segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Capítulo Único

Nota: Presente para uma pessoa muito importante: Nii-chan!! 14 de fevereiro – data auto-explicativa...

Obstinate
Kaline Bogard

- Eu continuaria dizendo para se afastar de mim, Shibuya... - a voz saiu um pouco mais baixa, enquanto se afastava, empurrando-o e correndo para fora da sala de ensaios, atropelando Teruo no meio do caminho, bem como Arata e Takeo, recebendo uma reclamação do ruivo, correndo para as escadas, pouco se importando se cairia.

- - - - - - -


Takeo, Arata e Teruo se entreolharam sem compreender a fuga de Jack. O líder passara por eles como se fugisse de algo!

Nem bem se recuperam e o baixista também saiu do estúdio, com a case nas costas e as mãos no bolso. Passou por eles sem cumprimentar, com um ar pensativo, avoado. Seguiu para as escadas.

– Acho que não teremos ensaio hoje... – Takeo cruzou as mãos atrás da cabeça – Quer dar uma volta por aí, Hayato...?

O moreninho não respondeu. Estava muito preocupado com a situação daqueles dois. Quando iam perceber que estavam apenas se ferindo?

oOo

Jin notou Jack sentado na escada, encolhido contra a parede, com os braços cruzados sobre os joelhos e o rosto escondido. Parou dois degraus acima do baterista, segurando na alça da case de maneira preocupada:

– Eu fiz você chorar, gomen... – respirou fundo – Mas não vou desistir!

Afirmou convicto e desceu as escadas correndo sem esperar resposta ou olhar pra trás. Só diminuiu os passos ao chegar ao saguão do estúdio e passar pela recepção. Ia dar a volta, evitando a entrada principal. Sempre ficavam alguns fãs rondando e ele não queria esbarrar com nenhum.

Assim que se viu livre e em segurança puxou o celular do bolso e começou a digitar freneticamente enquanto caminhava. Mandou um e-mail para Jure, avisando que o plano dela não dera certo. Aparentemente “Eu te amo” não era suficiente para quebrar as barreiras de Jack...

A resposta veio de forma instantânea. “Gomen. São pessoas de verdade.” Essa fora a solução da otaku. Jin parou de caminhar e ficou olhando para a telinha LCD por um bom tempo, ignorando as pessoas que tinham que desviar o caminho.

– Mas que tipo de resposta é essa?

Fez um bico e voltou a digitar rapidamente. Era tão viciado em se comunicar com o celular que sabia de cor onde ficava cada letra, e quantas vezes precisava pressionar as teclas para formar os kanjis.

Tinha que pedir socorro para a amiga. Ela era uma garota e garotas sacavam muito de romance!

Quando o celular vibrou indicando a resposta tratou de ler rapidamente. Não foi bem o que esperava. “Procure Kuro.”. Era tudo que dizia.

Resignado, Jin voltou a caminhar. Talvez Fy o ajudasse...

Enviou um e-mail para ele, digitando apressado no pequeno teclado do celular. A resposta demorou quase dez passadas para chegar. “E eu entendo de yaoi?!!!!”. Shibuya teve que rir. Akira era dessas pessoas que respeitavam a opção sexual dos amigos, mas evitava o assunto como um tabu. Devia estar mesmo desesperado para recorrer a ele.

Será que teria que falar com Kuro...? Ele não queria chegar a tanto, mas...

Então arregalou os olhos enviesados e sorriu bobo. Que idiota era! Podia pedir ajuda a uma pessoa muito especial!! Apertou a tecla de discagem rápida e esperou até ser atendido no terceiro toque:

– Okasa...? Preciso de um conselho...

oOo

Aya ouviu toda a história do filho, suprimindo um suspiro ao final. Ambos haviam se reunido numa casa de chás em Ginza.

– E foi isso. Pensei que a carta ia conquistar o Jack, mas ele jogou fora.

A senhora recostou-se na cadeira e pegou a xícara de chá verde, assoprando-a antes de tomar um gole. Tinha um turbilhão de coisas passando por sua mente. Seu filho resolvera se declarar a alguém. De verdade. Ela nunca pensara que tal dia chegaria, apesar de desejar isso ardentemente.

Podia abraçar Jack, tamanha era sua felicidade. Não por que o integrante da banda dispensara os sentimentos de seu filho, mas por que ele fora especial o bastante para trazer Jin um pouco mais para a realidade, e fazê-lo experimentar sensações que até então só imaginara.

Ela devia ser uma péssima mãe, para se alegrar com isso. Porém sua emoção era tanta, que agradeceu o líder em pensamento.

– Okasa...? – Shibuya chamou, estranhando a distração da mãe.

Aya sorriu e, largando a xícara sobre a mesa, segurou nas mãos do filho:

– Você está muito triste?

– Muito não. – Jin respondeu sem pensar – Decepcionado... as coisas são mais difíceis do que parece...

