segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Let the love find a way

Largou as baquetas, dando o ensaio por encerrado, ouvindo os últimos acordes das guitarras ecoando ainda pelo estúdio, rindo baixo quando o guitarrista ruivo pulou sobre o vocalista, enquanto gritava animado:


-FOLGA! DORMIR ATÉ MAIS TARDE! - balançou a cabeça, rolando os olhos, enquanto soltava os cabelos e levantava-se, caminhando até sua mochila, começando a arrumar suas coisas. - Nada de ensaios, entrevistas, shoots ou um líder nazista que nos faz ensaiar de manhã até a noite.

Virou-se para o ruivo, com o olhar estreito, vendo que os outros também riam, mas Takeo ostentava aquele sorriso sacana, tão irritante que o fazia sentir ímpetos de voar até o pescoço dele e torcer, até que ficasse roxo. Começou em um tom ameaçadoramente baixo, rodando uma das baquetas entre os dedos.

-Está perdendo a noção do perigo, Shiroyama... depois não reclame, quando não conseguir sentar por culpa de uma baqueta dentro de você, você sabe bem onde. - voltou-se para suas coisas, colocando a mochila nas costas e ignorando o ruivo, que lhe estendia o dedo médio e mostrava a língua, sendo repreendido pelo namorado, dizendo ainda, antes de sair da sala e ganhar o corredor indo até os elevadores.- Aproveitem a folga.

-Anooo... Jack? - olhou para Shibuya, que o seguia com o case do baixo nas costas.

Engoliu em seco, contendo a vontade de sair correndo. O baixista se provara insistente e isso o incomodava levemente. Não de uma forma ruim, mas cada investida era um tijolinho sendo derrubado no muro que construíra em volta de si. - O que vai fazer nesse feriado?

Piscou, sendo tomado de surpresa, olhando pensativo para os próprios pés, logo adentrando o elevador e sendo seguido pelo baixista.

-Nada de especial. - escorou-se no espelho atrás de si, cruzando os braços, adotando, sem nem mesmo perceber, uma postura defensiva. - Talvez ir para Kyoto.

-Aa. - Shibuya olhou para a porta de metal fechada à sua frente. Aquela poderia ser sua chance. Estavam somente os dois no elevador, não havia para onde Ryuutarou escapar. Levou a mão até os fios de cabelo longos do outro, pegando uma mecha entre os dedos, recebendo a atenção do menor, que o olhara assustado.

-Jin... o que... - calou-se, vendo o baixista andar até que estivesse de frente para si, ele mesmo se encolhendo e arregalando os olhos, assustando-se com a atitude do mais velho, que somente deitou a cabeça no seu ombro, as mãos segurando as suas e a voz saindo baixinha. Jin fechou os olhos, concentrando-se somente no menor. De boa vontade jamais haveria entrado no elevador, mas ele estava com Jack, afinal.

-Jackie... qual o problema em eu te amar...? Digo... eu te amo, de verdade. - ergueu o rosto, encarando o menor, que engoliu em seco apertando os punhos, sem responder. - Ryuutarou... você me ama?

-Eu... eu... - abriu a boca para dizer alguma coisa, porém nada sairia de seus lábios. Nada além de um suspiro dividido entre o alívio e o desgosto, quando a porta do elevador se abriu e ele foi obrigado a separar-se de Ikeuchi. Saiu da caixa metálica, ainda olhando para trás, seu coração se comprimindo um pouco mais.

"Desculpe, Jin... mas se eu disser, não terá mais volta..."

I think I felt my heart skip a beat
I cant pretend though I try to hide - I like you

-Então você recusou as flores? - um moreno, consideravelmente mais alto que Ryuutarou, brincava com os cabelos do baterista, a cabeça do mesmo em suas pernas. Yuuto riu baixinho com o que o irmão havia contado, mas ainda assim não se conformava com aquilo. Seu otouto estava jogando a oportunidade de ser feliz por puro medo. - Você é mesmo muito idiota, Tarou.

-Ah, tá. E o que você queria que eu fizesse, Pollyana? - o baterista virou o rosto, encarando seriamente o mais velho, bufando desgostoso. - Queria que eu aceitasse as flores e depois gastasse meu salário com lenços de papel e remédio para a alergia?

Yuuto riu mais ainda, enquanto o pequeno cruzava os braços, emburrado, formando um bico por conta das bochechas estufadas com ar, que o irmão fizera questão de cutucar.

