o líder fazendo isso. O primeiro porque era uma criança. O segundo porque era... Jack! O cara que assustava somente com um olhar.

Voltou os olhos para o irmão do baterista, que parecia feliz ali com eles e sorriu de leve. Se Yuuto-san estava feliz, então eles viriam Ryuutarou sorrindo aquela noite. Ouviram o barulho de porta abrindo e logo baixista e baterista apareciam na sala, o mais velho vestido apropriadamente. Sorriram, indo colocar a mesa para a ceia.

Izumi ainda olhou de relançe para o outro guitarrista, que concordou com a cabeça. Logo estavam todos à mesa, ceiando e conversando animados, ainda que Teruo e Jack não falassem tanto.

Esperaram até que desse meia-noite para fazerem a troca de presentes, sorrindo ainda mais animados do que na hora do jantar, com Takeo recompensando Arata calorosamente pelo presente, ou com a cena absurda de verem Ryuutarou levar um puxão de orelha de Yuuto ao começar a atazaná-lo pelo presente recebido (fato que levou Takeo a tirar uma foto, com a câmera do celular, sem que o líder percebesse, é claro).

-Nee, Jeki... - Jin começou, puxando o menor para um canto da sala e entregando uma caixa relativamente grande, com os presentes comprados. O pequeno entreabriu os lábios em surpresa ao encontrar um garage kit de Gintama (seu anime preferido, mesmo que não adimitisse em voz alta), uma coleção especial de Lucky Star e outra touquinha, diferente daquela que ganhara de aniversário, esta era de ursinho. Riu, entregando o presente do baixista.

Ikeuchi arregalou os olhos, vendo o kit de palhetas customizadas propriamente para si. Alternou olhares entre o namorado e o presente, sorrindo largo e abraçando-o novamente naquele dia, de forma carinhosa.

-Clichê, eu sei. - Ryuutarou murmurou, com o rosto escondido no peito do baixista, rindo baixinho.

-Mas eu gostei! E você vai usar a touca que eu te dei, não vai? - olhou para o pequeno, afastando-se levemente somente para pegar a citada na caixa e colocar sobre a cabeça de fios negros, com a visão de um baterista excessivamente corado.

Voltaram a se abraçar, aproximando os rostos e encostando os lábios de forma calma. Sem que percebessem, Arata havia subido no sofá e estendido um galho de visco em cima dos dois.

-OE? QUEM É VOCÊ SEU ALIEN E O QUE FEZ COM NOSSO RIDAA-SAMA ASSEXUADO? - Takeo ainda gritou ao fundo, recebendo um dedo médio erguido como resposta, caindo no riso em seguida. Foi até o namorado, tomando o visco das mãos de Izumi e beijando-o de forma apaixonada, estendendo o galho acima de suas cabeças, enquanto Yuuto e Teruo olhavam a cena, ambos ainda sentados no sofá.

-E aí? Topa tomar alguma coisa? Acho que ainda tem cerva na geladeira. - o guitarrista comentou, levantando-se e começando a ir para a cozinha, assaltar a geladeira. Já havia feito muito arranjando aquele galho de visco de última hora.

-Opa! Quem sabe meu irmão não esqueceu algum licor por aqui? - Yuuto comentou, seguindo o mais novo, deixando os dois casais na cozinha.

Quem iria dizer que os casais ali não seriam felizes, por terem se beijado embaixo do visco? Por que não acreditar naquela tradição natalina, ainda que fosse absurdo? O que ninguém negaria era que, com certeza havia sido o melhor Natal para eles, afinal, a felicidade de cada um era feita por eles. E só por eles.

 

Notas Finais:

Desculpem se eu descaracterizei alguém ;;

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