Aya sorriu em forma de incentivo. Conhecia o filho que tinha. Jin era um poço de obstinação, mesmo que batesse com a cara na parede continuaria tentando atravessá-la, até que se machucasse de alguma forma. E Aya não queria protegê-lo dessas experiências. Afinal, sendo otaku, Jin já perdera muitas experiências comuns a qualquer pessoa normal. Era hora dele tirar o atraso, saber como eram as verdadeiras paixões, as verdadeiras alegrias, assim como as verdadeiras decepções e mágoas. Era a hora de realmente viver.

– Pessoas são complicadas, Jin. Mas você não deve desistir. – Aya também sabia da opção sexual do filho. Sabia desde o que se passara com Kuro. E pra jovem senhora não fazia diferença alguma. Tudo o que importava era que ele fosse feliz.

– Demo... – Shibuya soltou as mãos e misturou o Milkshake de chocolate com o canudinho. – O que tem de complicado em gostar de alguém?

– Como assim? – Aya perguntou.

– Quer dizer... a gente gosta e pronto. Eu amo o Jack e sei que o Jack gosta de mim. Qual a complicação disso?

– Você tem uma forma exclusiva de encarar as coisas. Tente ser empático, entenda pelo lado de Asamura kun...

Shibuya parou de brincar com a bebida e fitou a mãe.

– Tentar pensar como ele? Isso é difícil!

– Hn. Quando você compreender os sentimentos de Jack vai descobrir um jeito de alcançar seu coração.

– Parece frase de manga! – o rapaz sorriu cheio de dentes.

Aya riu. Sentiu o coração se encher com ondas de ternura. Aquele era Jin, afinal. Nunca ficaria muito tempo sem fazer alguma menção ao seu mundo. E, apesar de parecer um mundo inalcançável para a maioria das pessoas, Jack se tornara um ponto de fissura importante. Ele conseguira o que mais ninguém conseguira até então...

– Ganbatte, Jin chan. E enquanto não conseguir entender os sentimentos de Asamura kun, mostre a ele como você é especial. Não tente fazê-lo agir da sua forma.

– Mostrar que eu sou especial?

– Hn. Do mesmo jeito que Jack é especial pra você, mostre que você pode ser especial pra ele. Mas seja sutil...

– Yokatta! – o rapaz sorriu. Aquilo parecia muito mais fácil do que compreender os sentimentos do líder. – Vou mostrar, okasa. Eu vou conquistar o Jack.

Aya apenas sorriu. “Finalmente...”, ela pensou. “Finalmente meu filho vai começar a viver.”

oOo

– Jack, você é especial pra mim. Quero ser especial pra você também!

O líder da banda olhou de Shibuya para o buquê de rosas vermelhas que ele lhe estendia. Franziu as sobrancelhas, subitamente mal humorado:

– Eu tenho cara de abelha por acaso?

Desviou do baixista, ajeitando a mochila nas costas e colocando os fones de ouvido. Dispensar aquelas flores era fácil. Ele realmente não gostava daquilo.

– Ui. – Takeo exclamou do fundo do estúdio, olhando a cena. Arata não disse nada.

Haviam acabado mais um dia de ensaio, quando Jin saíra correndo pra buscar as flores que deixara escondido antes que o líder fosse embora, como fazia naquele momento.

– Eu devia ter comprado orquídeas... – o rapaz murmurou pensativo, vendo a porta se fechar assim que Jack saiu sem se despedir de ninguém.

oOo

– O que é isso? – o baterista estava sentado na cafeteria da gravadora, tomando capuccino num dos raros intervalos.

Aproveitava a paz do momento de solidão, podendo se dar ao luxo de liberar os pensamentos e não precisando se policiar em cada um dos seus atos, quando justamente aquele que tirava o seu sono sentara-se na mesa e lhe estendera uma caixa decorada com um grande laço vermelho.

– São bombons! – o mais velho sorriu.

Jack rolou os olhos:

– Detesto chocolate. – e levantou-se, deixando a xícara inacabada para trás.

Shibuya respirou fundo. Era hora de partir para o plano “C”.

oOo

Asamura estava sozinho no estúdio. Chegara mais cedo que o normal, pois vinha sofrendo de insônia nos últimos dias. Não conseguia dormir direito, sempre que fechava os olhos sua mente era dominada pela imagem do baixista.

Aquele grande idiota!

Porque tinha que ser daquele jeito? Porque tinha que se aproximar de Jack e lentamente quebrar as barreiras erguidas depois de tanto esforço? Tantas lágrimas?

“Merda!”

Logo quando achara que estava protegido, e que seu jeito defensivo, as vezes grosseiro, afastaria quem tentasse se aproximar... Shibuya resolvera conquistá-lo. E estava conseguindo! Conseguia envolvê-lo com aquele jeito distraído, a maneira peculiar de encarar a vida, o sorriso sempre tão bobo e tão fácil...