O moreno de cabelos longos suspirou, olhando para o rosto do Asamura mais velho, vendo todo o divertimento nos olhos mais claros que os seus. Yuuto tinha o que ele chamava de complexo de Pollyana, com aquela mania de achar algo para ficar contente em tudo que acontecia.

Ou não. Ele mesmo jamais havia visto o mais velho com alguém, sua vida toda. Antigamente, quando tinha seus dezoito, dezenove anos, chegara a pensar que Yuuto fosse assexuado. Pensamento ridículo e que logo dera lugar à impressão que seu aniki estava sempre muito triste.

-Nee Aniki... - começou, desviando o olhar para a estampa em sua própria camiseta, recebendo um "Hmm..." como resposta por parte de Yuuto, que voltara a mexer em seu cabelo. - Por que eu nunca vi você com alguém?

-Porque você passa a vida em Tokyo e nunca vem visitar seu velho e cansado irmão? - riu, respondendo de imediato, tentando evitar ter que responder àquela pergunta. Mas ele não conseguiria escapar por muito tempo, e logo Ryuutarou estava sentado, o encarando seriamente. - Porque ninguém nunca se interessou, Tarou. Por isso.

O batetista viu o mais velho dar de ombros e olhar para o outro canto. Mordeu o lábio inferior, abraçando-o e fazendo-o deitar a cabeça em seu ombro.

-Então, seu espantalho acéfalo esmurrador de tambores, - riu com o adjetivo dado ao moreno menor, sabendo que, com toda a certeza do mundo, ele estaria com um bico enorme. - não deixe a chance de ser feliz passar por você. Sabe a história da fortuna?

-Aquela grega, que a fortuna era uma mulher de pés alados e somente uma mecha da frente? O que tem? - o irmão se afastou e deixou um tabefe em sua testa. - Porra Yuuto!

-É a mesma coisa, mula! - rodou os olhos, dando outro tabefe na testa do mais novo. - Não deixe o amor de Ikeuchi-san passar, certo? Você também merece ser feliz, Otouto. Mamãe e Jun'ichi-san gostariam disso.

The way you take my hand is just so sweet
And that crooked smile of yours it knocks me off my feet

Suspirou, parado em frente ao prédio onde Shibuya morava. Olhou para o pequeno embrulho em suas mãos, balançando a cabeça negativamente.

-Jack? - engasgou-se ao ouvir a voz do vocalista da banda atrás de si, virando-se lentamente e sentindo o rosto arder, dando um passo para trás. - Tá tudo bem... você não estava em Kyoto?

-Eu voltei mais cedo, Arata-san. - murmurou, olhando para os próprios pés calçados em coturnos, esfregando a calçada, sentindo-se envergonhado por ter sido pego ali. - Ikeuchi não está em casa, está?

-Jin? Sim, ele está... não quer subir e falar com ele? - Estava esperançoso. Se o líder mau-humorado e cabeça-dura estava ali, era uma boa notícia, certo?

-Não! - arregalou os olhos, olhando para os lados, encolhendo-se um pouco. Estendeu o pacote vermelho, contendo chocolates caseiros, aqueles que Yuuto o obrigara a fazer e que quase causaram a destruição da cozinha do irmão mais velho. - Diz para ele que... bem, o Valentine's já passou mesmo, então só entrega para ele, certo?

Izumi pegou o embrulho cuidadosamente feito, sorrindo gentilmente, como lhe era característico, vendo o líder andar apressado até a moto do outro lado da rua, colocando o capacete e dando partida. Riu, sentindo-se animado e sacando o celular de um de seus bolsos, apertando a tecla de discagem rápida.

Não foram necessarios mais do que dois toques para ser atendido e dizer em voz animada:

-Koi...? Você não vai acreditar no que aconteceu!

I give up. I give in. I let go. Lets begin.
Cuz no matter what I do,
Oh (oh) my heart is filled with you.

 

Notas Finais:

Pollyana: História sobre uma menina pé-no-saco que via alegria em tudo. E por incrível que pareça é considerado uma obra prima da literatura juvenil.
Apanhador no Campo de Centeio é bem melhor. Opinião minha, ne. Eu acho que o Jin entraria no elevador se estivesse com o Jack, não me crucifiquem ¬¬''''

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