Ia praguejar quando a porta se abriu e quem menos queria ver passou por ela. A razão do seu tormento sorriu largo ao vê-lo sentado no sofá e veio acomodar-se ao seu lado, sem temer qualquer reação negativa ou hostil.

O líder da P”Saiko franziu as sobrancelhas e se perguntou o que seria daquela vez. Afinal Ikeuchi vinha lhe dando presentes nos últimos tempos. Bombons na semana passada. Flores na semana retrasada.

– Ohayou. – o mais alto cumprimentou.

– Ohayou. – o líder respondeu arisco.

Então Jin abriu a mochila e meteu a mão lá dentro, pescando um manga. Estendeu para o moreno:

– Pra você.

Ryuutarou olhou o livro:

– Não tenho tempo de ler essas coisas.

Jin pareceu horrorizado:

– Que tipo pessoa não tem tempo de ler manga?!

“Uma pessoa normal...?”, foi a resposta que brotou na ponta da língua de Jack e ali ficou. Por que ele não teve coragem de dizer em voz alta algo que sabia que ia magoar o outro de verdade.

Normalmente Asamura nunca se segurava. Não se preocupava em dizer o que pensava, doesse a quem doer. Mas... a perspectiva de ver aqueles olhos castanhos que o fitavam se encher de mágoa o fazia se sentir mal.

Ali estava prova do quanto se sentia apaixonado. Preocupava-se com os sentimentos de Ikeuchi.

Podia até recusar seus presentes e tentar afastá-lo de forma grosseira. Mas jamais o magoaria daquela forma, ferindo-o através de uma de suas grandes paixões.

De mau modo puxou o manga das mãos de Shibuya:

– Domo. – agradeceu quase sem mover os lábios.

Jin ficou tão surpreso que demorou três segundos para sorrir largo. Imaginou que Ryuu fosse recusar a oferta como vinha fazendo até então. Recostou-se no sofá observando a face distraída do baterista. Jack começou a folhear o manga querendo escapar do olhar insistente do mais velho.

Ia resmungar alguma coisa quando mirou as páginas ilustradas do livro. Acabou corando violentamente, arregalando os olhos e entreabrindo os lábios:

– Mas que porra é essa?!

Jin respondeu animado:

– É um manga lemon. Tem cenas ótimas...

– Baka! – Jack levantou-se com um salto e foi se afastando ainda corado, depois de deixar o manga sobre o estofado. Ainda resmungou: – Avisa os outros que fui tomar café...

– Hai, hai.

Shibuya voltou a pegar o manga. O que fizera de errado dessa vez? Tinha escolhido um tema homossexual, em que os protagonistas se amavam muito e ficavam juntos no final. Era uma história perfeita, onde o sexo viera como complemento.

Fosse qual fosse o motivo, as coisas estavam ficando bem complicadas. Não conseguia pensar na situação pelo ponto de vista do baterista. E não conseguia fazê-lo aceitar os sentimentos profundos que guardava no coração.

Suspirando, pegou o celular. Certo. Os conselhos de Jure e de okasa haviam falhado. Mas ele não desistiria do amor que sentia, não desistiria de Jack.

“Tasukete.”, digitou rápido no aparelho. A resposta veio imediata e objetiva. “Ie.”.

Jin olhou o kanji por alguns segundos.

Ele acreditava que sentia algo forte e verdadeiro. E era tão bonito, tão simples! Porque então não conseguia convencer o líder da banda a dar uma chance a ambos? A chance para serem felizes?

Ele achou que estava fazendo tudo errado. E pra fazer as coisas certas precisava do apoio de alguém tão obstinado quanto ele. Alguém que guardava no coração um amor igualmente forte. Capaz de qualquer coisa para ser concretizado.

Então o baixista respirou fundo. Ia atrás do conselho de alguém experiente, um dos seus mais importantes amigos. Faria isso, pois não agüentava mais. Podia fingir que não se abalava, mas cada rejeição deixava uma marca em sua alma. E doía...

Ao invés de enviar um novo e-mail, discou para um numero de celular. Foi atendido no primeiro toque, como se fosse esperado:

– Onegai. – murmurou.

Por Jack. Resolveu mudar de estratégia e partir para o plano “D”.

– Kuro san...

Era hora de fazer um pacto com o demônio. Se aquilo não funcionasse, Ikeuchi Jin respeitaria a posição defensiva de Asamura e manteria o amor platônico em seu coração. Mas somente depois daquela cartada desesperada.

Fim

 

o.o

E o Oscar de “Pior Final” vai para...

*sons de tambores rufando*

KALINE BOGARD! Vencedora do Prêmio pela 1000000000 fanfic consecutiva!
Huahuahuahauahuahauahuahuah

NOTA: Não foi betada. E digitada graças a um nível não recomendado de maguaça. Gente, é carnaval! Mereço um desconto, puxa!!

Essa fic é uma trilogia com “Sorrow” e “Underneath it All”

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